qua, 15 de janeiro de 2025

Zootecnista que matou filhos em Rio Preto é condenado a 80 anos de prisão

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Crime ocorreu em 2016, após a mulher pedir o fim do casamento

O Tribunal do Júri condenou no final da tarde desta sexta-feira, 8, o zootecnista Hugo Imaizumi, 47 anos, a 80 anos de prisão pela morte dos dois filhos em 2016. A condenação foi por homicídio triplamente qualificado – motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas. O crime teria sido cometido para atingir a mulher, que pedia o fim do casamento. O autor tentou se matar, mas recebeu socorro médico antes. Ele está preso desde então.

A sentença proferida pela juíza da 5ª Vara Criminal, Gláucia Véspoli dos Santos Ramos de Oliveira, ocorreu após oito horas de julgamento. Dos sete jurados, todos homens, cinco votaram pela condenação do réu à pena máxima. Dois entenderam que a pena poderia ser menor.

Hugo está preso na Penitenciária de Tremembé, mas foi trazido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Rio Preto, no início da semana, para participar da audiência.

Durante o interrogatório, Hugo negou ter filmado a morte dos filhos por vingança. Ele alegou ter feito as imagens para evitar que a ex-mulher fosse acusada do crime. As crianças tinham 3 e 4 anos na data do crime.

Em depoimento no julgamento, Hugo alegou que a motivação foi a descoberta de uma suposta traição da esposa e o medo de ser impedido de ver os filhos após o fim do casamento.

“No sábado ela foi numa festa (…). Ela disse que queria a separação e iria tirar os filhos de mim. Imaginei que ela iria levar os filhos embora. Vi a família desestruturada. Foi quando resolvi atentar contra minha vida. Num momento, eu pensei: meus filhos vão crescer sabendo que eu era suicida. Foi quando resolvi levá-los comigo”, disse o zootecnista.

Ao final do depoimento, Hugo falou estar arrependido de tudo o que fez contra os filhos e disse que se fosse hoje tentaria uma outra saída para o fim do casamento.

Os advogados Diego Carretero e Priscila Furlaneto, assistentes de acusação contratados pela mãe das duas crianças, dizem que o depoimento do zootecnista tentou distorcer os fatos, para jogar a responsabilidade de seu crime nas costas da cliente, que ainda sofre com a perda dos filhos.

A ex-mulher do zootecnista chegou a postar, em stories do Instagram, mensagens com pedido de justiça pela morte de seus dois filhos. Ela não acompanhou o julgamento por alegar não ter condições emocionais de presenciar o depoimento do ex-marido.

O promotor Evandro Ornelas Leal disse que considerou a sentença justa. “Meu entendimento era de aplicar a pena máxima. Nada a corrigir na sentença. Perfeita a Justiça.”

Advogada de defesa, Fernanda Soares Vieira de Araújo disse que vai avaliar a decisão. “Vamos analisar a sentença e a possibilidade de entrar com recurso no Tribunal de Justiça de São Paulo.”

Júri foi adiado duas vezes

“Espero nunca mais ter que julgar um crime assim”. Essas foram as palavras da juíza Gláucia Véspoli dos Santos Ramos de Oliveira, da 5ª Vara Criminal, ao proferir a sentença.

O júri já havia sido adiado por duas vezes, em dezembro do ano passado e em março deste ano, mediante apresentação de atestado médico do advogado André Luíz Marcondes de Araújo, que representava o réu.

Desta vez, para evitar novo adiamento, a magistrada destituiu o advogado e nomeou a Defensoria Pública para atuar no processo.

Gláucia ainda oficiou a Polícia Civil para instauração de inquérito que apure falsificação de documento, após identificar divergências entre as assinaturas dos dois atestados apresentado s por Araújo, emitidos supostamente por uma mesma médica.

Marco Antonio dos Santos – diarioweb.com.br