Votuporanga registra subtipo de dengue que estaria fora de SP há 15 anos, aponta CNN Brasil

Votuporanga confirmou quatro casos do sorotipo 3, que causa sintomas mais graves; Secretaria de Saúde do município diz que 98 casos seguem em investigação

A cidade de Votuporanga, no noroeste paulista, registrou quatro casos de um subtipo da dengue que estaria desaparecida do estado há 15 anos.

O sorotipo 3, também chamado de DENV3, que causa sintomas mais graves do que os subtipos 1 e o 2, foi identificado em pacientes do sexo feminino com idades de 5, 31, 34 e 46 anos. As contaminações foram confirmadas pela Secretaria de Saúde do município. “O primeiro [caso] foi detectado em uma mulher, de 34 anos, que chamou a atenção por conta da intensidade dos sintomas clássicos da doença como febre, vômito, dor e manchas vermelhas pelo corpo, além de sangramento nasal e pela urina”, afirmou a pasta em nota.

“Todos os casos pertencem ao mesmo território, localizado em um bairro da região sul da cidade. As quatro pessoas estão em casa e passam bem. Além das ações de bloqueio a Secretaria da Saúde também realizou pulverização”, completa a secretaria.

De acordo com o último boletim divulgado pela Secretaria, a cidade contabilizava 876 casos de dengue confirmados e 98 seguem em investigação. “É um trabalho de todos, um dever de cada cidadão, manter seus quintais e terrenos limpos, livres de objetos que possam acumular água”, reforçou a secretária municipal de Saúde, Ivonete Félix.

Questionada pela CNN, a Secretaria Estadual de Saúde informou que monitora os casos e que novas medidas para combater a contaminação serão discutidos na próxima semana.

“No dia 27 de novembro, especialistas em saúde estarão reunidos em São Paulo para discutir o cenário epidemiológico e o uso de novas tecnologias capazes de combater as arboviroses, que são doenças causadas por vírus transmitidos por mosquitos”, disse a secretaria estadual.

Sorotipo no Brasil

Em maio deste ano, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgou um estudo em que foi anunciada a identificação do sorotipo 3 do vírus da dengue no Brasil depois de 15 anos. Quatro casos foram notificados em Roraima, na região norte, e no Paraná, no sul do país.

“Nesse estudo, fizemos a caracterização genética dos casos de infecção pelo sorotipo 3 do vírus dengue. É um indicativo de que poderemos voltar a ter, talvez não agora, mas nos próximos meses ou anos, epidemias causadas por esse sorotipo”, explicou o virologista Felipe Naveca, chefe do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes e Negligenciados da Fiocruz Amazônia e pesquisador do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do IOC/Fiocruz, na ocasião.

Segundo Naveca, as análises indicaram que a linhagem detectada foi introduzida nas Américas a partir da Ásia, no período entre 2018 e 2020, provavelmente no Caribe.

“A linhagem que detectamos do sorotipo 3 não é a mesma que já circulou nas Américas e causou epidemias no Brasil no começo dos anos 2000. Nossos resultados mostraram que houve uma nova introdução do genótipo III do sorotipo 3 do vírus da dengue nas Américas, proveniente da Ásia. Essa linhagem está circulando na América Central e recentemente também infectou pessoas nos Estados Unidos. Agora, identificamos que chegou ao Brasil”, relatou.

Dos quatro casos analisados, três eram referentes a casos autóctones de Roraima, ou seja, correspondem a pacientes que se infectaram no estado e não tinham histórico de viagem. Já o caso no Paraná foi importado, diagnosticado em uma pessoa vinda do Suriname.

De acordo com a Fiocruz, o vírus da dengue possui quatro sorotipos. A infecção por um deles gera imunidade contra o mesmo sorotipo, mas é possível contrair dengue novamente se houver contato com um sorotipo diferente.

O risco de uma epidemia com o retorno do sorotipo 3 ocorre por causa da baixa imunidade da população, uma vez que poucas pessoas contraíram esse vírus desde as últimas epidemias registradas no começo dos anos 2000. Existe ainda o perigo da dengue grave, que ocorre com mais frequência em pessoas que já tiveram a doença e são infectadas novamente, por outro sorotipo.

Renato Pereirada CNN

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