Para Murilo Basi (PSL), a “linguagem neutra” é uma pauta ideológica de alguns grupos políticos; parlamentar diz que não vê “previsão constitucional” para que isso seja admitido em sala de aula.
O vereador Murilo Basi (PSL) protocolou, na Câmara de Santa Fé do Sul, um projeto de lei que proíbe “linguagem neutra” na grade curricular e no material didático de instituições de ensino públicas ou privadas, assim como em editais de concursos públicos, do município.
O projeto propõe garantir aos estudantes da cidade o “direito ao aprendizado da Língua Portuguesa de acordo com as normas e orientações legais de ensino”.
Com a proposta aprovada, ficariam acarretadas sanções administrativas às instituições de ensino público e privado e aos profissionais de educação que ensinarem o que o parlamentar se refere como “conteúdos adversos” aos estudantes, “prejudicando direta ou indiretamente seu aprendizado à Língua Portuguesa culta”.
De acordo com Basi, é “inadmissível” que a língua portuguesa seja “instrumentalizada para fins de subversões ideológicas”. “A linguagem neutra é uma pauta ideológica de alguns grupos políticos, e não vejo previsão constitucional para que isso seja admitido em sala de aula. Esse tipo de orientação pedagógica acaba por prejudicar as nossas crianças e estudantes”, afirmou o vereador.
Ainda no projeto, ele propõe que as secretarias responsáveis pelo ensino básico e superior do município deverão empreender todos os meios necessários para valorização da Língua Portuguesa culta.
Pronomes neutros
Os pronomes neutros (não-binários) da língua portuguesa são aqueles que se distinguem do feminino e do masculino. O objetivo, segundo o psicólogo rio-pretense e militante da causa LGBTQIA+ Alexandre Felipe de Oliveira, é enfrentar todas as formas de discriminação e segregação e combater a desigualdade.
Nos últimos tempos, o uso de pronomes e adjetivos neutros vem ganhando força e voz entre usuários das redes sociais e também fora do universo online. Para Pâmela Berton Costa, doutoranda em Estudos Linguísticos da Unesp de Rio Preto, não tem como falar de pronome neutro e linguagem não sexista sem pensar na questão das pessoas não-binárias (as que não se identificam nem com o gênero masculino, nem com o feminino), transexuais, intersexo, entre outros.
Para a doutoranda, o uso do pronome neutro ajuda a respeitar o fato de uma pessoa não se identificar com o gênero que está vendo, mesmo que apresente características biológicas dele. Outra questão ainda mais complexa, segundo Pâmela, é a das pessoas intersexuais, aquelas que nascem com características biológicas masculinas e femininas.
Diário da Região