Uma semana após explosão em Beirute, manifestantes voltam às ruas do Líbano em novos protestos contra o governo

Megaexplosão em Beirute reacendeu movimentos contra a classe política libanesa, o que culminou na queda do primeiro-ministro. Houve confronto entre manifestantes e policiais.

Beirute, capital do Líbano, viveu nesta terça-feira (11) mais um dia de protestos contra o governo após uma megaexplosão que deixou dezenas de mortos e culminou na renúncia do primeiro-ministro Hassan Diab.

Manifestantes fizeram barricadas e houve confronto com policiais, que formaram barreiras nas ruas de Beirute para evitar que o grupo voltasse a avançar sobre o Parlamento libanês, como ocorreu em outros protestos desta semana.

Os protestos ocorrem na data que marca uma semana desde a megaexplosão no porto de Beirute, que reativou os protestos contra a classe política e a crise econômica vivida pelo Líbano — no ano passado, uma série de manifestações no país levou à queda do então premiê, Saad Hariri, antecessor de Diab.

Mais cedo nesta terça, milhares de pessoas marcharam perto do porto destruído pela explosão. Eles fizeram um minuto de silêncio no momento exato que marcou uma semana do incidente. Igrejas e mesquitas — templo das duas religiões mais numerosas no Líbano — convidaram as pessoas a orarem pelas vítimas.

A megaexplosão preocupa tanto pela destruição de casas e apartamentos nos arredores do porto quanto pelos impactos econômicos de um porto bastante atingido. Silos considerados importantes para a distribuição de grãos no Oriente Médio e pelo Mediterrâneo foram parcialmente pulverizados — a estrutura ficava ao lado do armazém que explodiu.

A força da explosão foi tão grande que o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês), indicou que a intensidade foi a de um terremoto de magnitude 3,3. O incidente abriu uma cratera de 43 metros de profundidade.

Como ainda há desaparecidos e feridos pela explosão, o número de mortos é incerto — fontes oficiais do governo falam em 171 vítimas, enquanto a Agência da ONU para Refugiados e a BBC estimam mais de 200 mortes.

De acordo com a agência Reuters, o governo libanês foi alertado em julho sobre o risco de uma explosão. Um documento feito por inspetores com o alerta chegou às mãos do premiê Diab e do presidente, Michel Aoun, que também é alvo dos protestos.

Mudança difícil

Mesmo com as manifestações cada vez mais aguerridas por uma mudança profunda na classe política, dificilmente o Líbano chegará a um governo formado por novos grupos políticos. Isso ocorre pelas seguintes razões:

  1. Sistema sectário — como os cargos eletivos no Líbano são divididos de acordo com as religiões majoritárias no país (metade do Parlamento fica com cristãos e a outra metade, com muçulmanos), as coalizões se associam de tal forma que dá pouca margem para o surgimento de novas forças políticas.
  2. Sem eleições à vista — Diab pretendia organizar novas eleições parlamentares para implementar reformas, mas a renúncia do gabinete deixa em suspenso a ideia de um pleito para redesenhar o Parlamento.

Diab assumiu com a promessa de um governo técnico para atacar o pesadelo econômico vivido pelo Líbano, o pior desde a Guerra Civil (1975-1990). Ele não conseguiu, porém, se esquivar das exigências da classe política, que inclui o movimento xiita Hezbollah como um dos principais partidos governistas.

O Hezbollah – do árabe “Partido de Deus” – é uma facção sediada no Líbano formada por militantes radicais da minoria xiita no país. Apoiado pelo Irã, o grupo nasceu na década de 1980 para enfrentar tropas de Israel que ocupavam o território libanês.

Nas décadas de 1990 e 2000, o grupo se fortaleceu fora das ofensivas armadas e intensificou a participação na política libanesa. O braço político do Hezbollah vem conquistando cadeiras no Parlamento do Líbano – chegando, inclusive, a fazer parte do governo.

FONTE: Informações | g1.globo.com

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