qua, 05 de fevereiro de 2025

Um em cada quatro municípios paulistas está em epidemia de dengue

Em São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), quatro pessoas morreram em decorrência da doença.

Um em cada quatro municípios paulistas está em epidemia de dengue. É o que mostra o Painel de Arboviroses da SES (Secretaria Estadual da Saúde).

De 1º de janeiro até o meio-dia desta terça-feira (4), o estado de São Paulo totalizou 58.695 casos confirmados de dengue. No período, 27 pessoas morreram, e 64.794 casos e 177 óbitos estão em investigação.

De acordo com a pasta, 51 cidades estão com decreto de emergência por dengue ativos e 161 já vivem epidemia (24,9%).

Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) e o Ministério da Saúde, considera-se epidemia quando a incidência ultrapassa a casa de 300 casos por 100 mil habitantes.

O coeficiente de incidência é um critério do Ministério da Saúde para a classificação da doença em relação à população. Para chegar a ele, basta multiplicar por 100 mil o número de casos novos e dividir pelo total da população na área em questão. O indicador mostra o risco de os moradores ficarem doentes e a probabilidade de novas ocorrências.

Santa Salete (a 601 km da capital paulista) tem o coeficiente de incidência mais alto. São 6.117,50 casos por 100 mil habitantes. Santana da Ponte Pensa (5.804,91), Turmalina (5.609,76) e Glicério (5.166,50) aparecem em seguida.

Em São José do Rio Preto (a 438 km de São Paulo), quatro pessoas morreram em decorrência da doença. O município confirmou 5.651 casos –incidência de 1.164,30.

Na capital, a incidência ainda é baixa -24,8 por 100 mil habitantes- segundo o painel da SES. A cidade de São Paulo soma 2.835 casos confirmados de dengue. Outros 664 casos e dez mortes estão em investigação.

Hoje, no estado, circulam os sorotipos 1, 2 e 3 do vírus da dengue. Predominam os tipos 1 e 2.

Para David Uip, diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or e ex-secretário estadual da Saúde de São Paulo, o cenário não é otimista e 2025 será um ano de números altos, a exemplo do que ocorreu em 2024.

“No ano passado, aquilo que era sazonal virou uma doença de ano inteiro. E não tem como ser diferente. Se persistir o sorotipo, você vai ter uma população já imunizada”, diz.

O vírus da dengue possui quatro sorotipos. Quando um indivíduo é infectado por um deles adquire imunidade contra aquele, mas ainda fica suscetível aos demais. Contra o sorotipo 3, menos comum, a maior parte da população ainda não tem imunidade.

“Na segunda vez que você pega a doença, há 10% de chance maior de ter dengue grave. No 3 já não é tão grave quanto da segunda vez. E a vacina protege mais contra o 1 e o 2. Para você fazer uma pesquisa envolvendo os quatro sorotipos, você tem que ter epidemia dos quatro. Por isso que a pesquisa da vacina muitas vezes é longa, especialmente se você quiser uma vacina que faça prevenção de todos os sorotipos.”

Ainda não há vacina disponível em massa para toda a população. Hoje, apenas a faixa etária entre 10 e 14 pode se vacinar com a Qdenga, da farmacêutica Takeda.

O Instituto Butantan produziu uma vacina que ainda está sob avaliação da Anvisa. Se aprovada, a Butantan-DV será a primeira vacina do mundo em dose única contra a doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. A expectativa é a de que isso favoreça a imunização da população, já que no esquema hoje existente, de duas doses, muitas pessoas acabam não retornando para tomar o reforço.

A dengue é uma arbovirose transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, que se reproduz em água parada. Calor e chuva formam o cenário perfeito para ele se proliferar. Por isso, o pico da doença se estende até meados de abril. Além das três instâncias de governo, a população precisa ficar atenta.

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