qua, 16 de abril de 2025

Trump diz querer Brasil como aliado na Otan, organização militar de defesa

Presidente dos Estados Unidos e o presidente Jair Bolsonaro deram declaração à imprensa após encontro e almoço na Casa Branca, em Washington.

No início da tarde desta terça-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que quer o Brasil na Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), organização militar comum de defesa, com 28 países-membros.

Trump e Bolsonaro deram declaração à imprensa após encontro e almoço na Casa Branca, em Washington. “- Como disse tenho a intenção de designar o Brasil como um aliado fora da Otan especial e até um aliado dentro da Otan, isso poderia melhorar nossa cooperação. Nossas nações estão trabalhando juntas para proteger o povo do terrorismo do crime transnacional e do tráfico de drogas, armas e pessoas, algo que é prioridade”, disse Trump.

Otan

O Brasil como aliado da Otan surgiu no contexto da situação da Venezuela e possível intervenção militar ao regime de Nicolás Maduro. Ao ser questionado sobre apoio a uma intervenção militar na Venezuela, Bolsonaro disse que o Brasil está disposto ao “que for possível fazer para solucionar o problema da ditadura”.

“- Discutimos a possibilidade de o Brasil entrar como grande aliado extra Otan. Há pouco, permitimos que alimentos fossem alocados em Boa Vista, capital de Roraima, por parte dos americanos, para que a ajuda fizesse presente. No momento, estamos nesse ponto. O que for possível fazermos juntos para solucionar o problema da ditadura da Venezuela, o Brasil estará a postos para cumprir essa missão para levar liberdade e democracia ao país”, afirmou Bolsonaro.

Nesse mesmo contexto, Trump defendeu que integrantes dos setores militares da Venezuela suspendam apoio a Nicolás Maduro. Ele também defendeu o fim do socialismo no continente americano.

“- Pedimos aos integrantes dos setores militares da Venezuela que suspendam o apoio a Maduro, que não é nada além de uma marionete de Cuba. Os Estados Unidos e o Brasil estão em apoio ao povo cubano, que sofre, e ao povo da Nicarágua. Chegou a hora final do socialismo no nosso hemisfério. A última coisa que queremos nos Estados Unidos é o socialismo”, disse Donald Trump.

Bolsonaro defendeu o discurso de Donald Trump e disse que as pessoas que acreditam no socialismo estão “abrindo a mente para a realidade”.

“- Acredito piamente na reeleição de Donald Trump. […] A cada dia que passa, essas pessoas mais voltadas ao socialismo e ao comunismo vão abrindo a mente para a realidade. A fronteira da Venezuela com o Brasil foi fechada não para os brasileiros que apoiam o socialismo, mas para os venezuelanos que apoiam a democracia não entrassem no Brasil”, afirmou o presidente brasileiro.

Na Casa Branca

O presidente brasileiro chegou à Casa Branca às 13h04 e foi recebido por Trump na entrada do prédio. Logo em seguida, os dois presidentes falaram rapidamente com a imprensa no Salão Oval, antes da reunião e do almoço.

Bolsonaro chegou aos Estados Unidos no último domingo (17) para sua primeira visita oficial ao país, a segunda viagem internacional de seu mandato. O presidente se hospedou na Blair House, residência que o governo norte-americano reserva para chefes de Estado em visitas oficiais.

Venezuela

Durante a entrevista coletiva na Casa Branca, Donald Trump foi questionado se os EUA avaliam a possibilidade de organizar uma intervenção militar na Venezuela.

Como em outros pronunciamentos, Trump disse que “todas as opções estão abertas”. Segundo o presidente norte-americano, é preciso “ver o que acontece” na Venezuela antes de tomar uma decisão.

“- Isso que está acontecendo é uma desgraça. Estamos falando de um dos países mais ricos da América Latina”, disse Trump sobre a Venezuela.

Brasil e EUA não reconhecem o governo de Nicolás Maduro e consideram o líder opositor Juan Guaidó como presidente interino do país. Pouco antes da fala de Trump, Bolsonaro havia sido questionado se o Brasil apoiaria uma eventual intervenção por parte dos EUA.

Bolsonaro, então, respondeu: “- Certas questões, se você divulgar, deixam de ser estratégicas. Essas questões são observadas e podem ser discutidas, se não já não foram, mas não podem se tornar públicas, obviamente”.

Segundo o presidente, tudo o que foi tratado na reunião entre ele e Trump será “honrado”. “- Restabelecimento da democracia na Venezuela é de interesse comum dos nossos governos”, afirmou Bolsonaro.

Ontem (18), em discurso no “Dia do Brasil em Washington”, na Câmara de Comércio dos Estados Unidos, Bolsonaro mencionou a capacidade econômica e bélica dos Estados Unidos ao defender que a “questão da Venezuela” seja resolvida.

Brasil na OCDE

No início do encontro na Casa branca, nesta terça, Trump disse que apoia o ingresso do Brasil na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).

“- Eu estou apoiando os esforços deles (brasileiros) para entrar (na OCDE)”, disse Trump, ao lado de Bolsonaro. Ele não deu mais detalhes sobre o assunto. Mais cedo, Bolsonaro se reuniu com Luis Almagro, secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos).

A OCDE atua como uma organização para cooperação e discussão de políticas públicas e econômicas que devem guiar os países que dela fazem parte. Para entrar no acordo, são necessárias a implementação de uma série de medidas econômicas liberais, como o controle inflacionário e fiscal. Em troca, o país ganha um “selo” de investimento que pode atrair investidores ao redor do globo.

Após a reunião com Trump na Casa Branca, Bolsonaro fez uma visita ao Cemitério Nacional de Arlington, com passagem pelo Túmulo do Soldado Desconhecido.

De acordo com a agenda oficial do presidente, após a passagem por Arlington, Bolsonaro vai conceder uma entrevista à emissora americana CBN e em seguida, vai se encontrar com lideranças religiosas.

No início da noite está previsto um jantar de trabalho. Bolsonaro deve embarcar de volta para Brasília às 23h.

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