Em uma série de tuítes, o presidente americano disse que sustou operação dez minutos antes do início.
Na manhã desta sexta-feira (21), em uma série de tuítes o presidente americano, Donald Trump, confirmou que suspendeu o ataque em retaliação à derrubada de um drone de espionagem americano pelo Irã dez minutos antes de seu início. Segundo disse, ele fez isso por considerar que resposta teria sido “desproporcional”. Segundo Trump, a estimativa dos militares americanos era de que 150 pessoas perderiam suas vidas nos bombardeios. O ocupante da Casa Branca também declarou que os Estados Unidos aplicaram novas sanções contra Teerã, mas não disse quais seriam.
“Na segunda-feira, eles derrubaram um drone não tripulado que sobrevoava águas internacionais. Nós estávamos armados e prontos para retaliar na noite passada em três frentes diferentes quando eu perguntei quantos morreriam. ‘Cento e cinquenta pessoas, senhor’, respondeu um general. Dez minutos antes, eu parei o ataque, desproporcional ao abate de um drone não tripulado”, disse o americano.
“Eu não tenho pressa, nossas Forças Armadas foram reconstruídas, estão novas e prontas, de longe as melhores do mundo. As sanções já são penetrantes e outras foram aplicadas nesta noite. O Irã nunca poderá ter armas nucleares, não contra os Estados Unidos e contra o mundo!”, completou.
O Irã afirma que a derrubada do drone foi um ato de defesa, já que o equipamento teria invadido o seu espaço aéreo. Pouco antes dos comentários de Trump, o governo iraniano divulgou imagens do que afirma serem destroços do drone e disse que o aparelho foi advertido duas vezes antes do abate. Informou ainda que se se absteve de derrubar outro avião militar americano, com 35 tripulantes, que teria invadido o seu espaço aéreo junto com o drone.
LOCAL DO ABATE
O Irã afirma que o drone invadiu seu espaço aéreo perto de Kuhmobarak, na província de Hormozgan. Os EUA dizem que a aeronave estava em espaço aéreo internacional.
Nos tuítes desta manhã, Trump também criticou o acordo nuclear de 2015, assinado por seu antecessor Barack Obama, em que o Irã se comprometeu a limitar seu programa nuclear em troca do alívio das sanções internacionais de que era alvo.
Em maio do ano passado, Trump anunciou que sairia do tratado e voltou a impor sanções econômicas ao país persa. Com as sanções, as exportações de petróleo iranianas foram reduzidas ao mínimo, e o país deixou de colher os benefícios econômicos que esperava quando abriu mão de produzir armas nucleares.
“O presidente Obama fez um acordo desesperado e terrível com o Irã — dando-lhes US$ 150 bilhões mais US$ 1,8 bilhão em espécie! O Irã estava enfrentando grandes problemas e deu calote, abrindo um caminho livre para armas nucleares — e em breve. Ao invés de dizer muito obrigado, eles gritaram ‘Morte à América'”, tuitou. “Eu saí do acordo, que não tinha sequer sido ratificado pelo Congresso, e impus fortes sanções. Eles são uma nação muito mais fraca hoje do que eram no início da minha Presidência, quando estavam causando grandes problemas no Oriente Médio”, completou.
O ataque da quinta-feira — madrugada desta sexta no Irã — estava em andamento, com aviões militares no ar e navios posicionados, quando foi cancelado pelo presidente americano, disse o New York Times.
A reviravolta, lembrou o jornal, interrompeu o que teria sido a terceira ação militar de Trump no Oriente Médio, que bombardeou duas vezes alvos na Síria, em 2017 e 2018. A diferença, segundo analistas, é que, enquanto a Síria é um país devastado pela guerra civil de oito anos, sem capacidade de reação, o Irã é um dos países mais populosos e com um dos maiores contingentes militares no Oriente Médio, calculado em 500 mil homens.