qui, 16 de janeiro de 2025

Terror em Araçatuba: moradores relembram ataque a bancos que deixou mortos e feridos há um ano

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Crime registrado no dia 30 de agosto de 2021 deixou três mortos e cinco feridos; Polícia Federal investiga o caso e prendeu 43 pessoas em diversas fases de operação.

Os barulhos dos tiros e bombas ressoam há um ano na memória dos moradores de Araçatuba (SP).

A madrugada de 30 de agosto de 2021 foi uma das mais violentas da história da cidade, quando uma quadrilha armada atacou três agências bancárias. Dois moradores morreram na ação.

Pessoas que estavam nas ruas foram reféns dos criminosos, que até as usaram como “escudo humano”. Uma delas foi Eduardo Loiola, que foi rendido logo depois de sair de uma farmácia com a esposa e a filha recém-nascida (veja o vídeo acima).

Ele foi colocado no teto de uma caminhonete e foi atingido por três tiros. Por isso, perdeu parte do movimento da mão e precisou passar por cirurgia. Mas além da sequela, Eduardo enfrenta o trauma psicológico.

“Até esses tempos atrás eu estava dormindo e vem na minha cabeça a mesma coisa. Está difícil. Um ano se passou e já passei por psicólogo”, diz.

“Um dia saí com minha esposa aqui pertinho de casa. Estava estourando rojão e eu já fiquei mal. Ela levantou e quis ir embora. A polícia também estava passando, como é de costume, então veio toda a cena.” Os advogados Heloísa e Luiz Pancotti acompanharam toda a ação da janela do apartamento onde moram. Eles ficaram agachados no chão da sala até que os tiros parassem. Hoje afirmam que sentem angústia quando relembram do caso.

“A gente não vai a noite na praça. Na primeira semana do mês a gente tem mais medo ainda por causa do pagamento de aposentados. Para a gente mudou muita coisa. É uma insegurança muito grande”, conta Heloísa.

“Muita gente que estava passando por aqui foi implicada, morreu. Nosso medo é que uma ação como essa possa se repetir e a gente acabar sendo vítima como as outras pessoas que por acaso estavam ali.”

Segundo Luiz, a região onde o crime ocorreu é o caminho para o escritório deles. Por isso, facilmente conseguem relembrar o ataque.

“Até hoje a gente guarda lembrança. Se a gente passa no Centro ainda vê as avarias, as marcas de balas. Toda vez que a gente passa na esquina onde tinha bomba, que é nosso caminho para o escritório, a gente lembra. Não é uma coisa que a gente vai esquecer. Pode diminuir, mas não vai esquecer”, afirma Luiz.

Na ocasião, os criminosos espalharam bombas com sensor de movimento e um jovem de 26 anos teve os dois pés amputados após ser atingido por uma explosão. Mas além dele, três pessoas morreram no dia do crime.

Uma das vítimas foi um dos criminosos, que morreu durante a troca de tiros com a polícia. As outras eram moradoras de Araçatuba.

O comerciante Renato Bortolucci, de 38 anos, não resistiu depois que foi baleado na rua Luiz Pereira Barreto. A polícia acredita que ele filmava a ação quando foi atingido.

Já o personal trainer Marcio Victor Possa da Silva, de 34 anos, foi feito de “escudo humano” e morreu depois de ser baleado.

“A gente tem que ser forte. Já vi tanta coisa na polícia, mas quando é com a gente é diferente. A gente aceita, mas volta e meia tem os detalhes que a gente relembra”, conta Genival José da Silva, investigador aposentado e pai do personal trainer morto no crime.

Há um ano, o Centro de Araçatuba parecia cenário de guerra. O crime deixou marcas na cidade, mas também na memória dos moradores, mas principalmente para quem participou do episódio.

Como foi o ataque

Os alvos da quadrilha fortemente armada foram agências bancárias que ficam no Centro da cidade, na madrugada do dia 30 de agosto.

A do Banco do Brasil funciona como uma tesouraria regional e os criminosos tiveram acesso ao cofre. Na Caixa Econômica Federal, os caixas eletrônicos foram atacados. Uma terceira agência teve apenas os vidros atingidos por tiros. O valor levado não foi informado.

Durante a ação, a quadrilha ateou fogo em veículos para dificultar a chegada da polícia, rendeu moradores e os usou como “escudo humano”. Vídeos mostram alguns moradores andando pelas ruas sob a mira das armas dos criminosos e outros sobre os carros durante a fuga. O grupo criminoso espalhou quase 100 bombas pela cidade, que eram acionadas por sensor e celular. O Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate) foi acionado e levou mais de 30 horas para desativar os explosivos.

Dois moradores morreram, além de um criminoso. Outras cinco pessoas ficaram feridas. A ação durou duas horas, entre ataque às agências, tiroteio e fuga.

A Polícia Federal é responsável pela investigação do caso. De acordo com a última atualização do caso, desde o início da operação 43 investigados foram presos e cumpridos 95 mandados de busca e apreensão.

Veja o resumo do crime: