Especialista explica que desmatamento e modelo agrícola praticado no Noroeste Paulista contribuem para formação de tempestades de areia
A região voltou a ser atingida por uma tempestade de areia na tarde desta sexta-feira, dia 1° de outubro. Moradores de Fernandópolis, Votuporanga, Ilha Solteira, Monte Aprazível, Santa Adélia e Pindorama relataram que uma extensa nuvem de poeira transformou o dia e noite nas respectivas cidades. No domingo, 26, Jales e Barretos já haviam passado pela mesma situação.
O fenômeno é comum em países da Ásia, onde é conhecido como “haboob”, mas com a estiagem prolongada e os ventos fortes as tempestades estão se tornando comum na região noroeste do Estado de São Paulo. Ele é causado por temporais de chuva com ventos fortes que, ao entrarem em contato com o solo seco, encontram resquícios de queimada, poeira e vegetação, os quais acabam criando um “rolo compressor” de sujeira que pode chegar a até 10 quilômetros de altura.
Segundo o coordenador do Laboratório de Análise e Processamento de Imagens de Satélites da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Humberto Barbosa, o desmatamento e o modelo agrícola praticado na região contribuem para a formação de tempestades de areia na região de Rio Preto. “O Noroeste de São Paulo tem um solo seco. É um solo que já vem sofrendo com altas temperaturas o que contribui para formação das tempestades de areia”, explicou.
O pesquisador aponta que com a monocultura da cana-de-açúcar, o solo fica mais arenoso, contribuindo para que ventos fortes provoquem as tempestades de areia. Além disso, a região de Rio Preto aparece como a que possui um dos menores índices florestais do Estado. “Isso mostra que o solo também interfere na atmosfera”, afirmou Barbosa.
Como se forma uma nuvem de poeira (Editoria de Arte/César Belisario)
(Com Estadão Conteúdo)
Rone Carvalho – diarioweb.com.br