qua, 15 de janeiro de 2025

Surto de Covid-19 suspende aulas em 11 escolas municipais de Rio Preto

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Menos de duas semanas após o retorno das aulas presenciais, 11 escolas municipais de Rio Preto tiveram de afastar alunos de 17 classes pela suspeita ou confirmação de casos de Covid

Até esta segunda-feira, 14, pelo menos 17 salas de aula, de 11 escolas municipais de Rio Preto, estão em quarentena de duas semanas por conta de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19 entre crianças, professores ou funcionários. Em uma delas, localizada no bairro São Jorge, há quatro turmas em isolamento, recebendo aulas remotas. Embora a Secretaria de Educação informe que tem protocolos bem estabelecidos sobre procedimentos a serem adotados em casos de surto, a reportagem apurou que diretores e professores “batem cabeça” sobre como devem agir. A dúvida mais recorrente de pais consultados pelo Diário é o critério de “surto”.

De acordo com a Secretaria de Saúde, que elaborou o protocolo para retomada das aulas presenciais ainda no ano passado, bastam dois casos suspeitos ou confirmados para que seja determinado o isolamento de 14 dias da turma. Se esta turma, ou professor, teve contato com outra sala, considera-se surto na escola e a unidade é fechada – algo que ainda não ocorreu em Rio Preto.

O município segue protocolo estabelecido pela Secretaria Estadual de Saúde, que considera suspeito o indivíduo que apresentar pelo menos dois sintomas característicos da Covid-19, como febre, calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza e ausência de olfato ou paladar. O surgimento de apenas um sintoma não caracteriza justificativa para afastamento.

Para o pediatra e pneumologista João Batista Salomão, o protocolo adotado pela Prefeitura de Rio Preto deve resultar no afastamento de muitas crianças gripadas. “É absolutamente normal a incidência de síndromes respiratórias na retomada das aulas, por conta do contato entre crianças. O que eu mais atendo são crianças com febre e tosse. Mas é melhor afastá-las por uma simples gripe do que cogitar a possibilidade de que elas estejam convivendo com outras pessoas e compartilhando objetos estando positivadas”, disse.

Apesar disso, o especialista considera exagero interditar uma escola inteira pela incidência de apenas dois casos. “Basta isolar os alunos ou funcionários com suspeita. Dois casos é um número muito pequeno dentro do universo de uma escola. Até porque sabemos que o agravamento do coronavírus em crianças não é tão recorrente quanto em adultos. É mais comum em pacientes com comorbidades graves, como paralisias e cardiopatias, por exemplo”, explicou.

A costureira Bárbara Baldus tem uma filha de 2 anos matriculada no maternal da escola municipal Décio Monzoni Lang, no Parque da Liberdade. Na sala dela há três casos positivos.

“Na primeira semana do ano letivo minha filha teve tosse. Comuniquei a escola e decidi, por conta, não levá-la. Ela fez o teste PCR, mas deu negativo para Covid-19. Todos os pais deveriam ter essa consciência. Na semana seguinte, fomos comunicados sobre três casos positivos na sala”, disse.

Na unidade, as aulas presenciais foram suspensas no dia 7 e serão retomadas apenas no dia 21. “As crianças estão em casa. Mas e os pais? Estão em quarentena do trabalho?”, questiona.

Protocolos

Entrada das escolas

  • Evitar aglomerações de pais e alunos na chegada e na saída em espaços fechados

 

Salas de aula

  • Ventilação adequada das salas inclui a presença de janelas que devem ficar abertas e sempre que possível troca de ar exterior
  • Uso adequado de máscaras pelos alunos e professores durante todo o tempo de aula, de preferência com máscaras PFF2, bem ajustadas ao rosto
  • A máscara pode ser retirada para beber água, por exemplo, mas deve ser colocada novamente rapidamente
  • Para os professores, uma máscara bem ajustada é fundamental por causa das partículas emitidas ao falar alto
  • Recreio

    • Como os alunos vão tirar a máscara para comer, é importante que o refeitório seja bem arejado e, de preferência, que as refeições sejam ao ar livre
    • Lavar as mãos antes e depois de comer continuam sendo boas medidas de higiene, independente do coronavírus

     

    Casos suspeitos

    A) SÍNDROME GRIPAL (SG)

    • Indivíduo com quadro respiratório agudo, caracterizado por pelo menos dois dos seguintes sinais e sintomas: febre (mesmo que referida), calafrios, dor de garganta, dor de cabeça, tosse, coriza, distúrbios olfativos ou distúrbios gustativos
    • Observações:

      • em crianças: além dos itens anteriores, considera-se também a obstrução  nasal, na ausência de outro diagnóstico específico;
      • em idosos: deve-se considerar também os critérios específicos de  agravamento como síncope, confusão mental, sonolência excessiva, irritabilidade e inapetência;
      • Na suspeita de COVID-19: febre pode estar ausente (principalmente em idosos) e sintomas gastrointestinais (diarreia) podem estar presentes.

       

      Afastamento

      • O aluno, professor ou funcionário com suspeita/confirmação de COVID-19 deve ser afastado de suas atividades e assim permanecer em isolamento de acordo com as orientações vigentes
      • Surto

        • Para definição de surto em instituições escolares foram estabelecidos dois cenários:

         

        1) Estudantes e professores que NÃO transitam entre outras salas/turmas

        • Considera-se um surto a ocorrência de dois ou mais casos suspeitos/confirmados para Covid-19 na mesma sala/turma com vínculo epidemiológico (entre o mesmo período de incubação).
        • Recomendação: todos os alunos e professores da mesma sala/turma deverão permanecer em quarentena por 14 dias, não devendo frequentar a instituição escolar e procurar uma unidade de saúde caso apresentem algum sintoma da doença.
        • 2) Estudantes, professores e demais servidores que transitam entre outras salas/turmas

          • Considera-se um surto a ocorrência de dois ou mais casos  suspeitos/confirmados para COVID-19 com vínculo epidemiológico (entre o mesmo período de incubação).
          • Recomendação: suspender o período/turno por 14 dias das salas/turmas onde os estudantes e professores transitaram, por pelo menos 15 minutos. Todos os alunos, professores e demais servidores identificados deverão permanecer em quarentena, sendo orientados a procurar uma unidade de saúde caso apresentem algum sintoma da doença

           

          Escolas com afastamento de alunos

          • E.M. Antônio Teixeira Marques, na Vila Progresso
          • E.M. Celeste Maria Gouveia, na Redentora
          • E.M. Décio Monzoni Lang, no Parque da Liberdade
          • E.M. Dep. Sylvio Benito Martini, no Santo Antônio (2 salas)
          • E.M. Graciliano Ramos, no bairro Lealdade
          • E.M. Jacy Salles da Silva, no João Paulo 2º
          • E.M. João José Feris, na Vila Toninho
          • E.M. Sítio do Pica Pau Amarelo, no Jardim Estrela
          • E.M. José Maria Rollemberg Sampaio, no bairro São Jorge (4 salas)
          • E.M. Lourival Pires Fraga, no bairro Luz da Esperança
          • E.M. Pinóchio, no bairro São Francisco (3 salas)
          • Falta orientação, diz sindicato

            Porta-voz dos servidores municipais da Educação, Fabiano de Jesus diz que, sem uma orientação precisa, nenhum diretor de escola, em Rio Preto, fechou a unidade por surto de Covid-19.

            “Além da aflição e o risco da doença, os profissionais passam por situação de insegurança por não existir uma orientação oficial da Secretaria de Educação do procedimento a ser adotado”, disse. “Cada escola está decidindo por conta”.

            Um exemplo, segundo o sindicalista, ocorreu na Escola Municipal Lourival Pires Fraga, no Luz da Esperança, que havia suspendido as aulas de uma turma após apenas um caso positivo. Nesta segunda-feira, 14, após orientação da Educação municipal, foi divulgado comunicado sobre a retomada das aulas presenciais já nesta terça, 15.

            Para Jesus, é utópica a ideia de que crianças e funcionários com suspeita de Covid não tenham compartilhado ambientes com o restante da escola.

            A Secretaria de Educação informou que segue todos os protocolos sanitários definidos pela Secretaria de Saúde. “Todas as unidades foram informadas, inclusive por meio de resoluções e comunicados sobre os protocolos sanitários que devem ser seguidos, todas as dúvidas e casos omissos, são atendidos pela Vigilância Epidemiológica com acompanhamento da Secretaria de Educação”, informou em nota. (JT)

            Joseane Teixeira – diarioweb.com.br