SOLIDARIEDADE: de Rio Preto, coração do jovem Sadraque viaja por quase 500 km em avião para ser transplantado em SP

Doação, realizada nesta quinta-feira (10), foi autorizada pela família do jovem de 24 anos que morreu atropelado por um carro em Votuporanga (SP)

Um coração viajou do Hospital de Base (HB) de São José do Rio Preto (SP) dentro de um avião, de modelo turboélice, para ser transplantado em São Paulo (SP). A viagem de quase 500 quilômetros durou apenas 54 minutos.

A operação mobilizou diversos profissionais para que o paciente pudesse ser transplantado. Isso porque, entre a retirada do órgão e o transplante, não podem se passar mais de quatro horas.

A doação, realizada nesta quinta-feira (10), foi autorizada pela família do jovem de 24 anos que morreu atropelado por um carro em Votuporanga (SP). Sadraque Muni Martins foi atingido pelo veículo na Avenida João Gonçalves Leite no dia 6 deste mês.

Ele foi socorrido e encaminhado à Santa Casa de Votuporanga, mas precisou ser transferido ao HB devido à gravidade dos ferimentos. No dia 9, foi diagnosticado com morte encefálica.

Cirurgia para retirada dos órgãos foi realizada no Hospital de Base de Rio Preto (SP) — Foto: Hospital de Base/Divulgação

Depois de autorizada a doação, os órgãos captados foram: coração – levado para a capital -, fígado – para Sorocaba (SP)-, além de rins e córneas que aguardam compatibilidade de receptores.

A localização e encaminhamento dos órgãos é realizada pela Central Nacional de Transplantes. A cirurgia para retirada dos órgãos levou aproximadamente cinco horas.

Ao g1, o médico coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO) do HB, João Fernando Picollo informou que o ato da doação representa mais do que apenas a possibilidade de salvar uma vida, mas, também, uma forma de amenizar o luto dos familiares.

“É comprovado cientificamente que doação tanto faz bem para o receptor quanto para a família do doador. É uma forma de tirar algo ‘positivo’ da dor, porque a família tem consciência de que ajudou a salvar uma vida. Com esse ato de altruísmo, elas vivenciam o luto de uma forma mais amena”, reforça o médico.

O médico ainda destacou que a equipe, no geral, vive um misto de emoções quando aparecem órgãos saudáveis disponíveis para o transplante. Isso porque, ao mesmo tempo em que nutre empatia pela família do doador, também celebra o começo de uma nova vida proporcionada ao receptor.

“É muito emocionante o hospital ligar avisando que a família do paciente autorizou a doação e que temos um órgão compatível disponível para o transplante. A cirurgia de retirada do órgão só começa quando a cirurgia do receptor também se inicia. Então, temos que ser ágeis”, enfatiza o médico.

Doações em números

O OPO do HB abrange 16 instituições de saúde no noroeste paulista, que englobam 142 municípios, com uma população superior a 2,3 milhões de habitantes.

Todo o trabalho de conscientização até a autorização da doação é feito pela equipe do hospital, que conta, segundo João, com psicólogos que atuam diretamente no processo de apoiar e acolher os familiares nas etapas, mesmo após o aval para a doação.

O reflexo de todo este trabalho é percebido nos números. Em São José do Rio Preto, o médico ressalta que a taxa de aceitação entre as famílias de potenciais doadores chega a 75%. Já no noroeste paulista o número chega a 55%.

O número alto é visto por ele como algo positivo, já que há uma grande lista de espera para o recebimento dos órgãos. No caso dos pacientes à espera de um coração, quase sempre são casos de internação.

Pelo número de transplantes de coração no país como um todo ainda estar aquém da necessidade, é de suma importância ampliar a “cesta” de doadores, assim como implementar e qualificar as comissões responsáveis pela captação de órgãos. G1

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