Desde sexta-feira (18), uma onda de protestos violentos deixou 11 mortos e 1.462 detidos no país.
O metrô voltou a funcionar parcialmente após a segunda noite de toque de recolher que vigorou em várias regiões do Chile de 20h de domingo (20) até as 6h desta segunda-feira (21). Desde sexta-feira (18), uma onda de protestos violentos deixou 11 mortos e 1.462 detidos no país.
O metrô, que transporta diariamente quase 3 milhões de pessoas, estava fechado desde sexta-feira (18), depois que 78 estações e trens sofreram ataques durante violentas manifestações contra o aumento nas tarifas dos metrô.
A empresa estatal que administra o serviço do metrô avalia que o prejuízo deve chegar a mais de 300 milhões de dólares.
Na manhã desta segunda, primeiro dia depois de três jornadas de distúrbios, a previsão é de que sejam reabertas 27 estações da linha 1 do metrô, uma das sete que integram a rede da capital. Para que as pessoas pudessem voltar ao trabalho, 465 ônibus extras foram colocados em circulação.
O general Javier Iturriaga, responsável pelo estado de emergência decretado no país, declarou que houve um “despertar lento, com calma” após o fim do toque de recolher desta manhã. “Estamos conscientes de que a cidade está retomando suas atividades lentamente e temos todas as forças necessárias para qualquer situação de risco”, afirmou.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse em um pronunciamento no domingo que esta segunda-feira será “um dia difícil”. “Estamos em guerra contra um inimigo poderoso, implacável, que não respeita nada nem ninguém, que está disposto a usar a violência e a delinquência sem qualquer limite”, declarou.
O centro de Santiago está cheio de marcas dos protestos: semáforos no chão, ônibus queimados, lojas saqueadas e destroços nas ruas. Quarenta e oito cidades suspenderam as aulas nesta segunda.
O toque de recolher funcionou na região metropolitana de Santiago, Valparaíso, Coquimbo, Biobío y Antofagasta.
Mortes e saques
O ministro do Interior chileno, Andrés Chadwick, informou que sete pessoas morreram durante dois incêndios durante os protestos: duas pessoas em um supermercado durante a madrugada e outras cinco em uma fábrica na periferia da capital. Porém, na manhã desta segunda, o jornal “El Mercurio” já falava em 10 mortos. “Hoje tivemos mais de 70 atos de grave violência, entre eles, mais de 40 saques”, disse Chadwick em um pronunciamento.
‘Chile acordou’
O balanço da revolta social é sem precedentes desde o retorno da democracia ao Chile, em 1990. Protestos supostamente liderados por estudantes contrários a um aumento de tarifa no transporte público começaram duas semanas atrás, porém se tornaram mais violentos na sexta-feira. Piñera reverteu a medida e declarou um estado de emergência.
Manifestantes vão as ruas com gritos de “basta de abusos” e com o lema que dominou as redes sociais “#ChileAcordou”. O governo enfrenta críticas a um modelo econômico do país onde o acesso à saúde e à educação é praticamente privado, com elevada desigualdade social, valores de pensões reduzidos e alta do preço dos serviços básicos.
Entenda em seis pontos os distúrbios no Chile
- Governo anunciou um aumento de 30 pesos na tarifa do metrô, equivalente a 20 centavos de real;
- Violência aumentou nos protestos a partir de sexta (18), após confronto com a polícia;
- Chile decretou, no sábado, estado de emergência por 15 dias e Exército foi às ruas pela 1ª vez desde a ditadura;
- Presidente chileno suspendeu o aumento na tarifa do metrô, mas os protestos seguiram;
- Metrô de Santiago fechou e o aeroporto da capital chilena teve voos suspensos;
- Mais regiões do país tiveram toque de recolher, estado de emergência dura 15 dias e aulas foram canceladas.
Problemas nos voos
Os protestos afetaram os voos com partida e chegada ao aeroporto internacional da capital chilena. A Latam anunciou o cancelamento de todos os seus voos com origem em Santiago entre as 19h deste domingo e as 10h de segunda, com exceção dos voos LA530, LA704 e LA2364, que se destinam a Nova York, Frankfurt e Lima, respectivamente.
Nesta segunda-feira, voos de Guarulhos, na Grande São Paulo, com destino a Santiago sofreram atrasos e um foi cancelado.
FONTE: Informações | G1