Os três óbitos por covid-19 no país ocorreram no mesmo hospital, na capital paulista; duas vítimas mais recentes tinham 65 e 80 anos.
A rede de planos de saúde Prevent Senior informou, na tarde desta quarta-feira (18), que mais dois pacientes que estavam internados em um de seus hospitais na capital paulista morreram por complicações decorrentes da infecção pelo novo coronavírus (que causa a doença covid-19).
Assim como o caso de ontem, as duas pessoas estavam internadas no Hospital Sancta Maggiore, no bairro do Paraíso.
Uma tinha 65 anos e a outra 80 anos e deram entrada na unidade no domingo (15). Nenhuma delas possuía doenças pré-existentes.
O paciente confirmado na terça-feira (17), era um homem de 62 anos, com diabetes e hipertensão.
Com isso, chega a três o número de mortos pela covid-19 no Brasil.
A Prevent Senior já encaminhou 365 exames suspeitos de coronavírus, sendo que 36 deles, até agora, deram positivo para covid-19.
No Sancta Maggiore, hospital reservado exclusivamente para casos da doença, 55 pessoas estão internadas com suspeita de infecção pelo novo coronavírus; 26 deles estão em UTI, incluindo 12 casos já confirmados de covid-19.
O estado de São Paulo tem 164 pacientes confirmados com coronavírus, de acordo com o boletim do Ministério da Saúde de ontem. Mais de 5.000 casos suspeitos aguardam resultados de exames.
Revisão de protocolos
Para o infectologista David Uip, a morte do primeiro paciente está levando as autoridades paulistas a rever os entendimentos sobre os períodos de evolução da doença nos pacientes graves.
“Foi uma evolução rápida, da internação ao óbito. O caso desse [primeiro] paciente está fazendo a gente entender como se comporta a doença. Nós imaginávamos que o período de encubação da doença era de até 14 dias, mas a média está sendo de 6 a 8 dias até a doença se manifestar. Vamos inclusive sugerir ao Ministério da Saúde que diminua o tempo de quarentena de até 14 dias para dez”, disse Uip.
Sepultamentos
Na entrevista coletiva também foi esclarecido como será o trabalho dos agentes funerários durante o sepultamento de vítimas do coronavírus em São Paulo. No caso dos velórios, a orientação, segundo o secretário da Saúde, é de fechar o caixão para evitar o contato das pessoas. Caberá ao serviço de verificação de óbito liberar os corpos e já existe um protocolo específico para isso, segundo Paulo Menezes, coordenador do comitê de operações emergenciais (COE) da Secretaria Estadual de Saúde.
“A orientação é colocar o corpo num saco plástico, fechar e limpar externamente o saco com álcool, que é uma substância muito eficiente contra o coronavírus”, declarou Menezes.
Com o aumento do número de mortes ao redor do mundo, vários países já estabeleceram protocolos de segurança com relação aos mortos. A China proibiu funerais, assim como a Itália. A Espanha recomenda velórios sem aglomeração de pessoas, assim como o Ministério da Saúde do Brasil.
“Este óbito, infelizmente outros virão, não devem criar pânico na população. Essa é uma circunstância de quem lida com doente grave e muitas vezes a gripe se torna uma doença grave, a semelhança com a influenza. Nos EUA tem uma média de 30 mil óbitos por influenza por ano. Esperamos que não tenha mais nenhum óbito em São Paulo, mas a contingência de lidar com doentes graves implica em ter perdas, então isso não muda nada no estado a forma de entender a epidemia. E não deve chegar a população como algo inesperado e criar uma situação de pânico porque não é assim”, afirmou o infectologista Davi Uip.
Doações de sangue
Ao informar sobre a primeira morte de paciente como coronavírus, o governo do estado de São Paulo fez um alerta e um pedido à população da cidade de São Paulo para que façam doações de sangue pois, segundo o coordenador de Centro de Contingenciamento para o Coronavírus em São Paulo, o médico David Uip, os bancos da capital estão “praticamente vazios”.
“Eu preciso dar um informe, que preciso de muito apoio de vocês: os nossos bancos de sangue estão praticamente sem sangue. O banco de sangue que tem mais sangue, tem sangue hoje para praticamente uma uma semana”, declarou.
O governo de São Paulo avalia que o surto de coronavírus deve durar “de quatro a cinco meses”. No entanto, as medidas restritivas adotadas pela administração estadual, como a suspensão das aulas e a restrição de eventos (leia mais abaixo), não devem ser aplicadas durante todo este período.
Medidas de contenção do vírus
A pandemia de coronavírus que atingiu o Brasil tem levado o governo e a prefeitura de São Paulo a tomarem uma série de medidas para impedir aglomeração de pessoas. O governador João Doria anunciou nesta quarta-feira (18) o fechamento de todos os shoppings centers e academias da capital paulista e da região metropolitana de São Paulo para deter a propagação vírus.
Os shoppings têm até a próxima segunda-feira (23) para fechar as portas e o fechamento deve durar preliminarmente até o dia 30 de abril. A medida não se aplica a shoppings do interior e do litoral, apenas da Grande São Paulo, segundo o governo. Por meio de nota, a Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (ALSHOP) informou que irá cumprir integralmente a determinação dos governos estaduais quanto ao fechamento dos shoppings até a data estipulada.
Vacinação em SP
O governo paulista também anunciou que a vacina contra a gripe será oferecida gratuitamente em farmácias a partir do dia 13 de abril. A campanha de vacinação contra o vírus influenza começa na próxima segunda-feira (23) nos postos de saúde. A vacina contra a gripe não protege contra o novo coronavírus, mas médicos destacam que é importante que a população esteja imunizada contra a gripe comum para facilitar o diagnóstico do novo vírus.
“Nas farmácias, a vacinação será gratuita e válida a partir do dia 13 de abril e nos postos de saúde a partir do dia 23 de março”, disse o governador João Doria em coletiva.
FONTE: Informações | g1.globo.com