Disparo atravessou coxa esquerda do subcomandante do 47º BPMI, mas não atingiu pontos vitais. Crime teve três criminosos mortos, cinco pessoas feridas e dinheiro recuperado.
O major da Polícia Militar Ricardo Moreira, baleado na perna esquerda durante um tiroteio com cerca de oito criminosos que assaltaram um carro-forte no Aeroporto Internacional de Viracopos, relatou pela primeira vez o que viveu e como foi resgatado por um sargento que cruzou a linha de tiro para ajudá-lo. O disparo atravessou a coxa do oficial, mas não acertou nenhum ponto vital. “Médicos disseram que teve um milagre de Deus”, resumiu.
O crime ocorreu em 17 de outubro deste ano em Campinas/SP e acabou com três suspeitos mortos, cinco pessoas feridas, armas apreendidas e dinheiro recuperado.
O major é subcomandante do 47º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior). Em entrevista exclusiva ao EPTV 1, ele explicou que estava em uma reunião na sede do CPI-2 (Comando de Policiamento do Interior 2) quando recebeu a informação do assalto e foi para um ponto em que parte da quadrilha estaria após deixar o terminal de cargas do aeroporto.
O major e outro policial, cabo Ademilson Rodrigues da Silva, estavam em uma viatura que fechou a passagem do caminhão de lixo usado pelos criminosos na fuga. Além deles, outro grupo de policiais e guardas municipais fizeram o cerco em outro trecho da rua.
Assim que Moreira desceu da viatura, foi atingido na coxa esquerda por um disparo de fuzil. Em seguida, o sargento Paulo de Tarso Cardoso, também do 47º BPMI, arriscou a vida para ajudá-lo.
“Ele saiu do abrigo onde estava, porque não estava comigo, estava nesta outra aglomeração de policiais que estavam abrigados e também trocando tiro com os indivíduos. Ele largou esse abrigo e veio ao meu encontro. Eu já tinha informado que tinha sido baleado”.
“Ele veio na linha de tiro dos marginais, a gente pôde ver os disparos acertando o asfalto na direção dele. Quando ele chegou perto de mim, me ajudou a me abrigar mais ainda. Eu já estava perdendo muito sangue”, lembrou Moreira.
Segundo o major, o sargento andou cerca de oito metros sob a linha de tiro. Depois, fez um torniquete no ferimento, o que estancou o sangramento. “Foi um momento de extrema coragem e amor ao próximo. Aquela vontade de querer ajudar um companheiro tombado”, resumiu o major.
Enquanto o sargento atendia o major, o cabo Ademilson Rodrigues da Silva seguiu revidando os disparos dos criminosos para evitar que eles se aproximassem. Silva era o motorista da viatura.
Após o tiroteio, os criminosos fugiram e o major foi levado para o pronto-socorro. Durante a fuga, dois membros da quadrilha morreram em troca de tiros e outro fez uma mulher e a filha dela reféns dentro da casa antes de também ser morto.
Moreira pensou na família e em sobreviver após ser atingido. “Minha família, só a família. Esposa, filhos, netos, foi a única coisa que eu pensava. E que não poderia morrer porque ainda tinha uma missão com eles”, relembrou Moreira.
Tiro atravessou coxa: ‘Vários milagres’
Moreira foi socorrido para o Hospital Municipal Ouro Verde, onde passou por cirurgia e foi transferido ainda no dia 17 de outubro para uma unidade militar. O disparo atravessou a porta da viatura e atingiu a parte externa da coxa esquerda. “Todos os médicos disseram que teve um milagre de Deus. Aliás não foi um, foram vários milagres, porque esse tiro atravessou a minha coxa, passou entre o fêmur e o nervo ciático e saiu a um dedo a minha [artéria] femoral”.
Segundo o major, o disparo de fuzil atingiu somente a musculatura da coxa. Ele permaneceu internado até 19 de outubro e ainda ficou um mês afastado da corporação. “Voltei agora no dia 12 [de novembro]. Estou com algumas restrições, mas estou trabalhando”.
O policial ainda tem mais 10 sessões de fisioterapia para fazer, além de acompanhamento psicológico. Ele também segue sem atuar no trabalho externo até a total recuperação.
Assalto segue em investigação
Quando o crime completou um mês, a reportagem do G1 confirmou com a Polícia Federal que a apuração está em andamento e a conclusão “deve demorar”.
Desde que o caso veio à tona, duas possíveis ocorrências ligadas ao caso foram registradas. Na primeira, três homens foram presos pela Polícia Militar em Campinas após uma denúncia anônima ter indicado suposta relação deles com o assalto. Na ocasião, os policiais localizaram uma metralhadora e uma das pessoas apresentava ferimento a bala na perna. A PF, porém, não confirma elo.
Outros dois supostos participantes do assalto foram presos em Caruaru pela PF de Pernambuco, neste mês, e transferidos para a Superintendência da instituição na capital paulista. Com um deles – suspeito ainda de participar de assaltos a bancos e transportadoras – foram apreendidos cerca de R$ 300 mil em espécie. A efetiva participação da dupla no crime, entretanto, não foi confirmada pela PF de Campinas.
O valor total roubado do carro-forte da Brinks e depois recuperado pela Guarda Municipal e Polícia Militar também não foi informado desde a data do crime. Outra questão sem resposta é se a quadrilha responsável pelo assalto é a mesma que atuou em outro roubo em Viracopos – em março de 2018. A PF informou, em outubro, que suspeita da ligação entre os crimes, mas não há confirmação.
FONTE: Informações | G1 / EPTV