Quebra do sigilo bancário, obtida pela revista “Crusoé” e confirmada pelo GLOBO, mostra que repasses são maiores do que o informado pelo presidente. Os extratos não apontam nenhum depósito de Jair Bolsonaro na conta de Queiroz.
No período da quebra de sigilo, Queiroz recebeu em sua conta R$1,6 milhão de salários da PM e da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), R$2 milhões em 483 depósitos de servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro enquanto ele era deputado estadual e R$ 900 mil depositados em dinheiro em espécie sem identificação. No total, o ex-assessor recebeu 6,2 milhões entre 2007 e 2018.
Os extratos não apontam nenhum depósito de Jair Bolsonaro na conta de Queiroz.
Após a publicação da reportagem pela “Crusoé“, o Ministério Público do Rio divulgou uma nota em que diz que “a primeira-dama não faz parte do escopo das investigações sobre a prática de rachadinha no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia do Estado do Rio de Janeiro, que seguem normalmente, sob sigilo, a cargo do Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção (GAECC/MPRJ), por designação do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem”.
Os ‘rolos’ de Queiroz
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz são investigados por suspeita da prática de “rachadinha”, esquema de desvio de dinheiro público por meio da devolução de parte dos salários de funcionários do gabinete do então deputado estadual. Desde 2018, quando o Consellho de Controle de Atividades Finaneiras (Coaf) apontou “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz, o MP levantou indícios de um esquema criminoso liderado por Flávio Bolsonaro de desvio e lavagem de dinheiro na Alerj, envolvendo contratação de familiares como assessores e funcionários fantasmas.
A investigação começou em 2018, após o Coaf apontar “movimentação atípica” de R$ 1,2 milhão, em 2016 e 2017, nas contas de Fabrício Queiroz. Assessores do ex-deputado estadual transferiram recursos a Queiroz em datas próximas ao pagamento de servidores da Alerj. Segundo o Coaf, Flávio recebeu 48 depósitos no valor de R$ 2 mil. Na época, ele afirmou que transferências fracionadas que somaram R$ 96 mil entre junho e julho de 2017 eram relativos à venda de um apartamento.
Segundo o Ministério Público, os valores recebidos por Flávio têm origem na prática de “rachadinha” e data de quando ele era deputado estadual entre os anos de 2007 e 2018. Os promotores afirmam que Flávio nomeava assessores orientados a devolver parte de seus salários para o grupo; que o ex-policial militar Fabrício Queiroz fazia toda a operação de recolhimento da remuneração dos funcionários.
Questionado sobre a movimentação atípica em sua conta, Fabrício Queiroz afirmou que suas transações financeiras eram fruto da compra e venda de veículos usados. Porém, além da movimentação de R$ 1,2 milhão, o ex-assessor da Alerj também entrou no radar do Coaf por outros R$ 5,8 milhões movimentados nos últimos três anos. Somados, os valores somam transações atípicas de R$ 7 milhões.
FONTE: Informações | oglobo.globo.com