Mais de 1,8 mil animais foram capturados de março a julho deste ano. Número corresponde a 53% do total de resgates realizados em todo Estado de São Paulo.
De março a julho de 2020, 1.854 animais silvestres foram resgatados em municípios da região noroeste paulista. O número corresponde a 53% do total de capturas realizadas em todo o Estado de São Paulo. As informações são da Polícia Ambiental e do Corpo de Bombeiros.
De acordo com as corporações, um dos principais fatores que explicam a migração dos animais silvestres para as cidades é a incidência de queimadas, que costumam aumentar durante o período de estiagem.
“O tempo está seco, está ventando muito, e a umidade relativa do ar está baixa. Isso é a receita quase perfeita para que ocorram incêndios florestais. Eu digo quase perfeita porque não fosse ação deseducada, intencional ou culposa do ser humano não teríamos incêndio na nossa região”, explica o Tenente do Corpo de Bombeiros, Diego Moraes Machado.
De acordo com o Corpo de Bombeiros, ocorreram mais de dois mil focos de incêndio somente em áreas de vegetação de março a agosto de 2020. O número é quase 20% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado.
Para procurar abrigo, animais silvestres fogem de seu habitat natural, que foi destruído pelas chamas, e aparecem em centros urbanos. Em 3 de agosto, por exemplo, um lobo-guará foi resgatado no estacionamento de um supermercado de São José do Rio Preto/SP.
Em Catanduva, uma onça-parda foi flagrada por câmeras de segurança pulando muros de casas. Os moradores ficaram assustados com a aparição e acionaram a Polícia Ambiental, mas o felino não foi encontrado.
Muitos animais conseguem fugir dos incêndios e procurar abrigo. Contudo, alguns não escapam a tempo e acabam morrendo ou sofrendo graves queimaduras e sendo atropelados em rodovias e estradas vicinais.
A maioria dos bichos resgatados pela Polícia Ambiental é levada para o Zoológico Municipal de São José do Rio Preto/SP. Equipes especializadas realizam o atendimento veterinário e avaliam as condições dos animais voltarem à natureza.
“O pronto atendimento da Polícia Ambiental é fundamental. A partir do momento que o animal entra na nossa clínica é feita uma bateria de exames e nós vamos investigar quais são as lesões que esses animais apresentam para corrigi-las”, afirma o veterinário e coordenador do Zoológico Municipal de Rio Preto, Ciro Cruvinel.
As queimadas também causam outro problema. Muitos filhotes perdem a mãe que passa o tempo caçando para alimentá-los. Essa é uma das hipóteses para dois filhotes de onça terem sido encontrados em uma fazenda de Novo Horizonte/SP.
“Durante a observação do proprietário da área, ele viu que a mãe não vinha mais alimentar os animais. Provavelmente, ela foi vítima dessa intervenção do homem no meio ambiente. Dificilmente, esses animais podem ser reintroduzidos ao meio ambiente natural novamente”, explica o tenente da Polícia Ambiental, Alonso Silva.
FONTE: Informações | g1.globo.com