Projeto beneficia milhares de pacientes, como Lukas, de 5 anos, que nasceu prematuro, teve paralisia cerebral e recuperou-se no HCM. Agora, o futuro policial, faz tratamento no Lucy Montoro
Cento e quatro milhões de reais. Foi o dinheiro arrecadado pela Funfarme (Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto) em dois anos de pandemia (2020 e 2021), por meio, principalmente, do projeto Empresas Parceiras do Bem.
O número representa 77% de todo o montante obtido pela Fundação em cinco anos, desde que o incentivo de contribuição pela iniciativa privada foi implantado no complexo que administra o Hospital de Base, Hospital da Criança e Maternidade, Hemocentro, Instituto Lucy Montoro e Ambulatório Médico de Especialidades.
Números que colocam a Fundação como o 2º maior centro de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no país, perdendo apenas para o Hospital das Clínicas, em São Paulo.
Evento realizado nesta terça-feira, 22, no Centro de Convenções da Famerp, reuniu empresários parceiros para a apresentação do que será feito com parte do dinheiro doado. Cerca de R$ 20 milhões serão destinados para a instalação de uma sala cirúrgica inteligente no Hospital de Base, que consiste em um ambiente com sistemas integrados que permitem à equipe médica acessar todas as informações do paciente, como prontuários e exames de imagem, diminuindo a probabilidade de erro médico. Além da implantação de novas tecnologias em robótica. O HB ganhará também mais um equipamento de ressonância magnética.
Já o HCM deverá ampliar o número de leitos de enfermaria e UTI pediátrica, necessidade mais urgente na visão do diretor executivo da Funfarme, Jorge Fares. “Passamos por um momento difícil recentemente, com aumento no número de crianças internadas com síndromes respiratórias. A região de Rio Preto vive o sucateamento dos hospitais e o HCM se tornou referência de atendimento infantil para esses municípios”, disse.
O Instituto Lucy Montoro receberá investimentos para a ampliação do atendimento em reabilitação auditiva. Será implantado também o projeto de Reabilitação Profissional e Emprego Apoiado, que consiste na capacitação de pacientes com deficiência por meio de cursos profissionalizantes e encaminhamento ao mercado de trabalho.
Durante o evento, o empresário Marcelo Facchini deu depoimento sobre a importância do HB e do Instituto Lucy Montoro na recuperação e reabilitação dele após sofrer um grave acidente de trânsito em 2009. “Eu nunca havia entrado em um hospital desde então. Até que me vi dentro de uma instituição que depende de doação para manter toda essa estrutura de atendimento”, disse.
Outro momento emocionante do evento foi a descoberta de cartinhas de agradecimento, escritas à mão por pacientes internados no HB e no HCM, e coladas embaixo dos assentos ocupados por apoiadores e funcionários do hospital.
Em cinco anos, a Funfarme recebeu investimento de R$ 134 milhões, somando a contribuição das Empresas Parceiras do Bem e leis de incentivo fiscal, como a Destinação Solidária.
De acordo com Jurandyr Bueno, relações institucionais da Fundação, a meta é triplicar o valor arrecadado nos dois anos de pandemia. “Contamos atualmente com o apoio de 100 empresas de relevância nacional. A contribuição delas é de extrema importância para a manutenção de um complexo que custa, por ano, R$ 1 bilhão, emprega quase oito mil colaboradores e realizou três milhões de atendimentos em 2021.
Durante a cerimônia, representantes das instituições parceiras foram homenageados com um certificado e puderam conhecer alguns setores do hospital.
Crianças emocionam
As crianças foram a aposta dos diretores da Funfarme para “amolecer” o coração do empresariado. O depoimento do pernambucano Alex Nilmar de Oliveira, de 11 anos, que veio de longe para tratar um câncer, arrancou lágrimas dos convidados. De origem humilde, ele contou que a família deixou tudo para trás e veio para Rio Preto em busca de atendimento.
“Em apenas um dia, eu recebi mais assistência médica do que durante todo o tratamento no meu Estado. Exames de imagem, coletas…”. O menino que ajudava o pai como servente de pedreiro chorou ao comentar sobre a amputação da perna, mas comemorou a cura do câncer e a possibilidade de voltar a andar com uma prótese.
Já o pequeno Lukas Gabriel Santos de Aguiar, de apenas 5 anos, era puro carisma. Vestido com a farda da Polícia Militar, ele não passou despercebido entre os convidados.
Lukas nasceu prematuro no HCM e pouco depois foi diagnosticado com paralisia cerebral. Aos dois anos foi submetido a uma cirurgia para correção da medula espinhal e atualmente faz fisioterapia no Instituto Lucy Montoro.
Assim como a batalha precoce pela saúde, a vocação para a segurança pública também aflorou cedo. Questionado sobre a área de atuação que mais se identifica, Lukas responde que quer “mexer no computador”. (JT)
Joseane Teixeira – diarioweb.com.br