Caso foi registrado em Palmares Paulista (SP). Márcio Roberto Rodrigues foi preso preventivamente e prestou depoimento à Polícia Civil. Adriana da Silva sofreu fratura no braço e diversos ferimentos.
O ajudante de motorista Márcio Roberto Rodrigues, suspeito de agredir e quebrar o braço da atendente Adriana da Silva após ser advertido para usar corretamente a máscara de proteção contra Covid-19, negou as acusações durante depoimento à Polícia Civil. Segundo ele, a mulher, de 38 anos, teria caído sozinha na rua.“Doze testemunhas confirmaram que a Adriana foi agredida. Mas, mesmo assim, o Márcio não assumiu. Ele alegou que a Adriana caiu sozinha e se machucou”, afirmou ao G1 o delegado responsável por investigar o caso, Pedro Luís Carvalho.
O crime foi registrado na tarde da última sexta-feira (11), no bairro Jardim União, em Palmares Paulista (SP). Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o suspeito, de 45 anos, ficou nervoso ao ser avisado sobre a obrigatoriedade de usar o acessório (veja abaixo).
A vítima foi socorrida e encaminhada para um hospital de Catanduva, onde precisou ser submetida a uma cirurgia, por conta de uma fratura em um dos braços. Ela recebeu alta no domingo (13).
Márcio foi preso temporariamente na noite da última quinta-feira (17) depois de ser encontrado em uma clínica de reabilitação de Meridiano (SP), cidade localizada a 180 quilômetros de distância de Palmares Paulista. Em seguida, foi levado à delegacia e encaminhado à cadeia de Catanduva (SP), onde prestou depoimento.
Segundo o delegado Pedro Carvalho, o homem alegou que entrou na padaria para beber uma pinga, saiu e voltou ao estabelecimento para ingerir a segunda.
“A Adriana pediu ao Márcio para colocar a máscara corretamente. Ele retrucou e perguntou o motivo de estar sendo advertido, pois outras pessoas também estavam sem máscara. O Márcio disse que foi chamado de “vagabundo”, perdeu a cabeça e decidiu segurar a Adriana para olhá-la e afirmar que não era “vagabundo”, contou o delegado.
Suspeito de agredir atendente de padaria em Palmares Paulista (SP) foi encontrado em Meridiano (SP) — Foto: Reprodução/TV TEM
De acordo com o delegado, Adriana saiu do estabelecimento depois que Márcio entrou em uma área reservada para os funcionários. Porém, foi seguida pelo ajudante de motorista.
“O Márcio falou que realmente correu atrás da Adriana, mas disse que a vítima caiu sozinha e se machucou. Ele também afirmou que não tem nada contra a Adriana e que não quis matá-la”, contou o delegado. O ajudante de motorista é investigado pelos crimes de tentativa de feminicídio, dano ao patrimônio privado e infração de medida sanitária, segundo informações apuradas pelo G1.
A Polícia Civil continua trabalhando com o objetivo de reunir provas para indicar Márcio. Ao G1, a advogada do suspeito disse que o caso é extremamente excepcional, pois uma lesão corporal fez com que o cliente tivesse a prisão decretada pela Justiça.
‘Vi a morte’
Segundo Adriana, Márcio entrou na padaria com a máscara embaixo do queixo, ficou nervoso depois de ser avisado sobre a obrigatoriedade usar o acessório de forma correto e deu um tapa em produtos que estavam sobre um balcão.
“Não satisfeito, ele deu a volta e entrou. Saí correndo e fiquei na frente da padaria. Ele me acompanhou e me deu uma rasteira. Tentei levantar, mas o homem chutou e quebrou meu braço”, afirmou Adriana.
Logo depois, a vítima conseguiu se levantar e correr para dentro de uma casa, que estava com o portão aberto, mas foi seguida novamente pelo agressor.
“O dono da casa pediu para sairmos. Consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. Ele chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.
Em seguida, Adriana foi acolhida por uma moradora, colocada para dentro de uma casa e levada ao pronto-socorro de Catanduva (SP), cidade a 20 minutos de distância de Palmares Paulista.
“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou a atendente.
Adriana sofreu diversos cortes e hematomas, além de uma fratura no braço esquerdo. Ela precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico e recebeu alta no último domingo (13).
“Quero Justiça. Quero que seja preso e pague por tudo, inclusive pela minha cirurgia. Ganho um salário mínimo. Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Enquanto eu estava no hospital, com dor e sofrendo, o homem estava na casa dele. Não é justo”, desabafou
Moradores revoltados
Suspeito de agredir funcionária após pedido para usar máscara corretamente é preso
Moradores que presenciaram os fatos ficaram revoltados e agrediram Márcio. Um outro vídeo mostra o ajudante de motorista discutindo com testemunhas no meio de uma rua.
De acordo com o boletim de ocorrência, o agressor também precisou ser levado ao pronto-socorro, onde equipes médicas precisaram ministrar medicamentos para acalmá-lo.
Posteriormente, Márcio foi encaminhado à delegacia e liberado na presença da advogada. A TV TEM tentou entrar em contato com o suspeito diversas vezes, mas não obteve retorno.
Ainda segundo o registro policial, o ajudante de motorista não prestou esclarecimentos no dia em que as agressões foram registradas porque estava sob efeitos de remédios.
G1