qui, 17 de abril de 2025

Prefeitura de Votuporanga abre sindicância para apurar denúncia de crianças com suspeita de terem sido dopadas com tranquilizante 

Indício da medicação clonazepam foi encontrado no exame de sangue e urina de menino. Boletins de ocorrência foram registrados pelos pais de alunos; Polícia Civil investiga o caso.

Nesta sexta-feira (3), a Prefeitura de Votuporanga/SP publicou no Diário Oficial Eletrônico a decisão de abrir uma sindicância por entender como “a medida é necessária por considerar a gravidade das denúncias e a necessidade de apuração de possível cometimento de falta funcional por servidores públicos”para apurar a denúncia feita por parentes de crianças que estariam sendo dopadas com tranquilizante traja no CEMEI Prof Valter Peresi, no bairro Vila Paes. 

O Executivo afirmou que quer ouvir testemunhas e documentos que possam ajudar a descobrir se realmente funcionários da creche doparam as crianças. 

De acordo com a Polícia Civil, o filho de Keli Nascimento Antoniolo foi levado para o hospital e fez exame toxicológico, que identificou o medicamento clonazepam. Ele tem efeito tranquilizante e só pode ser ministrado com orientação e acompanhamento médico. 

Segundo a mãe, essa não tinha sido a primeira vez que criança foi internada várias vezes na Santa Casa da cidade. Em uma delas em outubro do ano passado, o menino tinha 11 meses. 

Depois da criança ser internada com sonolência, vômito, olhar distante e boca torta, a mãe procurou a Secretaria de Educação para fazer um relatório de queixa. Nele, a diretora da escola acrescentou que, segundo as educadoras que cuidam das crianças, o bebê chegou “bem na escola, alegre, brincando e se alimentou bem no início da manhã”. 

Ainda de acordo com a mãe, o menino foi retirado da unidade de ensino e colocado em uma outra creche de Votuporanga. Depois da mudança, a criança nunca mais apresentou os sintomas. 

Além desse caso, outra mãe que prefere não se identificar diz que o filho, aluno da mesma creche, também apresentou os mesmos sintomas quando tinha sete meses, assim que começou a frequentar o local. Ela chegou a levar a criança desacordada para o hospital. 

Investigação 

A Polícia Civil abriu um inquérito e suspeita que este não seja um caso isolado. Cerca de 20 pessoas, entre parentes das crianças e funcionários da escola, já prestaram depoimento na delegacia que investiga o caso. 

O inquérito já conta com mais de 100 páginas e deve ser concluído em um mês. Até agora a polícia já identificou seis crianças, alunos da mesma escola, que apresentaram quadro clínico parecido. 

Segundo o delegado Raymundo Cortizo, a investigação será ampliada para apurar as consequências dessa atitude em cada uma das crianças. 

O que diz a prefeitura 

A Prefeitura de Votuporanga disse que nenhum medicamento é administrado nas escolas municipais para as crianças, com exceção daquelas que possuem receita médica e os pais mandam medicação e as instruções, como o horário e a dosagem do remédio. 

Em relação à denúncia, a prefeitura disse que a Secretaria de Educação foi procurada pelos pais de uma criança no final do ano passado e não por várias, como traz o boletim de ocorrência. 

A Secretaria relatou o caso à Procuradoria Geral do Município, mas, na época, não havia resultado de exames médicos ou qualquer outro material com embasamento legal que determinasse providências administrativas. 

Mesmo assim, a Secretaria da Educação orientou educadores, técnicos e profissionais das escolas municipais. A secretaria ainda não foi notificada quanto à abertura de inquérito. 

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