A Prefeitura de Fernandópolis confirmou na tarde desta quinta-feira, dia 24, que irá abrir processo administrativo para investigar denúncia publicada pelo portal regiaonoroeste.com pela manhã desta quarta sobre suposto desvio de medicamentos na Farmácia Municipal para fins particulares.
De acordo com informações oficiais, a administração do prefeito João Paulo Cantarella (PL) mencionou que caso comprove irregularidades, os envolvidos serão punidos e até mesmo demitidos, mostrando transparência e que não vai tolerar atos que manche o atual governo.
ENTENDA O FATO
Segundo a denúncia publicada nesta quarta-feira, dia 24, pelo portal regiaonoroeste.com, o fato teria ocorrido em uma sexta-feira, por volta das 19h00, quando a Farmácia Municipal já estava fechada. A ordem para buscar duas canetas de insulina teria sido direcionada a uma das responsáveis pela unidade, com a informação de que o material seria entregue a um coordenador para uma suposta demonstração técnica na Universidade Brasil – instituição com a qual o servidor ainda mantém vínculos empregatício, desde que assumiu o cargo na pasta da Saúde. Após publicação do texto, uma fonte de dentro da universidade informou que o funcionário em questão usou as canetas em um projeto universitário da qual ele defende “doutorado”
Diante da gravidade da informação, a reportagem do regiaonoroeste.com buscou esclarecimentos junto ao secretário municipal de Saúde, José Martins Pinto Neto, por meio de mensagens via WhatsApp. Em sua resposta escrita, o secretário confirmou que o servidor comissionado André Losano realizou a retirada de duas canetas de insulina da Farmácia Municipal, justificando que o material seria destinado ao atendimento de um suposto paciente na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Fernandópolis.
Contudo, o esclarecimento inicial levantou questionamentos sobre a adequação do procedimento. A reportagem indagou o secretário sobre a divergência no tipo de insulina utilizada em pacientes diabéticos – geralmente o tipo de insulina administrada é a NPH, que deveria ser retirada do Almoxarifado da Saúde, caso estivesse em falta na UPA, mediante documentação oficial, e não da Farmácia Municipal. Após este questionamento, José Martins solicitou que outras perguntas fossem direcionadas à Secretaria de Comunicação.
A SECOM, por sua vez, encaminhou uma nota oficial confirmando a abertura da Farmácia Municipal fora do horário de expediente pela coordenadora de assistência farmacêutica para a retirada das duas canetas de insulina, alegando que o objetivo era atender pacientes na UPA naquele momento, corroborando, em parte, a denúncia inicial.
O tema voltou à tona durante a prestação de contas dos 100 dias de governo, realizada em 14 de abril. Na ocasião, José Martins foi novamente questionado sobre o caso, uma vez que solicitações anteriores de informações enviadas pela reportagem à SECOM não haviam sido respondidas.
Nesta segunda oportunidade, o secretário municipal apresentou uma nova versão dos fatos. Segundo ele, as canetas de insulina retiradas da Farmácia Municipal foram, na verdade, utilizadas em bonecos de simulação humana retirados da Universidade Brasil para a demonstração de procedimentos médicos e hospitalares aos alunos do curso de Medicina. Martins acrescentou que esses bonecos teriam sido posteriormente transportados para a UPA para um suposto treinamento com enfermeiros e médicos da unidade, sob a alegação de que estes profissionais tivessem conhecimento de como administrar insulina em pacientes.
Outro ponto levantado pela reportagem diz respeito à origem das canetas, questionando se elas pertenciam a pacientes cadastrados que fazem uso regular do medicamento. Em resposta, Zé Martins afirmou que as canetas utilizadas foram doadas por pacientes e estavam supostamente sobrando na Farmácia Municipal.
Tanto o prefeito João Paulo Cantarella quanto outros secretários municipais foram informados sobre os desdobramentos do caso, desde a denúncia inicial até as respostas contraditórias apresentadas pelo secretário de Saúde. O regiaonoroeste.com apurou informações na UPA e obteve a confirmação de que nenhum treinamento com insulina comum, de uso exclusivo de pacientes cadastrados na Farmácia Municipal, foi realizado na unidade.
Diante das inconsistências nas explicações, foi formalmente solicitado que uma sindicância seja instaurada para a completa averiguação dos fatos, com oitiva de testemunhas e servidores envolvidos. A medida visa trazer à luz a verdade sobre o suposto desvio, considerando que a administração de medicamento real em bonecos para fins de treinamento é considerada uma prática desnecessária, sendo comum o uso de água destilada em simulações.
Membros da atual administração também aguardam o desenrolar dos acontecimentos e a apuração rigorosa dos fatos.
Região Noroeste