qui, 24 de abril de 2025

Polícia investiga se suspeito de matar aluna da USP foi executado por facção criminosa

Corpo de Esteliano Madureira apresentava sinais de tortura e foi encontrado no Morumbi, na noite de quarta, 23. Câmeras de segurança registraram momento em que ele atacou a estudante Bruna Oliveira, de 28 anos

Esteliano Madureira, principal suspeito pela morte da estudante Bruna Oliveira da Silva, de 28 anos, foi encontrado morto na noite de quarta-feira, 23, perto de área de mata na Avenida Morumbi, zona sul de São Paulo. O corpo do homem, que tinha 43 anos, apresentava diferentes sinais de tortura.

Uma das hipóteses da Polícia Civil é que ele tenha sido executado pelo “tribunal do crime” de uma facção criminosa.

“Talvez seja a principal linha de investigação, ainda não confirmada, mas a gente acredita que ele tenha sido vítima desses tribunais do crime”, afirmou nesta quinta-feira, 24, o delegado Rogério Thomaz, chefe da Divisão de Homicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP)

Para a polícia, as circunstâncias em que o corpo do suspeito foi encontrado ajudam a sustentar a hipótese de morte pelo PCC. Segundo o boletim de ocorrência, ao qual teve acesso o Estadão, Madureira estava envolto em uma lona azul e com as pernas amarradas uma à outra.

O suspeito tinha ainda mais de dez lesões “pérfuro-contusas” (efetuadas por faca ou outro objeto cortante), em locais como tórax, abdômen e nuca.

“Pela quantidade e natureza das lesões, entendemos que a morte se deu de forma dolorosa, com emprego de tortura”, aponta o boletim de ocorrência.

As investigações indicam que Madureira teria sido levado na última terça-feira, 22, ainda com vida, de Itaquera, região na zona leste em que ele morava e onde Bruna foi morta, até Paraisópolis, na zona sul. O local fica relativamente próximo de onde o corpo foi deixado.

A polícia não descarta que o crime tenha sido cometido por vingança de outros grupos, em vez do chamado tribunal do crime. “Não só nós estávamos em busca da identificação do autor, mas a própria comunidade local tinha interesse em descobrir quem foi”, afirmou Thomaz.

Madureira é descrito pela polícia como “um contumaz usuário de drogas”, conhecido na região de Itaquera como “Mineiro” ou “Cachorrão”. Ele já teria sido autuado por roubo, segundo informações preliminares.

O suspeito morava na comunidade da Prainha, na Avenida Sport Club Corinthians Paulista. “É uma comunidade a 300 metros de onde o corpo da Bruna foi encontrado”, o delegado afirma Alexandre Menechini, da 2ª Delegacia da Divisão de Homicídios, que atuou diretamente no caso.

Segundo a polícia, moradores da região afirmaram que ele teria mudado os hábitos depois que o corpo de Bruna foi encontrada. “Após o crime, o ‘Mineiro’ apresentou comportamento diferente”, disse Menechini. “Esses sinais indicativos também acenavam para a participação dele no crime.”

O DHPP havia representado pela prisão temporária de Madureira na noite desta quarta, enquanto ele ainda estava foragido. “Só que, por coincidência, nessa noite também, foi encontrado um corpo desconhecido, e agora, pela manhã, foi identificado que é o corpo do Esteliano”, disse Thomaz.

A Polícia Civil agora busca identificar os autores do crime. A defesa de Madureira não foi localizada até a última atualização desta reportagem.

Relembre o caso

Bruna foi arrebatada enquanto caminhava para casa, na noite do último dia 13 de abril, na saída no terminal de ônibus da estação de metrô Corinthians-Itaquera, após retornar da residência do namorado no Butantã, na zona sul da capital.

A escolha da vítima teria sido aleatória, segundo a Polícia Civil. “Após arrebatar a Bruna, ele adentra um terreno que tinha um buraco no muro e sobe com ela”, afirma o delegado Rogério Thomaz.

O corpo dela foi encontrado na quinta-feira passada, 17, em estacionamento na Avenida Miguel Ignácio Curi, região da Vila Carmosina, zona leste de São Paulo. Estava seminu, com sinais de violência.

“A gente acredita na hipótese de ela ter sofrido violência sexual”, afirma o delegado. Mas a confirmação, acrescenta ele, ainda depende dos resultados de laudos ainda em produção.

Imagens de câmeras de segurança mostraram o momento em que um suspeito se aproximou e atacou a estudante da Universidade de São Paulo (USP).

A partir dos registros das câmeras de segurança, a polícia produziu uma imagem com auxílio de inteligência artificial (IA). Essa imagem permitiu, segundo os investigadores, a criação de uma foto e a identificação do suspeito. As informações foram cruzadas com apurações de campo.

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