Pirarucu, o gigante que “invadiu” o Rio Grande e ameaça espécies nativas

Foi o tempo que dizer que havia fisgado um pirarucu no Rio Grande era história de pescador. É cada vez mais frequente, e comum,  pescadores  postando nas redes sociais foto ao lado de um gigante originário da bacia amazônica capturado no Rio Grande.

A última façanha ocorreu no final de semana. O pescador Ederson Ozorio, 43, de Fernandópolis, não fisgou apenas um pirarucu, mas seis, com pesos que variaram na faixa de 32 quilos cada um, medindo em média 1,20 metro, bem menores na comparação, por exemplo, com a performance do comerciante Júlio Cezar Marques Padovezi e do eletricista Marcos Alberto Pereira da Silva em julho quando  capturaram um peixe de 75 quilos também no reservatório de Água Vermelha em Mira Estrela. O peixão tinha 1,90 metro de comprimento e logo viralizou nas redes sociais.

A captura de sete pirarucus no Rio Grande em menos de 20 dias, indica que a população desses peixes gigantes está aumentando e colocando em risco a fauna nativa do rio, conforme alertam os especialistas (leia mais abaixo).

A proeza de fisgar um pirarucu vem de longe, desde 2010 quando se tem noticia dos primeiros exemplares fisgados por aqui.

Mas, o primeiro registro científico da presença do pirarucu na região data de 2015. A suspeita é de que os primeiros peixes chegaram ao rio Grande após uma cheia que ocasionou o rompimento de tanques de piscicultura de criadouros particulares.

Em 2016, CIDADÃOnet publicou a história do pescador fernandopolense, Juscelio Araújo, que fisgou um pirarucu de cerca de 90kg nas águas do Rio Grande em um rancho de Mira Estrela. Para tirar o bicho da água foi necessária a ajuda de mais três homens.

Segundo um deles, o peixe gigantesco foi pego com um molinete, linha de 0,35mm e isca artificial.

Em 2022, Izael Gonçalves Moraes Junior e a esposa Cintia de Fátima Moraes, fisgaram um pirarucu de 113 quilos e 2,20 metros, um dos maiores já retirado do Rio Grande (foto acima). Izael contou na época que é pescador profissional há 6 anos e que foi uma surpresa conseguir capturar um peixe deste tamanho ainda mais no dia de seu aniversário. “Foi um troféu”, disse. Assim como ele, outros tantos pescadores colecionam fotos como troféus do dia que retiraram o gigante das águas do Rio Grande.

Estes exemplares foram capturados em uma região de aproximadamente 120 quilômetros nos reservatórios de Água Vermelha e Marimbondo.

INVASOR

“Dentro de uma categoria em que a invasão biológica trabalha, ele já chegou e está estabelecido. Para se tornar uma espécie invasora é só mais um passo”, alerta o biólogo Mário Luís Orsi, do Departamento de Biologia Animal e Vegetal da Universidade Estadual de Londrina que coordenou estudo sobre a introdução do pirarucu nos rios da região. Originário da bacia Amazônica, a espécie, é a maior de água doce em todo o mundo.

O fenômeno do crescimento populacional do pirarucu na região pode resultar em impactos ambientais irreversíveis, como o desaparecimento de espécies nativas muito importantes econômica e ecologicamente.

“É um animal que está no topo da cadeia alimentar. Ele é um predador tanto de espreita, quanto de ataque. Então, imagine um animal com 110 kg e com uma boca deste tamanho, o quanto ele consegue comer, comprovando que a espécie vem se ajustando muito bem ao ecossistema local”, diz o professor.

Por se tratar de um predador invasor, o manejo do pirarucu, segundo Orsi, deve considerar o incentivo à sua pesca mesmo durante a Piracema e até a proibição de sua criação em outras áreas nessa região.

PESCA LIBERADA

Com a crescente pescaria do pirarucu nos rios, a Polícia Ambiental lembra que o pirarucu não é nativo da bacia do Rio Paraná. “O tratamento que os pescadores devem dar a esse peixe é o mesmo dado ao tucanaré, tilápia, porquinho, CD,  espécies exóticas que já são pescados aqui na nossa bacia”, diz a tenente da Polícia Ambiental em Fernandópolis Roberta Aniceto.

Ela tranquiliza os pescadores, que não sendo o pirarucu nativo, não há restrições de medida para pescaria. “A única ressalva que faço é quanto algumas práticas na captura desse peixe com utilização de arbaleta e do arpão. Alguns pescadores insistem em fazer a captura do peixe estando em cima da embarcação. Isso não é autorizado. O arpão deve ser utilizado apenas com o pescador submerso e sem utilização de iluminação artificial e sempre na apneia (submerso).  Ele pode ser capturado por pescador profissional utilizado rede de espera, amador ou profissional, utilizando de linha e caniço”, acrescenta.

O pescador Ederson Ozorio, 43, de Fernandópolis não fisgou apenas um pirarucu, mas seis, com pesos que variaram na faixa de 32 quilos medindo em média 1,20 metro. Foi no último final de semana em Mira Estrela.

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