No dia 1º de maio, o g1 noticiou o caso de um trabalhador rural que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) depois de ser atacado por um enxame de abelhas-europeias na zona rural de Tanabi, no interior de São Paulo. As informações foram confirmadas ao g1 pela esposa da vítima.
O ataque ocorreu no dia 30 de abril. Na ocasião, Luciano Aparecido da Silva estava roçando um terreno quando atingiu o enxame por acidente. Para tentar se livrar das picadas das abelhas, ele chegou a pular dentro de uma represa.
O trabalhador levou mais de 60 picadas, principalmente nas costas, cabeça e pescoço, e foi levado à Santa Casa, onde permanecia internado até esta sexta-feira (5).
Para entender como agir em casos de ataques desses insetos, o g1 conversou com um médico especialista e um tenente do Corpo de Bombeiros.
Quem deve procurar atendimento médico?
Ao g1, Carlos Caldeira, médico especialista em Terapia Intensiva, Emergência e Toxicologia no Hospital de Base (HB) de Rio Preto, explicou que, em casos de pessoas alérgicas a abelhas, é necessário redobrar os cuidados.
“Quando o paciente tem alergia basta uma única picada para desencadear um quadro grave de anafilaxia, falta de ar, queda da pressão e óbito. Nesses casos, é importante que a pessoa leve canetas com adrenalina aos locais com enxames para evitar problemas”, reforça.
Também há casos, conforme o médico, em que as vítimas de ataques levam várias picadas. Nessa situação, a soma do veneno da picada leva a quadros graves, que podem evoluir para infarto, AVC, destruição de hemácias, lesão muscular, insuficiente renal e respiratória. “Temos de 30 a 40 mortes causadas por picadas de abelha no Brasil. As medicações utilizadas, se forem poucas picadas, são antialérgico ou corticoides, em casos que levam apenas a coceira ou a lesão. Em caso de múltiplas picadas, é recomendado que a vítima procure o médico. Esse paciente vai ficar internado e receber hidratação”, orienta.
Carlos ainda orienta que a vítima não tente retirar o ferrão, em caso de picada, uma vez que há a possibilidade de expelir mais veneno. No hospital, ele explicou que retiram o ferrão por meio da raspagem ou lâmina de bisturi, para evitar apertar a bolsa de veneno acoplada ali.
Dizem que jogar água na colmeia evita que abelhas ataquem. É verdade?
Ao g1, o tenente André Luiz Brito Teixeira, do Corpo de Bombeiros, informou que, para evitar ataques, o principal conselho é manter distância da colmeia. Mesmo que ela seja pequena, o morador não deve tentar jogar água.
Em caso de ataque, o tenente recomenda que a vítima corra e se proteja em locais fechados. As principais abelhas que, se agitadas e provocadas, podem se tornar agressivas, são as europeias e africanas. “É orientado que o morador só chame os bombeiros em caso de emergência e ameaça à vida da pessoa, principalmente se alérgica. Se for uma colmeia que está em formação, pedimos que o morador chame um apicultor”, orienta.
Entre as medidas preventivas para afastar os insetos, o tenente elenca as principais: manter o terreno limpo, evitar bebidas e alimentos doces destampados por longos períodos.
O tenente ainda lembra que eliminar enxame de abelha é crime ambiental, previsto em uma lei federal, passível de multa e reclusão.