qua, 15 de janeiro de 2025

Ocupação de leitos de UTI cai na região ao nível mais baixo de 2021

UTI  do Hospital Santa Clara, em Colorado, na região Norte do Paraná.   03/08/2020 -  Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Nível mais baixo de 2021; dados são positivos, mas não podem servir de desculpa para relaxar nos cuidados. E vacinação é essencial

 

A ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Departamento regional de Saúde (DRS) de Rio Preto, que abrange 102 municípios, chegou ao menor nível do ano de 2021. De acordo com a Fundação Seade, nesta quinta-feira, 19, havia 52,7% dos leitos ocupados. É o menor desde 13 de dezembro do ano passado, quando o registro era de 52,3% de lotação.

De acordo com medição feita pela plataforma da Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), a velocidade de contágio na região está em 0,72 – abaixo de um, o número é considerado ideal para conter o avanço da pandemia. Em um dia, foram 55 novas internações em enfermaria e UTI na região (esse número já chegou a 193). A média móvel de internações, que considera os dados da última semana, já bateu 153 no DRS, e nesta quinta-feira, 19, estava em um terço dessa quantidade, em 52.

Com a diminuição da quantidade de internações, o mesmo acontece com as mortes. E os cenários desesperadores vistos há alguns meses, de mais de uma centena de pacientes à espera de leitos de UTI na região e morrendo sem vaga, não é uma realidade neste momento. Em Rio Preto, leitos já foram desativados frente ao arrefecimento da pandemia.

O principal fator para a redução na ocupação dos leitos e, consequentemente, dos óbitos por Covid, é a vacinação. Ulysses Strogoff de Matos, infectologista do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, vinculado à USP, pontua que o coronavírus tem uma sazonalidade, ou seja, pode voltar a circular com mais intensidade e encontrar pessoas não imunizadas – seja porque a campanha ainda não as contemplou, seja porque tiveram Covid e ficaram temporariamente impedidas de se imunizar ou porque estão parcialmente vacinadas, somente com a primeira dose, que não confere a proteção total esperada do imunizante.

Há chances de a variante delta, mais contagiosa, agir com força no Brasil. “Quanto mais transmissível uma variante, maior a possibilidade dela fazer estrago.” É imprescindível que as medidas de segurança como uso de máscara, distanciamento social e lavagem das mãos continuem a ser adotadas.

Na avaliação de Matos, o momento é para aproveitar a queda nos índices da pandemia e acelerar a vacinação, simplificar o acesso das pessoas às doses, além de fazer uma busca ativa por aquelas que ainda não tomaram a segunda dose. “Fazer uma campanha incentivando as pessoas a se vacinarem, organizar melhor a distribuição de vacina. Tem doses, mas tem atraso na chegada da vacina às pessoas,” diz. “Temos possibilidade de chegar a uma das maiores coberturas vacinais do mundo, mas se continuar do jeito que está isso vai significar dezenas de milhares de mortes. Se houver novo pico vamos ter uma situação muito difícil, porque o sistema de saúde, principalmente o SUS, está combalido”, avalia.

‘A pandemia não acabou’

Durante live nesta quinta-feira, 19, o secretário de Saúde de Rio Preto, Aldenis Borim, foi enfático em afirmar que a pandemia ainda não acabou e que o coronavírus continua circulando. Ele estima para setembro, inclusive, a chegada da variante delta a Rio Preto – o natural é que a cidade seja a porta de entrada para a nova cepa, pois é centro regional; depois, a tendência é que se espalhe para os municípios vizinhos.

“Se nós pararmos de vacinar ela (pandemia) volta. O vírus está circulando, e gostaria de lembrar que existe uma nova cepa, que é a delta, e o mundo sabe muito pouco sobre ela”, afirma. Embora a maioria da população tenha recebido pelo menos uma dose da vacina, somente 36,3% dos rio-pretenses estão completamente imunizados com duas doses ou dose única.

Borim estima que a chegada da delta não será tão devastadora à cidade como a segunda onda foi, marcada principalmente pela variante gama, oriunda de Manaus, se a vacinação se mantiver. “A segunda onda foi o momento mais difícil que passamos. Muitos casos, poucos médicos, poucas enfermeiras, não conseguíamos contratar, filas imensas para ser atendidas.”

Ele pontua, porém, que o controle também depende da população. “Acreditamos que se não houver os cuidados necessários ela vai pegar também como pegou lá atrás. A pandemia não acabou. Tem nova cepa, tem gente não vacinada e isso é preocupante. Fila, boteco, comércio sem distanciamento vão gerar prejuízos para a economia e para a vida das pessoas.” (MG)

Leitos

Departamento
 Regional de Saúde (DRS) de 
Rio Preto até 16/8/2021 
(inclui 102 cidades)

 Ocupação de leitos no DRS

Enfermaria: 30,9%

UTI: 56,1%

54 novas internações 
em 16/8

 Ocupação de leitos no Estado

Enfermaria: 28,3 %

UTI: 43,6%

 Internações de pacientes de Rio Preto em 16/8 com SRAG

213 pacientes

Enfermaria: 103

UTI: 110

 Hospitais de Rio Preto

Hospital de Base (inclui pacientes da região)

Enfermaria (173 vagas): 64 pacientes (36,7% de ocupação)

UTI (153 vagas): 107 pacientes (69,9% da ocupação)

Hospital da Criança

Enfermaria (30 vagas): 2 pacientes

UTI (14 vagas): 2 pacientes

Santa Casa

Enfermaria (59 vagas): 26 pacientes (45%)

UTI (52 vagas): 34 pacientes (65%)

Hospital João Paulo II

UTI (8 vagas): 2 pacientes

UPA Jaguaré

UTI (30 vagas): 
11 pacientes

Enfermaria (15 vagas): 11 pacientes

UBS Luz da Esperança

Enfermaria (27 vagas): 0 paciente

Unidade de Suporte Ventilatório Fraternidade

U T I (30 leitos): 7 pacientes

UPA Santo Antônio

UTI (29 leitos): 7 pacientes

UBS Anchieta

Enfermaria (26 leitos): 11 pacientes

Millena Grigoleti – diarioweb.com.br