Pediatra da UTI do Hospital da Criança e Maternidade há 17 anos, Maria Adelaide Cabral foi às redes sociais contar sobre a situação do local e alertar sobre os novos vírus
A pediatra da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital da Criança e Maternidade (HCM) de Rio Preto, Maria Adelaide Cabral, publicou um texto em suas redes sociais desabafando sobre a situação do hospital. “Nunca presenciei o que estamos vivendo”, afirmou
Desde o final do último mês, todos os leitos de UTI do HCM estão lotados e a enfermaria está com lotação em torno de 70%. O motivo é o surto de síndrome respiratória aguda grave (SRAG), doença pulmonar severa.
O hospital já comunicou ao Departamento Regional de Saúde (DRS) de Rio Preto e à Secretaria Municipal de Saúde, que estão direcionando as crianças, quando posssível, para outros centros. Na última segunda-feira, 13, a doença respiratória levou à morte uma criança que estava internada na UTI do HCM desde sábado, 11.
Em sua publicação, a pediatra ressaltou que possui 27 anos de formada, estando 24 destes na pediatria, 23 na terapia intensiva e 17 na UTI pediátrica do hospital, mas que nunca presenciou o que está vivendo agora.
Maria Adelaide chegou a comparar o momento atual com o final da primeira onda de Covid. De acordo com ela, na época, os pediatras ficaram em alerta e muito preocupados de como seria a doença nas crianças, mas que, “nem de perto”, vivenciaram o que os colegas clínicos passaram, sendo que as crianças ficaram menos doentes.
‘Aumento absurdo’
A médica contou que, com a melhora da pandemia, crianças voltaram a frequentar escolas, creches, brincadeiras, aniversários e festas, hábitos aos quais ela não se opõe, mas destacou que estamos vivenciando um aumento “absurdo” de casos virais, como o Vírus Sincicial Respiratório, rinovírus, adenovírus e Influenza.
Segundo a pediatra, não existe um tratamento específico para estes vírus, que deixam as crianças em estado grave. “Não é uma simples virose às vezes”, justificou Maria Adelaide.
‘Estamos exaustos’
Na sequência, a médica voltou a lembrar que o HCM está lotado e comentou sobre a sensação das equipes. “Estamos exaustos”, disse. Ela acrescentou que a equipe de intensivistas pediátricos em Rio Preto e no Brasil é pequena e há poucos leitos.
De acordo com ela, médicos gestores do hospital estão se empenhando na abertura de leitos extras, mas a equipe está “no seu limite”. “Emergências? Lotadas! Com até três horas de espera!”, exclamou Maria Adelaide, que pediu cuidado aos seguidores.
“Se puderem, evitem aglomeração! Não deixem que adultos fiquem beijando, abraçando seus filhos! Pode ser que não tenha uma vaga para ele!”, concluiu a profissional.
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