Entre os crimes investigados estão corrupção, fraude em licitações e desvio de recursos públicos de até R$ 300 milhões. Pai e o irmão do político também foram presos.
O ex-governador Marcelo Miranda (MDB) chegou em Palmas/TO por volta das 12h20 em um avião da Polícia Federal que não estava identificado. Ele foi preso em Brasília/DF em cumprimento a um mandado de prisão preventiva da Operação 12º Trabalho. Ao lado do pai, Brito Miranda, e do irmão, José Edmar Brito de Miranda, o político é suspeito de integrar uma organização criminosa que teria causado prejuízo de R$ 300 milhões aos cofres públicos. Entre os crimes investigados estão corrupção, fraude em licitações e desvio de recursos públicos.
As prisões preventivas dos três investigados não têm um prazo determinado e dependem da existência dos requisitos legais para sua manutenção. O ex-governador deverá ficar detido em sala do estado maior a ser indicada pelo Comando-Geral da PM do Tocantins. Os três alvos também ainda devem passar por audiência de custódia na tarde desta quinta-feira (26), a partir das 13h, na sede da Polícia Federal em Palmas.
José Edmar Brito Miranda, de 85 anos, foi preso em um apartamento em Palmas. O irmão do ex-governador, José Edmar Brito Miranda Júnior, também teve a prisão decretada e foi encontrado em Santana do Araguaia/PA.
A defesa da família informou que não há fundamento para um decreto de prisão. “São fatos antigos, requentados e já reprisados na denúncia ofertada na operação Reis do Gado. Ação penal que, embora se tenha apresentado defesa, até o momento não há decisão”, diz a defesa.
De acordo com a Justiça, o suposto esquema criminoso se perpetuou em todos os mandatos de Marcelo Miranda à frente do governo estadual. O esquema serão tão sofisticado e bem articulado, com utilização de laranjas e prepostos, que a Justiça encontrou apenas R$ 256 nas contas do ex-governador.
O nome da operação desta quita, 12º Trabalho, faz referência ao 12º trabalho de Hércules, seu último e mais complexo desafio, que consistia em capturar Cérbero.
Cassações e outras operações
Marcelo Miranda foi eleito governador do Tocantins três vezes, sendo cassado duas vezes. Ele governou o estado entre 2003 e 2009 e entre 2015 e 2018. A última cassação foi por causa de um avião apreendido em Goiás com material de campanha e R$ 500 mil ligados a campanha do ex-governador em 2014.
Ele também foi eleito senador da República, mas não pôde assumir porque foi considerado inelegível.
Marcelo Miranda já foi alvo de diversas investigações das Polícias Federal:
- Reis do Gado (2016): investigou um esquema de lavagem de dinheiro e fraudes em licitações públicas. Miranda chegou a ser conduzido coercitivamente para prestar depoimento no caso. Parentes dele foram indiciados, inclusive o pai, Brito Miranda.
- Marcapasso (2017): apurou fraudes em licitações, cobrança por cirurgias na rede pública e até a realização de procedimentos desnecessários em pacientes para desviar recursos. O ex-secretário estadual da saúde Henrique Barsanulfo Furtado foi um dos indiciados.
- Convergência (2017): Miranda foi indiciado em ação sobre fraude em contratos para construção de rodovias.
- Pontes de Papel (2018): investigou desvios destinados à execução de construção de pontes e rodovias no estado.
- Lava Jato: um delator da Odebrecht disse que Miranda recebeu R$ 1 milhão para campanha em 2014.
Em 2019, o ex-governador também foi indiciado pela Polícia Civil em um inquérito que apura a existência de servidores fantasmas no governo do Tocantins.
FONTE: Informações | G1/TO