Equipe do opositor russo afirma que traços de novichok foram encontrados em garrafas coletadas em hotel onde Navalny estava hospedado em Tomsk, na Sibéria.
O opositor russo Alexei Navalny adoeceu após beber uma garrafa de água envenenada no quarto do hotel onde estava hospedado em Tomsk, disseram os seus assessores nesta quinta-feira (17). Navalny precisou de atendimento médico durante um voo que ia dessa cidade na Sibéria para Moscou em 20 de agosto.
A equipe de Navalny afirmou que, logo depois que o opositor passou mal no avião, eles foram até o quarto do hotel com um advogado e começaram a embalar tudo o que encontravam, de maneira especial as garrafas de água. Imagens feita no hotel foram divulgadas no Instagram do opositor.
De acordo com os assessores, foi em uma garrafa de água do hotel que os especialistas alemães encontraram duas semanas depois os vestígios de novichok, agente neurotóxico desenvolvido pela União Soviética para uso militar.
Inicialmente, os assessores de Navalny pensavam que ele tinha sido envenenado ao tomar um chá antes de embarcar no aeroporto de Tomsk.
O avião em que o opositor estava foi obrigado a fazer um pouso de emergência em Omsk, também na Sibéria, onde ele ficou internado. Os médicos russos disseram não ter detectado traços de veneno. Dias depois, o opositor foi transferido com suspeita de envenenamento em estado grave para o hospital da Charité, em Berlim, na Alemanha.
Navalny, de 44 anos, saiu do coma induzido em 7 de setembro, mas segue internado. Nessa semana, ele postou uma foto em uma rede social e disse que está conseguindo respirar sozinho.
Opaq analisa amostras
Um laboratório alemão concluiu em 3 de setembro que Navalny foi envenenado com uma substância do tipo novichok. Como o acesso ao produto é restrito, o governo russo é pressionado a explicar o incidente. Laboratórios franceses e suecos confirmaram as conclusões alemãs, aumentando a pressão sobre Moscou.
As autoridades russas, no entanto, minimizam os indícios de que Navalny foi vítima de um envenenamento voluntário e reclamam não ter tido acesso às informações sobre o estado clínico do opositor.
Nesta quinta, a Organização para a Proibição das Armas Químicas (Opaq), um organismo apoiado pela ONU, confirmou que enviou especialistas para a Alemanha para obter amostras da substância encontrada no corpo do opositor russo. Os resultados da análise devem ser anunciados em breve.
O diretor da Opaq, Fernando Arias, expressou no início do mês “grave preocupação” com o caso.
O novichok foi utilizado contra o ex-espião russo Sergei Skripal e sua filha Yulia, em 2018, na Inglaterra.
FONTE: Informações | g1.globo.com