O júri popular que julgou Davi Izaque Martins Silva pela morte da médica Thallita da Cruz Fernandes, de 28 anos, terminou com uma sentença contundente: 31 anos e seis meses de prisão em regime fechado. O julgamento ocorreu nesta segunda-feira (21), no Fórum de São José do Rio Preto, e durou quase sete horas. O plenário ficou lotado, principalmente por estudantes da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp), onde a vítima se formou em 2021.
A decisão foi tomada por um conselho de sentença formado por seis mulheres e um homem, que acolheu integralmente a tese apresentada pelo Ministério Público. Davi foi condenado por homicídio qualificado – por motivo torpe, meio cruel, feminicídio e recurso que dificultou a defesa da vítima – além de tentativa de ocultação de cadáver.
A sessão teve início às 13h30 e se estendeu até as 19h40. Ao final, a sentença foi comemorada por familiares, amigos e colegas da vítima, visivelmente emocionados.
Protesto e comoção
Antes mesmo do início da audiência, cerca de 130 estudantes da Famerp se reuniram em frente ao Fórum para protestar contra a violência de gênero, segurando cartazes e entoando palavras de ordem. A movimentação foi tamanha que os servidores do Fórum precisaram distribuir senhas para controlar o acesso ao plenário, cujas 110 cadeiras foram rapidamente ocupadas.
“A nossa presença aqui é um ato de resistência e de conscientização. O machismo não escolhe classe social. Como estudantes de Medicina, queremos dizer que estamos atentas e que é preciso mudar essa realidade”, afirmou Giovanna Frioli, aluna do sexto ano da Famerp.
Tentativa de defesa e carta manuscrita
Horas antes do julgamento, a defesa de Davi Izaque divulgou uma carta escrita por ele, na qual pedia desculpas à família de Thallita. No tribunal, o réu alegou ter sofrido ameaças e agressões durante o relacionamento, mas não apresentou provas dessas acusações.
A advogada de defesa, Karen Requena, anunciou que irá recorrer da sentença.
Crime chocante
Thallita foi assassinada em agosto de 2023, em seu apartamento. Segundo a investigação, conduzida pelo delegado Alceu Lima de Oliveira Júnior, Davi não aceitou o fim do relacionamento, que durou cerca de três anos. A médica foi morta a facadas e teve o corpo colocado dentro de uma mala, com a intenção de ocultá-lo. O plano foi frustrado após o zíper da bagagem rasgar, impedindo o transporte. O autor foi preso no dia seguinte ao crime.
A condenação é vista por muitos como um passo importante na luta por justiça para as vítimas de feminicídio e por maior conscientização sobre a violência contra as mulheres.