qui, 16 de janeiro de 2025

Mulher está na UTI após cirurgia de redução da “papada” em Rio Preto

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Paciente de 45 anos fez procedimento estético em clínica odontológica, sendo internada posteriormente em estado grave no Hospital de Base.

Uma mulher de 45 anos está internada em estado grave no Hospital de Base, de São José do Rio Preto/SP, desde que foi ser submetida a uma cirurgia de redução de “papada” na manhã desta terça-feira (8) e gerou complicações. A reportagem apurou que a operação foi realizada em uma clínica de odontologia, fora de ambiente hospitalar, por uma tia da paciente, que é dentista.

A paciente que é moradora de Rio Preto, chegou a ter alta e estava dentro do carro com o marido quando começou a convulsionar. A família então teria chamado um carro de aplicativo e o motorista estacionou na frente de uma clínica médica, na avenida Alberto Andaló, quando a mulher começou a passar mal. Funcionários e médicos fizeram os primeiros socorros e acionaram o Resgate do Corpo de Bombeiros, às 10h38.

Quando os bombeiros chegaram, a paciente já estava em parada cardiorrespiratória e uma mulher tentava reanimá-la. A equipe levou cerca de 40 minutos para fazer os batimentos voltarem e a paciente foi levada ao Hospital de Base, onde novamente teve parada cardiorrespiratória e ficou mais 40 minutos sem respirar. A reportagem apurou junto a médicos que, ela tem grandes chances de apresentar sequelas, já que o cérebro ficou muito tempo sem receber oxigênio.

O estado de saúde da paciente é grave e ela está sedada e entubada.

Uma resolução do Conselho Federal de Odontologia (CFO) publicada no início deste ano reconhece a harmonização orofacial como especialidade odontológica e permite que cirurgiões dentistas realizem plásticas na face. Autoriza a realização de bichectomia, para diminuir a bochecha, além de, por exemplo, cirurgias para correção labial e uso de toxina botulínica e preenchedores faciais.

Sofia Takeda Uemura, cirurgiã dentista do Conselho Regional de Odontologia (CRO) do Estado de São Paulo, diz que a resolução 198/2019 não deixa claro quais são os procedimentos permitidos. “É uma resolução nova, esse é um ponto que a gente vem discutindo, não tem um entendimento firmado de quais estariam dentro dessa resolução.”

O texto estabelece que para realizar procedimentos de harmonização orofacial é necessário ser especialista na área registrado nos conselhos. O mínimo exigido é um curso de 500 horas. A resolução não determina a quais requisitos as clínicas de odontologia devem atender para serem aptas a receber pacientes para essas cirurgias – segundo Sofia, este ponto também ainda está sendo analisado.

Caso a paciente ou sua família entendam que no procedimento realizado nesta terça houve algum desrespeito à ética profissional de cirurgiões dentistas, é possível registrar uma denúncia no CRO.

Na época da publicação da resolução 198, a Associação Médica Brasileira e o Conselho Federal de Medicina divulgaram uma nota em que afirmam que a resolução é mais uma tentativa de “ampliar irregularmente o escopo de atuação de dentistas, invadindo a esfera de atuação exclusiva dos médicos, segundo disposições expressas da Lei do Ato Médico”. As entidades chegaram a entrar na Justiça contra o documento, mas ele está valendo.

Dentistas ouvidos à época, argumentam que durante a faculdade os odontologistas estudam toda a face e, portanto, estariam aptos a realizar intervenções. Já médicos consideram que cirurgiões plásticos e dermatologistas levam anos para se aperfeiçoarem em suas áreas e são treinados para lidar com complicações. Para os profissionais, a resolução do CFO contraria a lei federal do ato médico, que determina que são de exclusividade do médico a indicação e a execução da intervenção cirúrgica e prescrição dos cuidados pré e pós operatórios e a indicação da execução de procedimentos invasivos – sejam diagnósticos, terapêuticos ou estéticos.

FONTE: Informações | Diário da Região