qua, 15 de janeiro de 2025

Moradores protestam contra intolerância religiosa após mãe perder guarda da filha depois de ritual em candomblé

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Menina de 12 anos passou por um ritual de candomblé, em Araçatuba/SP; houve denúncia de maus-tratos e guarda provisória ficou com a avó. Caso corre em segredo de Justiça.

Moradores de Araçatuba/SP se reuniram na tarde desta quinta-feira (13) para fazer um protesto contra a intolerância religiosa depois de uma mãe perder a guarda da filha que participou de um ritual de iniciação no candomblé.

G1 apurou que a decisão foi tomada pela Justiça depois de uma denúncia anônima informando que a adolescente estaria sofrendo maus-tratos em um terreiro.

De acordo com o boletim de ocorrência, policiais foram ao local no dia 23 de julho e encontram a adolescente tranquila, sem lesão ou hematoma aparente. Ela trajava roupas brancas, que remetem à religião, e estava com os cabelos raspados.

Questionada, a garota informou que estava passando por um tratamento espiritual e que não sofreu nenhum tipo de maus-tratos. A mãe dela também confirmou a informação e disse que a raspagem dos cabelos fazia parte do processo de iniciação do candomblé.

A garota, então, passou por perícia no Instituto Médico Legal (IML) para constatação do corte de cabelo, o que o delegado de plantão entendeu como uma forma de lesão corporal.

O caso ganhou repercussão nacional. Os moradores então, resolveram fazer a manifestação pacífica, que começou na frente do Conselho Tutelar de Araçatuba, por volta das 16h.

Em seguida, eles seguiram para a Praça Rui Barbosa, onde continuaram reunidos. A Polícia Militar acompanhou o ato e interditou algumas ruas para a segurança dos moradores.

Voltar para a casa

Em entrevista ao G1, a mãe da menina informou que contratou um advogado para fazer com a filha, que atualmente está com a avó materna, volte para a casa da família.

“Minha filha fica chorando, dizendo que quer ir embora para minha casa. Minha rotina mudou totalmente, não durmo direito, não como, fico pensando nela. Acabou minha rotina de vida”, disse Kate Belintani.

A mãe da adolescente também contou que a filha foi retirada do terreiro depois de sete dias do início do ritual, que normalmente costuma durar 21 dias.

Durante o período em que permaneceu no terreiro, a menina se alimentou com comida saudáveis, passou por uma limpeza espiritual, recebeu banho de ervas e participou de orações.

“Minha menina é médium. Ela tinha muitas visões. Eu sabia que um dia iria aflorar nela. Aflorou já tem um tempo pelas visões, dores de cabeças constantes. Eu tentei segurar o máximo que pude. Por ela, ela tinha feito a iniciação a muito tempo atrás”, contou.

“Eu não a abandonei em nenhum minuto. Eu fiquei com ela o tempo todo, dormi no local, o tempo inteiro. Eu fiquei os sete dias ao lado dela. Eu estou lutando para que ela volte para casa. O Brasil precisa ver que existe o racismo. Minha filha vai fazer 13 anos em outubro. Ela tem uma vida, escola, amizades, tudo”, complementou Kate.

O caso corre em segredo de Justiça. O Ministério Público concordou com o pedido de revogação da guarda provisória concedida para a avó da menina. Kate ainda será chamada para esclarecer os fatos.

FONTE: Informações | g1.globo.com