Moradora de Votuporanga usa madeira descartada para criar peças de artesanato exclusivas

Mônica Arantes usa madeira que encontra em pontos de descarte de resíduos e a transforma em arte, além de contribuir com a preservação do meio ambiente.

“Consigo muita coisa nos Ecopontos [locais de descarte de resíduos] de minha cidade. Desde que eles foram criados, comecei a levar meu lixo reciclável lá e encontrava muita coisa legal que às vezes levava para a casa. Me divirto muito garimpando madeira, nunca se sabe o que vai encontrar. Quando estou na rua, sempre fico de olho em caçambas de entulho em busca de matéria-prima. Também recebo móveis antigos de pessoas que conhecem meu artesanato”, diz.

Os itens recolhidos pela artesã são utilizados na fabricação de oratórios, luminárias, bandejas, banquetas, objetos decorativos e até armários.

“De acordo com cada material surgem as ideias. Ele próprio sugere uma nova utilidade, a forma vai acontecendo instintivamente e apenas vou criando, não costumo desenhar antes, planejar”, explica.

O processo para a fabricação de uma peça começa no garimpo, seguida pela limpeza. Nesta etapa, ela retira pregos, parafusos, corta, lixa e desengrossa a madeira, que se transforma em itens exclusivos.

O interesse de Mônica pela arte e reciclagem surgiu ainda na infância, após elaborar um trabalho escolar com materiais recicláveis.

“Antes não se ouvia falar de reciclagem. Na quinta série eu tive um professor que pediu um trabalho para uma feira de ciências, fiz então um mini-prédio de papelão que tinha iluminação com lâmpada e até elevador feito com um pequeno motor de carrinho de controle remoto, fios e pilhas velhas.”

O processo para a fabricação de uma peça se inicia a partir do garimpo, que logo após o encontro do item necessário para o artesanato, é feita a limpeza. “Começa com o material, se não tenho, preciso garimpar e encontrar itens, como gavetas antigas, partes de móveis, sobras de fábricas, assim tenho o que preciso para começar a limpeza das peças, retirando pregos, parafusos, cortar e lixar, desengrossar a madeira, para que então possa a ser utilizada. Cada peça é única, não se repete, já que as matérias primas também são sempre diferentes”, conta Mônica.

Durante a coleta dos materiais recicláveis, Mônica Arantes encara alguns desafios, como os riscos de se machucar.

“É preciso persistência, nem sempre a gente encontra material, existe também o risco de se machucar garimpando, pois há pregos, escorpiões, poeira, já levei muito tombos, mas procuro respeitar as regras desses locais que acho de uma importância enorme para a cidade e onde fiz muitos amigos!”, conta Mônica.

Em muitos casos, materiais recicláveis são descartados em locais proibidos e de maneira incorreta, perdendo o seu valor para a reciclagem.

Atualmente, ela vivencia a experiência de trabalhar com o que ama. Mas afirma que é necessário persistência para encontrar o material adequado e também evitar se machucar ao garimpar e produzir as peças.

Nesta quarta-feira (17) é comemorado o Dia Mundial da Reciclagem, onde se reflete a importância de reduzir, reutilizar e reciclar. “Acho que a reciclagem é vital para todos nós. O que falta é a percepção de que todo mundo precisa fazer a sua parte quando se trata de meio ambiente, reciclar, reaproveitar, reduzir, plantar. O Brasil é rico em recursos naturais e precisamos valorizá-lo.”

*Sob supervisão de Heloísa Casonato