qua, 15 de janeiro de 2025

‘Minha terceira vida’, diz fisioterapeuta que sobreviveu a queda de marquise e superou câncer

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Juliana Maria Garcia sofreu fratura na coluna e precisou ser submetida a cirurgia. Uma jovem de 18 anos não resistiu aos ferimentos e morreu após estrutura cair em Penápolis (SP).

A fisioterapeuta Juliana Maria Garcia, de 38 anos, que sobreviveu após a marquise de um shopping desabar na região central de Penápolis (SP), disse que já superou um câncer e após sair viva do acidente acredita que está vivendo ‘uma terceira vida’.

O desabamento ocorreu por volta do meio-dia de sábado (23), na esquina das ruas São Francisco com a Manuel Bento da Cruz. A balconista Késia Aquilino Cândido, de 18 anos, também foi atingida pela estrutura, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

Em entrevista à TV TEM, a fisioterapeuta afirmou que estava com a filha de 4 anos quando a marquise desabou. Contudo, a menina conseguiu escapar sem nenhum machucado.

Fisioterapeuta atingida por marquise de shopping fala sobre acidente

“Eu não acho que tenha culpado. Aconteceu porque tinha que acontecer. É minha terceira vida já, pois já tratei de um linfoma. Então, a gente olha com outros olhos, mas eu podia estar no lugar da jovem, que não sobreviveu”, afirma a fisioterapeuta.

Juliana diz que não se lembra muito, mas que o acidente aconteceu de forma rápida e que ficou acordada durante todo o trabalho de resgate realizado pelo Corpo de Bombeiros.

“Quando eu vi, já estava no chão. Pensei na minha filha, mas logo ela veio e me chamou. Eu não sentia minhas pernas, elas estavam formigando, e minha lombar doía. Por acaso, passou uma ambulância no local e pediram para ela parar”, afirma a fisioterapeuta.

“Passei por uma cirurgia na coluna. Precisaram colocar dez parafusos. Estou mexendo as pernas, tenho sensibilidade e agora estou me recuperando. Eu assustei, mas não penso em trauma, a vida continua”, alega Juliana.

Morte

Késia Cândido morreu após ser atingida por marquise de shopping — Foto: Arquivo Pessoal

A balconista Késia morreu depois de ser atingida pela marquise após ir ao shopping visitar a irmã, que trabalha no local. Ela era mãe de uma criança de apenas sete meses. O corpo dela foi enterrado no Cemitério Municipal de Penápolis, no domingo (24).

De acordo com o pai da jovem, Ezequiel Cândido, a jovem saiu de casa acompanhada do marido para comprar roupas em uma loja na região central do município.

“O marido a deixou e foi até um lava-jato. Minha filha foi até a loja e depois desceu para o shopping para visitar a irmã. Ela ligou para o marido, conversou com a minha filha, deu tchau duas vezes e saiu sorrindo. Parece que até despedindo. Ela estava aguardando e foi quando aconteceu a tragédia”, afirma o aposentado.

Pai de Késia fala sobre morte da filha — Foto: Reprodução/TV TEM

Ainda segundo o pai de Késia, a família afirma que espera uma resposta dos órgãos competentes para explicar como o acidente pôde acontecer. O corpo da vítima foi enterrado no Cemitério Municipal de Penápolis (SP), no domingo (24).

“A gente só quer uma resposta dos órgãos públicos e dos bombeiros. A morte da minha filha não pode ser em vão. Vai que ter uma explicação. Temos que ver se isso está em dia. O que eu quero, não é prejudicar ninguém, é uma resposta sobre como perdi minha filha”, diz Ezequiel Cândido.

Prédio periciado

Após o acidente, fiscais do Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea) estiveram durante a manhã desta segunda-feira (25) no local para analisar o que poderia ter acontecido para a marquise cair. A vistoria também vai avaliar se a documentação do prédio estava regularizada.

“Nosso serviço é notificar o grupo que administra o shopping, notificar o Corpo de Bombeiros e polícia científica para abrir um processo e analisar a conduta dos profissionais responsáveis. Vamos analisar se houve reforma, se tem a RT (registro técnico) das obras”, afirma José Paulo Saes, gerente regional do Crea.

Marquise desabou em shopping de Penápolis e atingiu pessoas — Foto: Arquivo Pessoal

Além do conselho, a Polícia Científica também esteve no prédio nesta segunda-feira para investigar a causa da queda da marquise. Um laudo deve sair em 30 dias e a polícia trata o caso como homicídio culposo e lesão corporal, já que uma mulher atingida pela marquise segue internada em um hospital na região.

Em nota, a diretoria do Penápolis Shopping Center informou que todos os esforços foram empenhados no socorro e apoio às vítimas e que estão colaborando com as autoridades para apurar os reais motivos do acidente. A nota diz ainda que “a prioridade, neste momento, é auxiliar as vítimas do acidente, seus familiares, lojistas e funcionários.”

A Prefeitura de Penápolis informou que o alvará do prédio está regularizado e que ele vence em janeiro de 2020. A Defesa Civil fará a liberação do local. No entanto, ainda informou que está analisando a situação e não há previsão para que isso ocorra.

FONTE: G1