qua, 15 de janeiro de 2025

Médico apontado como chefe de quadrilha que movimentou R$ 2,5 bi da Saúde recebeu homenagens em cidades paulistas

cleudson

Cleudson Montali recebeu título de cidadão emérito em Agudos/SP e Birigui/SP, cidades onde Operação Raio X cumpriu mandados e prendeu vereadores. Ação da Polícia Civil e Gaeco contra desvio de verba da Saúde prendeu 53 pessoas em cinco estados.

A operação que investiga desvio de verba da área da saúde, chamada de Raio X, apontou como um dos principais responsáveis pelo esquema o médico anestesista Cleudson Montali.

Segundo a investigação da Polícia Civil e do Gaeco, grupo do Ministério Público que combate organizações criminosas, Montali usava quatro organizações sociais (OS) que administrava para fazer contratos fraudulentos. As OSs movimentaram R$ 2,5 bilhões e os desvios chegam na casa dos R$ 500 milhões, conforme a investigação.

O médico, que foi preso durante a operação no dia 29 de setembro, junto com outras 52 pessoas, foi diretor em várias unidades de saúde.

Montali também foi homenageado em Birigui/SP e Agudos/SP com o título de cidadão Emérito. Nessas duas cidades a a polícia cumpriu mandados e prendeu vereadores que estariam envolvidos no esquema.

Conforme a denúncia do MP, a investigação, que durou dois anos, apontou que as organizações sociais de Cleudson cresceram rapidamente e fecharam contratos em 27 cidades de quatro estados: Pará, Paraíba, Paraná e São Paulo.

Segundo a denúncia do MP, as OSs do anestesista contratavam empresas terceirizadas que superfaturavam as notas fiscais ou nem entregavam o serviço contratado, e que essas empresas pertenciam a pessoas envolvidas no esquema.

Segundo o Fantástico apurou, a quadrilha, que tinha a participação de políticos, desviou R$ 500 milhões, que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid.

Participação de políticos

Em muitas das vezes, os políticos estavam envolvidos no esquema para ajudar na primeira fase do esquema, o fechamento de contratos com o poder público. Em Agudos, um vereador foi preso suspeito de envolvimento no esquema.

Glauco Luiz Costa (MDB), conhecido como “Batata”, teria recebido R$ 50 mil para votar pela cassação do prefeito, Altair Francisco Silva (PRB), e influenciar os colegas na votação. A tentativa de afastar o prefeito é por ele ter rompido com o contrato de uma das OSs de Cleudson.

Quem é Cleudson Montali

Nascido em Bauru/SP, o médico com especialidade em anestesia Cleudson Montali, 46 anos, foi diretor em vários hospitais e chegou a ser presidente regional da Associação Paulista de Medicina. O médico, descrito pela polícia e pelo Ministério Público como uma pessoa discreta, também foi diretor do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Araçatuba.

A polícia descobriu que o patrimônio milionário dele conta com uma fazenda em Mato Grosso do Sul, avaliada em R$ 10 milhões, além de um jatinho, de R$ 7 milhões.

Veja a lista de títulos de Cleudson Montali:

  • graduado em medicina pela Universidade Federal de Uberlândia (anos 1990);
  • serviu à Força Aérea Brasileira (em 1999), junto ao Sexto Comando Aéreo Regional de Brasília.
  • atuou como anesteologista na Santa Casa de Penápolis e Hospital Luis Valente de Penápolis, onde permaneceu até meados de 2005;
  • presidente da Associação Paulista de Medicina de Penápolis
  • diretor técnico e diretor clínico do Hospital Espírita João Marckesi de Penápolis;
  • diretor técnico do consorcio intermunicipal de Saúde de Penápolis (CISA);
  • atuou como anestesista no Hospital de Promissão (concursado);
  • atuou como anestesista, chefe do centro cirúrgico e plantonista da UTI na Santa Casa de Lins;
  • atuou na Santa Casa de Misericórdia de Birigui como anestesista;
  • diretor clínico da Santa Casa de Birigui;
  • gerente médico do Ame de Araçatuba;
  • Diretor do Departamento Regional de Araçatuba;
  • presidente e vice-presidente da Associação Paulista de Medicina;
  • plantonista no pronto-atendimento de Santópolis do Aguapei;
  • Anestesista junto á santa casa de Andradina;
  • coordenador médico do atendimento de urgência e emergência da cidade de Araçatuba pela OSs de Andradina;
  • atuou em hospitais particulares, inclusive, em cargos de direção;

Além de Cleudson, outras 52 pessoas foram presas durante a operação Raio X, em cinco estados. Os detidos tiveram as prisões temporárias prorrogadas na sexta-feira (2), a pedido do MP.