Promessa do governo é implementar a versão computadorizada do exame, de forma integral, até 2026.
O ministro da Educação, Abraham Weintraub, afirmou, nesta segunda-feira (4), que a pasta liberou cerca de R$ 115 milhões para aumentar o número de escolas com acesso à internet. O objetivo é viabilizar a aplicação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) em versão digital em todo o país, até 2026.
“Para o Brasil ter o Enem digital, a gente precisa dar condições para todos os jovens e crianças estarem iguais, estarem familiarizados com computador (…). Precisa estar conectado à internet. Estamos seguindo o fluxo, apesar de ser uma coisa óbvia, mas nunca foi feita a expansão”, afirmou Weintraub, durante coletiva de imprensa em Brasília/DF.
Segundo Jânio Carlos Endo Macedo, secretário de educação básica do MEC, a verba liberada é dividida em duas partes:
- R$ 82,6 milhões serão direcionados a 24.500 escolas que ainda não têm conexão com internet de banda larga;
- R$ 32 milhões irão para colégios que já possuíam acesso à internet, para que continuem conectados.
Enem digital
Em julho de 2019, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) anunciou que o Enem deixaria de ser aplicado em papel a partir de 2026.
A transição para a versão digital começará, segundo o órgão, em 2020, com um projeto-piloto para 50 mil candidatos, de 15 capitais.
A seguir, confira os principais pontos das mudanças anunciadas naquela data:
- A aplicação digital em 2020 será em 15 capitais brasileiras: Belém/PA, Belo Horizonte/MG, Brasília/DF, Campo Grande/MS, Cuiabá/MT, Curitiba/PR, Florianópolis/SC, Goiânia/GO, João Pessoa/PB, Manaus/AM, Porto Alegre/RS, Recife/PE, Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, São Paulo/SP;
- A adesão dos candidatos será opcional no ato de inscrição, até um total de 50 mil participantes, o equivalente a 1% do total de inscritos;
- O valor da inscrição será o mesmo para todos os participantes;
- O Inep estima investir cerca de R$ 20 milhões no projeto-piloto de 2020, e não pretende comprar novos computadores, mas sim usar equipamentos de instituições de ensino localizadas nas cidades participantes;
- Entre 2021 e 2025, o Inep ampliará o número de aplicações do Enem digital, ainda em formato piloto e participação opcional;
- A partir de 2026, o Enem será 100% digital;
- Tanto as provas objetivas quanto a prova de redação serão feitas em formato digital no piloto;
- O Enem para Pessoas Privadas de Liberdade (PPL) só passará ao formato digital a partir de 2026.
Conteúdo do Enem 2019
Durante a coletiva de imprensa, o ministro não comentou sobre o Enem 2019. No domingo (3), mais de 3,9 milhões de candidatos responderam a 45 questões de Ciências Humanas e a 45 de Linguagens.
O Enem é conhecido por ser um exame focado em interpretação de texto e, na edição de 2019, essa característica esteve ainda mais presente. Mesmo nas questões de história e geografia, a maioria das respostas podia ser deduzida a partir dos enunciados e dos textos de apoio, segundo professores ouvidos pelo G1.
Entre os temas abordados nas questões, estavam:
- Música “In this life”, da cantora americana Madonna
- Canção “O blues da piedade”, de Cazuza e Frejat
- O físico e astrônomo brasileiro Marcelo Gleiser
- Trecho do livro “1822”, de Laurentino Gomes, sobre Maria Quitéria, heroína da Guerra da Independência
- Poema “Lua enlutada”, da escritora brasileira Hilda Hilst
- Bullying
- Anorexia
- Liberdade de expressão e discursos de ódio nas redes sociais
- Refugiados
- Direitos do idoso
- Exposição de crianças na internet pelos pais, desde a gravidez
- Relação entre agrotóxicos e a morte de abelhas, e como a produção agrícola pode crescer de forma mais sustentável
Redação
Os candidatos também fizeram a redação, cujo tema foi “Democratização do acesso ao cinema no Brasil”. Na avaliação de professores ouvidos pela imprensa, a proposta foi “inesperada, atual e fácil”.
A prova contou com quatro textos motivadores:
- um trecho do artigo “O que é cinema”, de Jean-Claude Bernardet;
- um trecho do texto “O filme e a representação do real”, de C.F. Gutfreind;
- um infográfico do periódico “Meio e Mensagem”, sobre o percentual de brasileiros que frequentam as salas de cinema;
- e um trecho do texto “Cinema perto de você”, da Ancine, a agência do governo brasileiro para o audiovisual. O excerto citava que que o Brasil ocupa uma posição ruim – 60º lugar – na relação de habitantes/sala de cinema. Há pouco mais de 2 mil salas, uma queda em relação à década de 1970.
Foto da prova
O ministro da Educação também optou por não comentar a foto de uma prova do Enem, divulgada antes dos primeiros candidatos deixarem o local de provas.
No domingo, ele havia informado que um funcionário responsável por aplicar a prova registrou a imagem e a fez circular pelas redes sociais. “A gente supõe que essa pessoa pegou a prova de ausentes e tirou foto da página da redação. (…) Agora ele vai ter que responder na Justiça. Vamos pegar essa pessoa e vamos atrás dela” – Abraham Weintraub.
FONTE: Informações | G1