Mãe, avó e mãe de novo: conheça a história da ‘super avó’ que teve o 2º filho 2 anos após o nascimento do neto

No Dia dos Avós, celebrado nesta sexta-feira (26), moradora de Fernandópolis, no interior de SP, relembra a emoção e os desafios de ter sido avó e, em seguida, mãe pela segunda vez.

Mãe, avó e mãe novamente. Uma moradora de Fernandópolis (SP) tem motivos de sobra para comemorar o Dia dos Avós, celebrado nesta sexta-feira (26).

A cientista da computação Elissandra Hurtado, de 50 anos, foi mãe aos 18. À época, em 1992, deu à luz Isabella Hurtado.

pouca idade e a imaturidade foram algumas das barreiras encontradas após a descoberta da gestação precoce. Foram muitas as renúncias, entre elas o sonho de cursar medicina em uma universidade pública. “Uma semana após saber que estava grávida, também tive a notícia de que havia passado em medicina na Unesp de Botucatu. Deixei o sonho para ser mãe. Desde pequena, não me via sendo mãe e dona de casa. Até em minhas brincadeiras de criança, era uma empresária ou uma profissional bem-sucedida. No começo, foi um susto, mas foi a melhor coisa que poderia ter acontecido comigo“, conta Elissandra.

 

Elissandra e a filha Isabella Hurtado em Fernandópolis (SP) — Foto: Arquivo pessoal

Isabella, sendo tão pequena e tão dependente da mãe, despertou em Elissandra os institutos maternos e a quebra de paradigmas. A cientista da computação decidiu investir na área de humanas e fez uma segunda graduação em jornalismo.  “Foi a maior motivação para eu estudar muito e não atrapalhou em nada a construção da minha carreira profissional. Pelo contrário, me incentivou por me sentir mais responsável por nós duas. Acredito que agarrei cada oportunidade como única e sou grata por esta experiência“, conta.

Avó aos 30 e poucos anos

 

Mãe e filha, junto com tio e sobrinho — Foto: Arquivo pessoal

Mãe e filha, junto com tio e sobrinho — Foto: Arquivo pessoal

O destino e as coincidências da vida fizeram com que Isabella também se tornasse mãe muito jovem. Aos 18 anos, ela ficou grávida de Lucca.

Aos 36 anos, fase em que algumas mulheres ainda sonham com a gestação, Elissandra recebeu a notícia de que seria avó.

A felicidade da chegada de uma nova vida entre os familiares se misturou com a apreensão por ver que a filha seguia os mesmos passos da mãe. “Quando eu soube que ia ser avó, também fiquei com um sentimento de pena, de aperto no coração pela Isabella, pois fui mãe na mesma idade. Não foi fácil ser mãe nova: muitas responsabilidades. No final das contas, quem cuida é a mãe. Isa passou pelo mesmo processo que eu”, conta a cientista da computação.

A chegada de Lucca despertou novamente em Elissandra os instintos maternos. À época, ela estava em um relacionamento estável e o contato com o neto foi fundamental para que ela e o companheiro decidissem ter um filho.

Elissandra deu à luz Pedro aos 38 anos. Ter um filho mais novo que o próprio neto é algo incomum, que sempre despertou a curiosidade das pessoas, mas isso nunca foi uma barreira para o carinho, amor e afeto que existem entre avó, filhos e neto. Porém, a relação entre as crianças não foi muito fácil nos primeiros anos de vida. Uma das tarefas da “super avó” foi fazê-los entenderem que a ordem cronológica deles era inversa à de muitas famílias. “A relação do Pedro e de seu sobrinho Lucca, no começo, era uma disputa, brigavam como irmãos. Lucca não aceitava que Pedro, mais novo que ele, era seu tio. Era muito engraçado quando brigavam por bobeiras de criança, e o Pedro dizia que Lucca tinha que respeitá-lo por ser seu tio, ao que Lucca dizia que Pedro tinha que respeitá-lo por ser mais velho”, conta.

Para isso, teve apoio de Isabella, que se espelhou na mãe para exercer a missão de educar e formar um cidadão, mesmo sendo tão jovem. Quando o irmão nasceu, Isabella e o filho já haviam se mudado para o Chile, país onde vivem atualmente. “Foi uma mistura de emoções. Fiquei muito surpresa quando ela [Elissandra] disse que precisava me contar algo. Jamais passou pela minha mente que teria um irmãozinho depois de 20 anos e ela já sendo avó, mas a novidade me encheu de alegria. Sempre fomos muito próximas uma da outra e, quando mudei de país, ambas sentimos um vazio. A chegada do meu irmão seria uma grande companhia para minha mãe”, conta Isabella.

Aos poucos, tio e sobrinho, mãe e filha se adaptaram à nova estrutura familiar. As viagens e os passeios sempre rendem momentos inesquecíveis e fotografias curiosas. O mais comum é as pessoas acharem que Lucca e Pedro são irmãos, principalmente por eles terem uma diferença de idade de apenas dois anos e seis meses.

Elissandra leva isso de forma leve e descontraída. Aproveita a ocasião para incentivar outras mulheres a serem mães e avós, independentemente de qualquer idade. Para ela, os estigmas criados pela sociedade em cima da figura feminina devem ser esquecidos.

É essa a ideia que mãe e filha tentam passar para os meninos, que, mesmo na infância, já entenderam que o amor transcende qualquer barreira física e cronológica. “Quando dizem que, durante a vida, precisamos plantar uma árvore, escrever um livro, ser pais e avós, é algo verdadeiro. Já plantei mudas de árvores, já compartilhei um pouco do meu conhecimento em um livro. Ser avó é como se estivesse plantando uma semente para as futuras gerações de nossa família. É como se eu estivesse realizando tudo nesta vida, e ser mãe novamente, após ser avó, é poder fazer de novo algo e melhor”, finaliza Elissandra.

No Dia dos Avós, Hurtado diz se sentir plena e completa, além de ter a certeza de que fez e faz o melhor que pode pelos filhos e pelo neto. Para ela, na árvore genealógica da vida, o que mais importa é o afeto, o respeito e a conexão entre os familiares. G1

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