Carlos Humberto de Freitas Nogueira alegou à Polícia Civil que disparo de arma de fogo foi acidental, em São José do Rio Preto/SP. Juiz alegou que a manutenção da custódia cautelar do réu se faz necessária por conveniência da instrução criminal.
A Justiça negou o pedido de liberdade do vigilante Carlos Humberto de Freitas Nogueira, de 54 anos, que foi preso suspeito de matar a mulher Saiara Maria de Jesus Nogueira, de 31 anos, em São José do Rio Preto/SP.
O crime foi registrado no dia 20 de outubro, dentro da casa onde a família morava, no bairro Vila Anchieta. A vítima foi atingida por um tiro na cabeça. A filha da mulher, de 8 anos, presenciou a morte da mãe.
Na decisão publicada na sexta-feira (23) no Diário Oficial do Estado, o juiz alega que “não foram trazidos fatos ou provas novas, permanecendo, assim, inabalados os motivos e fundamentos, que converteu em flagrante a prisão em flagrante do acusado em preventiva.
Além disso, o magistrado afirma que “a manutenção da custódia cautelar do réu se faz necessária também por conveniência da instrução criminal, tendo em vista que, uma vez posto em liberdade, poderá influir negativamente no ânimo das testemunhas, comprometendo a apuração da verdade.”
“Portanto, persistindo os motivos ensejadores da prisão preventiva, não há que se falar em sua revogação, bem como por se revelarem inadequadas e insuficientes as medidas cautelares diversas da prisão, denego o pedido formulado”, diz o último trecho da decisão da Justiça.
Criança presenciou o crime
De acordo com a Polícia Militar, a filha da vítima presenciou a mãe ser morta com um tiro na cabeça.
“A criança alegou que eles brigavam constantemente, inclusive, ela já tinha visto a arma várias vezes. E durante a noite, ela pediu para que a briga cessasse e houve o disparo na cabeça da mãe. Ela visualizou toda a cena”, afirma o sargento da PM Diego Noronha Dias.
Quando a polícia chegou ao local, a menina foi retirada da cena do crime e levada por um conselheiro tutelar.
Carlos foi preso tentando fugir do local do crime e, na hora, acabou se contradizendo e apresentando várias versões do que aconteceu. “Ele entrou em contradições, dizia que tinha tomado a arma da mão dela, depois que ele pegou a arma. Pelas contradições achamos por bem algemado e prendê-lo”, afirma o sargento.
O casal era bastante conhecido no bairro e o suspeito também era dono de um bar que fica na frente da casa. O revólver utilizado no crime foi apreendido. A arma estava com o registro vencido desde 2015.
Vizinhos dizem que casal não brigava
Vizinhos do casal afirmaram na época que não acreditavam que o crime havia sido cometido e que estavam tentando entender o que aconteceu.
O vizinho Ulisses Gilmar Carmelo alegou que conhecia Saiara havia cinco anos, desde quando ela foi do Nordeste para Rio Preto. Já o suspeito ele conhecia havia 25 anos.
“Para mim ele era tranquilo, sossegado e ela era um amor de pessoa. Não estavam em crise e nem se separando, não tinha cogitação nenhuma. Não sei o que aconteceu. Os vizinhos não sabem o porquê aconteceu essa fatalidade. Ficamos arrasados. Uma fatalidade, tanto pelo que aconteceu com ele e com ela”, afirma.
Depois de ser preso e levado à delegacia de Rio Preto, o suspeito afirmou durante depoimento que o tiro foi acidental.
Ele contou que saiu para trabalhar como vigilante e pegou a arma. A mulher não queria que ele levasse a arma e pegou o revólver de dentro do carro. Ele foi atrás dela e começaram uma discussão, quando ele apertou o gatilho.
“Eles não brigavam. Pelo menos eu nunca vi ou ouvi nada. Eles eram ótimas pessoas. É uma tragédia isso, eu fiquei em choque”, afirma a vizinha Irene Aparecida.
A Delegacia de Defesa da Mulher abriu um inquérito para apurar a morte de Saiara e ouviu familiares, vizinhos e testemunhas. “O autor disse que foi acidental, mas ele disse que acionou o gatilho. Mas de qualquer forma ele vai responder por feminicídio”, diz a delegada Dálice Ceron.
FONTE: Informações | G1