qua, 15 de janeiro de 2025

Justiça determina soltura de 10 suspeitos presos em operação contra fraude no Fies e venda de vagas em universidade 

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Segundo a Polícia Federal, no mesmo dia que suspeitos foram soltos, a dona de empresas que oferecem cursos de complementação para alunos foi presa. Operação Vagatomia investiga organização suspeita de vender vagas e cometer fraudes no Fies, Prouni e Revalida.

A Justiça determinou nesta sexta-feira (13) a soltura dos 10 suspeitos presos durante a Operação Vagatomia, que investiga uma organização criminosa suspeita de vender vagas e cometer fraudes no Fies, Prouni e Revalida para estudantes de medicina ingressarem na Universidade Brasil. 

Mesmo em liberdade, os suspeitos continuam sob investigação e terão que cumprir uma série de medidas cautelares determinadas pela Justiça Federal. Entre os que foram soltos está o filho do dono da Universidade Brasil, Stephano Bruno. O pai continua preso. 

De acordo com a Polícia Federal, no mesmo dia em que eles foram soltos, a médica Andréia Santos Souza Soares, de 43 anos, foi presa em um condomínio de São José do Rio Preto/SP. Ela é casada com um médico que está preso desde a deflagração da operação. 

O casal é dono de empresa que oferece cursos de complementação para alunos de medicina formados no exterior que precisam de aprovação no Revalida. 

Ainda de acordo com a PF, a médica já era alvo de investigações assim como o marido, mas estava em liberdade cumprindo medidas cautelares determinadas pela Justiça Federal. Contudo, ela estaria atrapalhando as investigações e descumprindo ordens. 

Por isso, a PF informou que solicitou a prisão e a Justiça Federal de Jales/SP decretou a prisão preventiva dela. 

Na casa onde mora, foram apreendidos R$ 33 mil em dinheiro, um celular e documentos. Entre eles, um recibo de depósito que demonstra movimentação de valores altos em contas correntes em nome de terceiros. Dois veículos de luxo também foram apreendidos. 

A médica e mais 12 suspeitos, que já estavam presos preventivamente, continuam à disposição da Justiça. Entre eles, o empresário e reitor da universidade, o engenheiro José Fernando Pinto Costa, de 63 anos. 

Ambos são apontados pela polícia como chefes da organização. Segundo estimativa da PF, o grupo pode ter usado R$ 500 milhões do fundo de forma fraudulenta e as vagas eram compradas pelos interessados por até R$ 120 mil. 

Investigações da Polícia Federal apontam que os dois usavam o dinheiro desviado para comprar jatinhos, helicópteros, imóveis e até para fazer viagens internacionais, enquanto faltavam materiais básicos na Universidade Brasil como papel higiênico. 

A imprensa, tentou entrar em contato com o advogado da médica presa, mas ele não quis responder os questionamentos. 

O que dizem os citados 

A Universidade Brasil disse que está à disposição das autoridades para colaborar, identificar e indicar os responsáveis, com o objetivo de sanar todas as questões envolvidas neste caso. 

A instituição ainda enfatiza que não há elementos que comprovem o conhecimento dos fatos pelo reitor, Fernando Pinto da Costa, e o filho dele e também dono da universidade, Stefano Costa até o momento. 

O MEC afirmou que em casos de indícios de irregularidades, o FNDE irá instaurar processo administrativo para a responsabilização dos envolvidos. 

Caso as irregularidades sejam comprovadas, serão aplicadas as penalidades previstas na Lei nº 10.260, de 2001, que vão desde a proibição de participação no programa até o ressarcimento dos valores cobrados indevidamente. 

Operação 

As investigações começaram no início do ano após a PF receber informações de que estariam ocorrendo irregularidades no campus de um curso de medicina em Fernandópolis. 

De acordo com a PF, o esquema contava com “assessorias educacionais”, que vendiam vagas no curso de medicina, financiamentos Fies e Prouni, além de fraudes em cursos relacionados ao Exame Revalida. 

De acordo com a PF, essas assessorias tinham o apoio dos donos e toda a estrutura administrativa da universidade para negociar centenas de vagas para alunos, que aceitaram pagar pelas fraudes em troca de matrícula no curso de medicina. 

Como resultado da investigação, a Operação Vagatomia foi deflagrada na manhã desta terça-feira (3). 

Ao todo, 250 policiais federais foram às ruas para cumprir 77 mandados nas cidades de Fernandópolis, São Paulo, São José do Rio Preto/SP, Santos/SP, Presidente Prudente/SP, São Bernardo do Campo/SP, Porto Feliz/SP, Meridiano/SP, Murutinga do Sul/SP, São João das Duas Pontes/SP e Água Boa/MT. 

A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens e valores dos investigados até o valor de R$ 250 milhões. 

A Polícia Federal informou que durante a operação alguns investigados tentaram fugir no momento das prisões e outros jogaram celulares de prédios, antes da entrada dos policiais. Os celulares foram recuperados e os foragidos foram localizados e presos. O material apreendido está sob investigação da Polícia Federal em Jales. 

FONTE: Informações | G1