Além do vereador, Justiça de Birigui/SP converteu a prisão em preventiva de 27 investigados na operação Raio X.
A Justiça de Birigui/SP decretou nesta quinta-feira (8) 27 prisões preventivas de alvos da operação Raio X, deflagrada para investigar um grupo especializado em desviar dinheiro da área da saúde pública por meio de contratos milionários com municípios e Organizações Sociais (OS).
Entre as pessoas que tiveram a prisão temporária convertida em preventiva está o vereador da cidade José Roberto Merino Garcia, conhecido como Paquinha. A Justiça também aceitou a denúncia contra 43 pessoas.
Para a TV TEM, a defesa do vereador alegou que ele é inocente e que isso será mostrado ao longo das investigações.
Na quarta-feira (7), a Justiça de Penápolis também converteu a prisão temporária para preventiva de 17 acusados e aceitou a denúncia contra 35. Os que não tiveram a prisão preventiva decretada vão responder ao processo em liberdade.
Ao todo, cerca de 70 pessoas foram denunciadas por crimes como organização criminosa, peculato, lavagem de dinheiro, corrupção e fraude em licitação.
Esquema
Investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e pela Polícia Civil apontaram que a organização criminosa era liderada por Cleudson Garcia Montali. O anestesista, que foi diretor em várias unidades de saúde, chegou a ser homenageado com o título de cidadão Emérito nos municípios de Birigui e Agudos.
Por meio da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu, Cleudson Montali celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviando parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às referidas Organizações Sociais.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e a Polícia Civil descortinaram um esquema de desvio de dinheiro público extremamente orquestrado e sofisticado por meio de contratos de gestão não apenas no município de Birigui, mas em diversos municípios do estado de São Paulo e também em outros estados.
Segundo o G1 apurou, as investigações mostraram que a organização criminosa, mediante acordos previamente firmados com as prestadoras de serviços contratadas, desviou grande parte das quantias repassadas às Organizações Sociais, ora por meio de superfaturamentos, ora por meio de serviços não executados, sempre mediante emissão de notas frias.
Os atos criminosos ocorreram de maneira reiterada, sendo que parte do dinheiro desviado foi objeto de lavagem de dinheiro. Além dos crimes citados, as investigações apontaram também que os alvos da operação teriam praticado crimes de corrupção ativa e passiva, além de falsidades ideológicas.
As investigações também demonstraram que a organização, que viu o atual cenário da pandemia como uma oportunidade única para desviar dinheiro, contava com uma vasta rede de contatos criminosos em diversas localidades.
No caso de Cleudson, por exemplo, ele conseguia efetuar o crime por meio de pessoas interpostas, dirigindo as Organizações Sociais nas quais efetuava desvios milionários. Embora Cleudson já estivesse sendo investigado e alegado que iria se afastar das Organizações Sociais, o mesmo não ocorreu.
O G1 apurou também que as investigações ainda apontaram que Cleudson adquiriu outras duas novas Organizações Sociais justamente como forma de ampliar seus horizontes.
Até então, ele agia por meio das Organizações sociais de Birigui e Pacaembu. Contudo, nos últimos tempos o médico também vinha agindo em outros estados, desviando milhões em plena época de pandemia gerada pelo coronavírus, conforme o Ministério Público.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado e a Polícia Civil descobriram que alguns denunciados ocultaram, destruíram e até mesmo queimaram provas, enquanto outros falsificaram documentos para obstruir e dificultar a investigação envolvendo as Organizações Sociais.
O Fantástico apurou que alguns dos acusados de participar da quadrilha levavam uma vida de milionário, comprando mansões, carros importados, aviões e helicópteros.
De acordo com as investigações, Lauro Henrique Fusco Marinho bancou uma viagem para o México e muitas outras com o dinheiro da Saúde. Ele é médico e dono de duas empresas que deveriam atender as Organizações Sociais de Cleudson. Muitos dos serviços não eram realizados, mas mesmo assim, Lauro emitia notas fiscais só para desviar verbas.