qua, 16 de abril de 2025

Justiça concede habeas corpus a homem que agrediu funcionária de padaria após pedido para usar máscara

A Justiça aceitou o pedido de habeas corpus feito pela defesa do ajudante de motorista que foi preso suspeito de agredir a atendente de uma padaria após ser advertido para usar corretamente a máscara de proteção contra Covid-19.

O caso foi registrado na tarde do dia 11 de junho, no bairro Jardim União, em Palmares Paulista, interior de São Paulo. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que Adriana da Silva alertou Márcio Roberto Rodrigues.

De acordo com a Polícia Civil, o ajudante de motorista foi preso temporariamente seis dias depois das agressões acontecerem. Ele teve a prisão preventiva decretada e foi encaminhado à cadeia de Catanduva (SP).

Em seguida, a defesa impetrou um habeas corpus no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo (TJ-SP). A 4ª Câmara de Direito Criminal acatou o pedido e determinou que Márcio fosse colocado em liberdade para fazer tratamento em uma clínica de reabilitação durante seis meses.

Segundo os advogados Gilney Batista de Melo e Eduardo Samoel Fonseca, ambos defensores do ajudante de motorista, a decisão que revogou a prisão preventiva se mostra adequada às condições do processo.

“Uma vez que estabelece que o acusado siga seu tratamento médico de dependência química em clínica especializada e, por outro lado, afasta qualquer alegação de risco a ordem pública, sendo, portanto, a medida mais proporcional e razoável”, disseram os advogados.

Até as 22h desta terça-feira (14), não havia uma data estipulada para Márcio deixar a prisão, mas os advogados acreditam que a ordem de soltura deva ser cumprida na manhã desta quarta-feira (15).

Versão do suspeito

 

Segundo Pedro Luís Carvalho, delegado de Palmares Paulista responsável por investigar o caso, Márcio alegou que entrou na padaria para beber uma pinga e saiu. Porém, retornou ao estabelecimento para ingerir a segunda, momento em que foi advertido para usar a máscara de forma correta.

“O Márcio retrucou e perguntou o motivo de estar sendo advertido, porque outras pessoas também estavam sem máscara. Ele também disse que foi chamado de vagabundo, perdeu a cabeça e decidiu segurar a Adriana para olhá-la no olho e afirmar que não era vagabundo”, contou Pedro.

Em seguida, Márcio entrou em uma área da padaria reservada apenas para funcionários. Adriana, então, saiu correndo em direção à rua. Contudo, foi seguida pelo ajudante de motorista.

“Ele falou que realmente correu atrás, mas disse que a Adriana caiu sozinha e se machucou. Ele também afirmou que não tem nada contra a Adriana e que não quis matá-la”, contou o delegado.

Versão da vítima

 

De acordo com a Adriana, Márcio entrou na padaria com a máscara embaixo do queixo, ficou nervoso depois de ser avisado sobre a obrigatoriedade usar o acessório de forma correta e deu um tapa em produtos que estavam sobre um balcão.

“Não satisfeito, ele deu a volta e entrou. Saí correndo e fiquei na frente da padaria. Ele me acompanhou e me deu uma rasteira. Tentei levantar, mas o homem chutou e quebrou meu braço”, afirmou Adriana.

 

Logo depois, a vítima conseguiu se levantar e correr para dentro de uma casa, que estava com o portão aberto, mas foi seguida novamente pelo agressor.

Vítima agredida em Palmares Paulista segurando exame raio x que mostra fratura em braço — Foto: Reprodução/TV TEM

Vítima agredida em Palmares Paulista segurando exame raio x que mostra fratura em braço — Foto: Reprodução/TV TEM

“O dono da casa pediu para sairmos. Consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. Ele chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.

Adriana foi acolhida por uma moradora, colocada para dentro de uma casa e levada ao pronto-socorro de Catanduva (SP), cidade a 20 minutos de distância de Palmares Paulista.

“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou a atendente.

 

A atendente sofreu diversos cortes e hematomas, além de uma fratura no braço esquerdo. Ela precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico e recebeu alta no dia 13 de junho.

“Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Não é justo”, contou.

G1

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