Juiz determina a prisão preventiva de motorista que atropelou 17 manifestantes em Mirassol

Preso por tentativa de homicídio, ele afirmou que foi agredido por um policial militar dentro da delegacia; magistrado determinou a investigação do fato

Em audiência de custódia realizada na manhã desta quinta-feira, 3, no Fórum central de Rio Preto, o juiz plantonista Lincoln Augusto Casconi decidiu manter preso o motorista do Fox, responsável pelo atropelamento de 17 manifestantes que ocupavam a rodovia Washington Luís na tarde de ontem, 2, em Mirassol. Entre as vítimas estão duas crianças de 11 e 12 anos.
Na decisão, o magistrado justifica que é necessário investigar a real intenção do motorista, por se tratar de fato relacionado a divergências políticas, uma vez que os manifestantes protestavam contra o resultado das eleições. Caconi pondera ainda que a obstrução da pista estava proibida pela Justiça.

“Tratou-se fato de repercussão nacional, pois o ilícito ocorreu em âmbito de manifestação política, o qual por essa razão deverá ainda ser objeto de melhor apuração dos fatos, inclusive para a apuração da real motivação da conduta do autuado, assim como das vítimas que se encontravam no local, pois em tese, estas últimas também participavam de um movimento por ora reconhecido como ilegal, por haver determinação do Supremo Tribunal Federal, para o desbloqueio de vias públicas”.

O juiz explica ainda que a conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva se faz necessária até para proteção do autor.
“No momento, não há como se deferir em favor do autuado medidas cautelares, em substituição à sua prisão, até mesmo, dado ao clamor público, a existência risco até mesmo a sua própria integrida defísica, dado ainda o ambiente politico conflagrado, da qual, o presente ilícito é um dos seus resultados”.

O condutor do carro, que tem 28 anos, foi preso em flagrante por tentativa de homicídio e levado para a carceragem da Divisão Especializada em Investigações Criminais (Deic) de Rio Preto.

Motorista alega que foi agredido por PM

Durante interrogatório na delegacia de Mirassol, o motorista do Fox afirmou que um dos policiais responsáveis pela prisão dele o agrediu com um soco no rosto, já estando dentro da unidade policial.

O agente ainda teria chamado o autor de “assassino de criança”.
O policial apontado como agressor consta como uma das vítimas do atropelamento no boletim de ocorrência registrado pela Polícia Civil.

Representado por dois advogados, o rapaz reafirmou sobre o soco durante a audiência e o juiz determinou que o suposto abuso seja investigado.

“Ante a alegação do autuado em ter sido agredido por um policial militar e vítima, já sob a custódia da Polícia Militar, nas dependências da Delegacia de Polícia de Mirassol, determino a expedição de ofício à Corregedoria da Polícia Militar, determinando que seja instaurado procedimento para apuração de eventual abuso ou maus-tratos pelo referido policial, devendo ser informado ao Juiz Criminal Natural, no prazo de 30 dias, o resultado da apuração”.

A caminho do hospital

“Meu filho estava me levando no Hospital de Base, porque eu estava com dor. Ele pediu passagem aos manifestantes, mas começaram a ofendê-lo. Em determinando momento, alguém deu um soco no rosto do meu filho e puxou ele pela camiseta”, contou a mãe em entrevista por telefone na manhã desta quinta-feira.

Segundo a mulher, uma multidão cercou o carro. “Ele ficou apavorado. Não tinha intenção de ferir ninguém, apenas tirar a gente daquela confusão”, justifica.

Após o acidente, policiais militares tiveram de atuar para proteger o motorista do risco de linchamento.

Ele e a mãe foram retirados do carro e o veículo, que não tem seguro, foi destruído pelos manifestantes.

Teste de etilômetro indicou que o condutor do Fox não estava alcoolizado. Ele também não registrava processos criminais.

Das 17 vítimas, três permanecem internadas. Duas delas, um homem de 36 anos e uma mulher de 26, estão no Hospital de Base. Outra mulher, de 29 anos, foi internada em um hospital particular.

Todos estão estáveis e fora de perigo.

O inquérito será presidido pelo delegado Marcelo Rogério Barozzi, de Mirassol, que tem até 10 dias para concluir o procedimento.

Joseane Teixeira – diarioweb.com.br

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