dom, 30 de março de 2025

Jovem encontrada morta avisou amiga sobre pagamento de dívida com dono de boate

Regina Aparecida Marques Vieira está entre as vítimas que foi aliciada para trabalhar na boate. Ela foi encontrada morte no dia 25 de fevereiro. Durante a operação, na segunda-feira (24), em Auriflama (SP), quatro homens foram presos.

A jovem de 19 anos que foi encontrada morta, no dia 25 de fevereiro, em uma boate em Auriflama (SP), enviou um áudio, dias antes, para uma amiga dizendo que estava feliz após quitar parte da dívida que tinha com o dono do local. Homem foi preso na segunda-feira (24), em uma operação da polícia suspeito de explorar sexualmente e manter jovens em cárcere privado.

A reportagem do g1 teve acesso ao áudio, que foi gravado por Regina Aparecida Marques Vieira. Na mensagem ela diz:

“‘Neguinha’, eu tô feliz da vida. De R$ 15 mil, eu tô devendo R$ 2.340 só, agora. Rapidinho eu pago. Estou feliz da vida! Logo logo eu vô tá junto”.

A jovem está entre as vítimas que foi aliciada para trabalhar na boate.

Regina foi enterrada em Fernandópolis (SP). O caso, inicialmente tratado como suicídio, passou a ser investigado como homicídio ou indução ao suicídio, uma vez que as investigações da polícia apontaram que, dias antes, a jovem foi espancada na boate.

g1 também teve acesso a uma captura de tela, que mostra uma conversa entre Regina e uma amiga, entre os dias 13 e 14 de fevereiro. Na troca de mensagens, Regina escreve que está cansada e que queria pagar a dívida para “ir embora”.

Prisão

A Polícia Civil identificou pelo menos dez jovens vítimas da quadrilha investigada pelos crimes cometidos em boates em Catanduva (SP), Auriflama (SP), Pereira Barreto (SP) e Aparecida do Taboado (MS). Todas as boates são do mesmo dono. Conforme a polícia, as mulheres eram atraídas pelos criminosos com falsas promessas de trabalho.

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Durante a operação, na segunda-feira (24), em Auriflama, a polícia prendeu quatro homens, sendo dois em flagrante por tráfico de drogas. Após um mandado de prisão emitido pela Justiça, encontraram e prenderam o gerente e o dono das boates em Auriflama. Um homem que seria o ex-gerente da boate em Catanduva está foragido.

Ao g1, a delegada responsável pela investigação, Caroline Baltes, informou que as mulheres eram forçadas a consumir drogas vendidas pelos administradores desses locais e dessa forma ficavam endividadas.

Um caderno de contabilidade escrito pelos homens suspeitos revela a lista das dívidas por drogas que as vítimas contraíram e até alimentos que consumiam e eram obrigadas a pagar.

A polícia identificou que as vítimas estavam em situação de vulnerabilidade e eram privadas de sair de dentro dos locais, além de ficarem sem alimento, água e acesso à comunicação.

Uma adolescente de 14 anos está entre as vítimas. A mais velha entre as jovens tem 25 anos. A delegada ainda informou que os portões das boates eram trancados e, quando tentavam sair, pulando o muro para comprar alimentos, as mulheres eram perseguidas e agredidas.

Conforme a delegada, a maioria das vítimas conseguiu fugir e escapar, quando fez a denúncia. Durante a operação, a polícia apreendeu drogas, armas, celulares e cadernos de contabilidade. Os estabelecimentos foram fechados e lacrados por determinação judicial.

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