Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Funfarme) informou que a medida foi tomada devido ao baixo número de cirurgias realizadas desde a instituição do serviço. Hospital de Base é referência para mais de 100 cidades da região noroeste paulista
O Hospital de Base de São José do Rio Preto (SP) suspendeu, até dezembro de 2023, todas as cirurgias de transplante de pulmão. A decisão pode prejudicar 68 pessoas que aguardam pelo procedimento no Estado de São Paulo, segundo informou a Central de Transplantes.
Em nota, a Fundação Faculdade Regional de Medicina de Rio Preto (Funfarme) alegou que a medida foi tomada devido ao baixo número de cirurgias realizadas desde a instituição do serviço, o que inviabiliza a manutenção de equipe multiprofissional, infraestrutura e logística.
Com a suspensão dos transplantes, as pessoas que necessitam do procedimento serão encaminhadas a outras instituições de saúde, por meio da Central de Transplantes. Em São Paulo, a cirurgia pode ser feita no Hospital das Clínicas (HC) e no Hospital Israelita Albert Einstein (HIAE).
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde disse que os pacientes, durante o período de transição, não ficarão sem assistência, e que os especialistas do Hospital de Base continuarão dando o atendimento necessário até a transferência ocorrer.
Advogado prejudicado
Morador de Ribeirão Preto (SP), o advogado Fabricio Torres, de 47 anos, foi prejudicado pela suspensão dos transplantes de pulmão realizados no Hospital de Base de Rio Preto. Ele tinha uma vida ativa e praticava esportes, mas tudo mudou quando descobriu ter deficiência de Alfa 1 Antitripsina –enzima produzida no fígado para proteger o pulmão. Como a doença é genética, conforme o tempo passa, compromete os pulmões e impede a pessoa de fazer atividades básicas do dia a dia, por exemplo, conversar e caminhar distâncias curtas.
Torres descobriu o diagnóstico em 2017, quando buscou atendimento médico após perceber que, mesmo praticando diversas atividades físicas, via o condicionamento físico piorar ao invés de melhorar. Ele passou a fazer tratamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto e, em 2021, foi informado de que precisaria de um transplante de pulmão.
Quando descobriu que precisaria de uma cirurgia, o advogado foi encaminhado para o Hospital de Base, instituição considerada referência para o transplante. Por duas vezes, ele foi chamado para os exames pré-operatórios, mas a cirurgia foi cancelada. Agora, sequer tem data para ser realizada, já que as cirurgias estão suspensas até dezembro.
“É difícil, né. Eu estou deixando de aproveitar muita coisa na minha vida. Tinha um estilo de vida muito ativo, fazia esportes, fazia mountain bike, gostava de acampar em cachoeiras, sempre fui para a praia, fazia caminhadas. Hoje não dou conta. Tenho que parar, ficar respirando, porque minha saturação cai muito e realmente sinto uma falta de ar muito grande”, disse Torres. G1