Informação foi divulgada ao G1 pelo delegado responsável por investigar o caso. Crime aconteceu na tarde do último dia 11 de junho, no bairro Jardim União, em Palmares Paulista, interior de São Paulo.
O ajudante de motorista Márcio Roberto Rodrigues, que foi preso suspeito de agredir a atendente Adriana da Silva após ser advertido para usar corretamente a máscara de proteção contra Covid-19, foi indiciado por tentativa de feminicídio pela Polícia Civil de Palmares Paulista (SP).
Segundo o delegado responsável pelo caso, Pedro Luís Carvalho, o inquérito foi finalizado e encaminhado para o Fórum.
“O indiciamento foi por tentativa de feminicídio porque o crime foi cometido contra uma mulher. Escutamos mais de dez testemunhas ao longo da investigação. Também representei pela prisão temporária do suspeito, mas ainda aguardamos a manifestação do juiz”, explicou ao G1.
O crime aconteceu na tarde do último dia 11 de junho, no bairro Jardim União, em Palmares Paulista, interior de São Paulo. Uma câmera de segurança flagrou o momento em que o suspeito ficou nervoso ao ser avisado sobre a obrigatoriedade de usar o acessório.
Márcio foi preso temporariamente seis dias depois, em uma clínica de reabilitação de Meridiano (SP), cidade localizada a 180 quilômetros de distância de Palmares Paulista. Em seguida, foi levado à delegacia e encaminhado à cadeia de Catanduva (SP), onde permanece à disposição da Justiça.
O ajudante de motorista negou as acusações durante depoimento à Polícia Civil. Em nota, a advogada de Márcio Rodrigues afirmou que o cliente está profundamente arrependido e lamenta o ocorrido.
“Doze testemunhas confirmaram que a Adriana foi agredida. Mas, mesmo assim, o suspeito não assumiu. Ele alegou que a Adriana caiu sozinha e se machucou”, disse o delegado Pedro Luís de Carvalho.
Versão do suspeito
Segundo o delegado, Márcio alegou que entrou na padaria para beber uma pinga e saiu. Porém, retornou ao estabelecimento para ingerir a segunda, momento em que foi advertido para usar a máscara de forma correta.
“O Márcio retrucou e perguntou o motivo de estar sendo advertido, porque outras pessoas também estavam sem máscara. Ele também disse que foi chamado de vagabundo, perdeu a cabeça e decidiu segurar a Adriana para olhá-la no olho e afirmar que não era vagabundo”, contou Pedro.
Em seguida, Márcio entrou em uma área da padaria reservada apenas para funcionários. Adriana, então, saiu correndo em direção à rua. Contudo, foi seguida pelo ajudante de motorista.
“Ele falou que realmente correu atrás, mas disse que a Adriana caiu sozinha e se machucou. Ele também afirmou que não tem nada contra a Adriana e que não quis matá-la”, contou o delegado.
Versão da vítima
De acordo com a Adriana, de 38 anos, Márcio entrou na padaria com a máscara embaixo do queixo, ficou nervoso depois de ser avisado sobre a obrigatoriedade usar o acessório de forma correta e deu um tapa em produtos que estavam sobre um balcão.
“Não satisfeito, ele deu a volta e entrou. Saí correndo e fiquei na frente da padaria. Ele me acompanhou e me deu uma rasteira. Tentei levantar, mas o homem chutou e quebrou meu braço”, afirmou Adriana.
Logo depois, a vítima conseguiu se levantar e correr para dentro de uma casa, que estava com o portão aberto, mas foi seguida novamente pelo agressor.
“O dono da casa pediu para sairmos. Consegui chegar a uma outra padaria. Encontrei o dono e a mulher na porta. Ele chegou e deu um soco no dono da padaria. Sentei na calçada. Ele veio e bateu minha cabeça no joelho dele”, relembrou a vítima.
Adriana foi acolhida por uma moradora, colocada para dentro de uma casa e levada ao pronto-socorro de Catanduva (SP), cidade a 20 minutos de distância de Palmares Paulista.
“Eu vi a morte. Lembrava da minha mãe, dos meus filhos, não acreditava que iria sobreviver. Tinha muita gente olhando, mas ninguém fazia nada. Olhei o sangue e pensei que morreria”, desabafou a atendente.
A atendente sofreu diversos cortes e hematomas, além de uma fratura no braço esquerdo. Ela precisou ser submetida a um procedimento cirúrgico e recebeu alta no dia 13 de junho.
“Estava trabalhando. Ele entrou no meu serviço e fez isso. Não sei por quanto tempo vou ficar nessa situação. Não é justo”, contou.
G1