Polícia prendeu quatro homens, sendo dois em flagrante, durante operação em Auriflama (SP), na segunda-feira (24). Pelo menos 12 jovens foram identificadas como vítimas até esta sexta-feira (28). Investigações começaram após uma delas morrer.
Uma jovem grávida, que foi vítima da organização criminosa suspeita de explorar sexualmente mulheres e mantê-las em cárcere privado em boates no noroeste de São Paulo, contou que só podia sair do local acompanhada pelo proprietário ou pelo segurança.
A Polícia Civil identificou até esta sexta-feira (28) pelo menos 12 jovens vítimas da quadrilha investigada pelos crimes cometidos em boates em Catanduva (SP), Auriflama (SP), Pereira Barreto (SP) e Aparecida do Taboado (MS). Todas as boates são do mesmo proprietário.
Durante a operação, na segunda-feira (24), a polícia prendeu quatro homens, sendo dois em flagrante por tráfico de drogas. Após um mandado de prisão, os policiais encontraram e prenderam o gerente e o dono dos locais em Auriflama. Um homem identificado como ex-gerente de Catanduva está foragido.
A quadrilha é investigada por organização criminosa, favorecimento da prostituição, cárcere privado, estupro e homicídio.
À TV TEM, a gestante, que não vai ser identificada pela reportagem, disse que até para ir ao médico era acompanhada pelos suspeitos.
“Até quando eu ia ao banco ou resolver alguma coisa, o segurança ia comigo. Eu não poderia sair de dentro da boate se não fosse com o dono, a dona ou com o segurança, até mesmo para ir para o médico o segurança teria que ir junto”, explica.
As investigações começaram após Regina Aparecida Marques Vieira, de 19 anos, ser encontrada morta, no dia 25 de fevereiro, na boate em Auriflama. Dias antes, a delegada informou que a jovem foi espancada no recinto. O corpo dela foi enterrado em Fernandópolis. Ela está entre as vítimas que foram aliciadas para trabalhar na boate.
Regina chegou a enviar um áudio para uma amiga dizendo que estava feliz após quitar parte da dívida que tinha com o dono do local. O g1 teve acesso à mensagem de voz, na qual ela diz:
“‘Neguinha’, eu tô feliz da vida. De R$ 15 mil, eu tô devendo R$ 2.340 só agora. Rapidinho eu pago. Estou feliz da vida! Logo, logo eu ‘vô’ ‘tá’ junto”, finalizou Regina no áudio.
O caso, inicialmente tratado como suicídio, passou a ser investigado como homicídio ou indução ao suicídio. Conforme a polícia, as mulheres eram atraídas pelos criminosos com falsas promessas de trabalho.
Situação dentro da boate
Durante as apurações, a polícia identificou que as vítimas em situação de vulnerabilidade eram induzidas a trabalhar nas boates e, depois, privadas de sair de dentro dos imóveis, além de ficarem sem alimento, água e acesso a comunicação.
As vítimas também eram forçadas a consumir drogas vendidas pelos administradores das boates e contraíam dívidas. Algumas relataram à polícia que foram estupradas sob ameaças ou como forma de quitação de dívidas. G1