qui, 16 de janeiro de 2025

Governo de SP quer rodízio de estudantes no retorno presencial às aulas

gettyimages-debate-praticas-sala-de-aula

Medida permitiria distanciamento entre carteiras nas salas. Aulas foram suspensas em 23 de março por causa da pandemia do coronavírus e podem ser retomadas em julho.

O secretário estadual da Educação, Rossieli Soares, disse na tarde desta sexta-feira (24) que fará um rodízio de estudantes da rede pública no retorno às aulas presenciais nas escolas em todo o estado de São Paulo. As aulas, que estão suspensas desde 23 de março após a pandemia de coronavírus, devem ser retomadas em julho para algumas cidades e de forma gradual.

A medida será válida para alunos do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Ensino Superior. “Nós estamos trabalhando a volta em forma de rodízios em uma possível liberação que dependerá exclusivamente também da decisão do Comitê de Contingência e da Secretaria da Saúde”, afirmou.

Uma parte dos alunos terá aulas na escola enquanto outra parte continua tendo aulas remotas, a distância, para manter o distanciamento das mesas e materiais de higiene. “Um possível retorno em julho será para regiões específicas e gradual. Nós não retornaremos com todos os estudantes no mesmo dia. Então, nós teremos rodízios de estudantes, porque numa sala de aula que tem 35 estudantes para manter um metro de distância, por exemplo, não será possível trabalhar com 30 ou 35 estudantes”, argumentou Rossieli.

Os alunos da rede pública, que estão em casa devido a quarentena do coronavírus, passarão a ter aulas a distância pela televisão e por aplicativo a partir da próxima segunda-feira (27) pela TV Univesp.

Ensino Infantil

De acordo com Rossieli, a liberação dos alunos de frequentar as escolas vai começar pelo Ensino Infantil em algumas regiões após autorização do Comitê de Contingência, da Secretaria da Saúde e do município da referida unidade de ensino, já que a educação infantil é de responsabilidade dos municípios.

A liberação também deve ser de forma gradual e priorizar as crianças de mães que trabalham fora. “Quando houver determinado tipo de liberação nós poderemos começar então a liberar a educação infantil. Ai o primeiro grau o atendimento restrito às mães trabalhadoras. Então se em algum lugar lá no Plano São Paulo tiver a liberação de determinado município para, por exemplo, o comércio retomar poderá ter o atendimento, mas não todas as crianças, neste primeiro momento, para ser gradual, para as mães trabalhadoras, por exemplo, isso é fundamental”, explicou.

Rossieli ressaltou que não haverá protocolos diferenciados no Ensino Infantil porque não é possível determinar para uma criança pequena ou bebê o distanciamento necessário.

Um mês de quarentena

Epicentro da pandemia de coronavírus no Brasil, o estado de São Paulo completa nesta sexta-feira (24) um mês de quarentena com uma taxa de isolamento social abaixo da ideal. Até quinta-feira (23), foram registradas 1.345 mortes e 16.740 casos confirmados da doença em terras paulistas.

Em 24 de março, o governador João Doria (PSDB) decretou o isolamento social como medida para evitar a propagação do vírus. O comércio em geral foi obrigado a fechar, mas o funcionamento dos serviços essenciais foi mantido, como saúde, alimentação e segurança.

Apesar disso, a última atualização do índice de isolamento mostra que menos da metade da população aderiu às recomendações dos órgãos de saúde para ficar em casa e evitar sair às ruas sem necessidade. Mesmo assim, o governador já anunciou a flexibilização da quarentena a partir de 11 de maio.

Dados do Sistema de Monitoramento (Simi) do governo indicam que somente 48% das pessoas que moram no estado ficaram em quarentena na quarta-feira (22). A meta ideal estipulada pelas autoridades de saúde para conter a proliferação da Covid-19 e não sobrecarregar o sistema de saúde é de 70%.

“Ontem [quarta], a taxa de isolamento na capital e na Região Metropolitana de São Paulo, foi de 48%. Isto é grave, acendendo o sinal amarelo. Nós não podemos baixar de 50%”, afirmou Doria na quinta-feira (23).

Desde que o sistema de monitoramento inteligente começou a ser adotado, no dia 6 de abril, o estado registrou taxas de isolamento social que variavam entre 47% e 59%.

O maior índice alcançado foi de 59% nos domingos de 12 e 19 de abril. Em nenhum dia o estado chegou a atingir o percentual desejado pelo coordenador do Centro de Contingência do coronavírus, David Uip.

A quarentena imposta pelo governo paulista gerou protestos de grupos contrários ao isolamento social, que fizeram carreatas cobrando a volta do comércio. Muitas delas carregavam cartazes em apoio ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que é favorável à reabertura da economia.

Houve ainda registro de prisões de quem foi acusado de crime contra a saúde pública por pregar o fim da quarentena, causar aglomeração de pessoas e até por descumprir o isolamento social.

Isso ocorreu, por exemplo, no dia 8 de abril na capital. Dois garçons foram detidos pela Polícia Militar (PM) por descumprirem a quarentena. Eles tinham apresentado atestados médicos ao dono do restaurante onde trabalham que comprovavam que estavam com coronavírus.

A quarentena, nos moldes atuais, já foi prorrogada por duas vezes (depois de ter começado em 24 de março com término previsto para 7 de abril, ela foi prorrogada para 22 de abril e, em seguida, irá até 10 de maio). Mas na quarta-feira (21), o governo divulgou que irá flexibilizar o isolamento social. A reabertura gradual da economia está programada para ocorrer a partir de 11 de maio.

Serão priorizados setores de maior vulnerabilidade econômica como o comércio, turismo, a atividade imobiliária e a cultura, segundo a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen.

Na quinta-feira (23), o governo recomendou o uso de máscaras pela população nos 645 municípios do estado. Isso deve ocorrer quando as pessoas tiverem de ir às ruas para fazer comprar, irem à farmácia ou em algum estabelecimento essencial.

O governador, no entanto, afirmou nesse mesmo dia que pode suspender a flexibilização da quarentena nas cidades do estado que tiverem taxas de isolamento inferiores a 50%.

Para verificar se a população está cumprindo as medidas de isolamento social estabelecidas, o governo utiliza um sistema de monitoramento com ajuda de sinais de celulares que recebe a localização daqueles que residem no estado e informa sobre possíveis aglomerações.

Saúde no estado

O secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, afirmou que o estado de São Paulo deve atingir no dia 3 de maio a marca de 3 mil mortos por coronavírus.

Para tratar os pacientes com Covid-19 no estado, as prefeituras das cidades estão construindo hospitais de campanha para desafogar o número de doentes internados em hospitais maiores.

Há um aumento expressivo nas internações por Covid-19, com 7.003 suspeitos e confirmados nos hospitais de São Paulo até esta quinta-feira (23)– sendo 2.807 internados em UTI e 4.196 em enfermaria.

FONTE: Informações | g1.globo.com