Funcionários são advertidos por hospital após idoso com hemorroida ser operado da vesícula

Erro médico ocorreu no dia 11 de junho, na Santa Casa de Birigui (SP). Sindicância aberta para investigar o ocorrido no centro cirúrgico terminou nesta quarta-feira (10). Um dos funcionários foi afastado por 30 dias.

Sete funcionários foram advertidos pela Santa Casa após um idoso, de 72 anos, diagnosticado com hemorroida, ser operado erroneamente da vesícula e só descobrir ao acordar da anestesia em Birigui (SP). O erro médico ocorreu no dia 11 de junho.

O procedimento durou quase cinco horas. Quando José Aparecido Faria acordou da anestesia, percebeu que estava com um corte de aproximadamente 15 centímetros na barriga, que totalizava nove pontos.

Naquele momento, foi informado pelo enfermeiro de que teve vesícula retirada e não operou da hemorroida, como era previsto.

Segundo a Santa Casa, a sindicância aberta para investigar o ocorrido no centro cirúrgico terminou nesta quarta-feira (10), com a divulgação do resultado. Entre os funcionários, que foram advertidos por escrito, estão enfermeiros e técnicos de enfermagem, que continuam trabalhando na unidade de saúdeUm deles, contudo, foi afastado por 30 dias. Durante o período de afastamento, ele não receberá o salário.

Em relação aos médicos, sendo a cirurgiã e o anestesista, o hospital informou que, por não fazerem parte da equipe de funcionários contratados pela instituição, a sindicância será encaminhada ao o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, que deverá decidir sobre a punição.

Conforme os advogados de defesa do paciente, Fernando Guido e Tainá Doná, a Santa Casa não divulgou uma explicação para o erro médico.

Apesar disso, nos documentos preenchidos pelo próprio hospital consta que, ao invés de ser submetido à hemorroidectomia, seria feita uma colecistectomia – cirurgia para retirada da vesícula.

“Na sindicância, todos os funcionários procuraram tirar a responsabilidade e jogavam a culpa para outros, principalmente para a médica”, reforça a defesa. Diante do caso, a família, indignada, iniciou um processo na Justiça contra o hospital.

Em nota, a Santa Casa informou que os procedimentos se decorreram sob sigilo solicitado pelas partes envolvidas, conforme preceitos constitucionais e legais aplicados ao caso.

Nova rotina

O que deveria ser um procedimento que o curaria tornou-se um pesadelo com consequências físicas e emocionais para José Aparecido. Após a realização do procedimento, o idoso teve que se adaptar a uma nova rotina, com cuidados principalmente com a alimentação.

Segundo ele, a ausência da vesícula, que estava saudável, afetou diretamente a capacidade de digerir alimentos gordurosos, obrigando-o a fazer uma dieta rigorosamente controlada. “Infelizmente, de hoje em diante, vou ter que fazer diversas adaptações no meu dia a dia, a começar com a dieta, que terá que ter restrições devido à retirada da minha vesícula, que, registra-se, estava velhinha, mas estava boa”, reforçou o idoso. Além dos desafios físicos, o erro médico deixou marcas emocionais. Isso porque, apesar de o hospital oferecer outra equipe para fazer o procedimento cirúrgico adequado para a remoção da hemorroida, José confirmou que não deseja mais fazer por estar abalado.

Na fila de espera pela cirurgia há três anos, o idoso conviveu com as dores diárias, até receber a confirmação de que faria o procedimento no dia 7 de junho deste ano. Mesmo com medo, foi internado no hospital e só descobriu que foi operado da vesícula ao ver o curativo na região da barriga. “Fui fazer uma cirurgia, saí com outra, e o problema aqui continua. Confesso que, se já estava com medo antes, imagine agora”, declara José.

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