qui, 16 de janeiro de 2025

Fazenda deflagra operação contra fraude fiscal e sonegação

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Em ação conjunta, a Secretaria da Fazenda e Planejamento do Estado de São Paulo, o Grupo de Atuação Especial​ ​de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a Superintendência da Receita Federal e a Procuradoria Geral do Estado deflagraram na manhã desta​ ​quinta-feira (1°) a segunda fase da Operação Monte Cristo, visando ao combate à sonegação fiscal e lavagem de dinheiro por empresas do setor farmacêutico.​​

A investigação aponta a existência de diversas organizações criminosas voltadas para a prática desses e de outros​ ​delitos. Estima-se que o esquema desenvolvido tenha causado um prejuízo aos erários estadual e federal, nos últimos seis anos, de​ ​aproximadamente R$ 10 bilhões.

A fraude envolve grupos empresariais responsáveis não só pela distribuição de medicamentos no Estado,​ ​como também pelo comércio varejista (redes de farmácias), que se beneficiam dos esquemas.​ ​São alvos da operação cinco distribuidoras de medicamentos de grande porte, duas redes varejistas (com mais de 300​ ​lojas) e uma associação de distribuidores de âmbito nacional.

Expedidos pela 2ª Vara Criminal de São José dos Campos, foram cumpridos 88 mandados de busca e apreensão em​ ​empresas e na residência de pessoas ligadas aos esquemas em 10 cidades, localizadas na Capital e Grande São Paulo e também nas regiões​ ​de Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, Marília, Piracicaba e Campinas.

​Entre elas estão empresas de de Olímpia, Cedral, Rio Preto, Osvaldo Cruz e Presidente Prudente.

Também foram cumpridos mandados de busca e apreensão nos​ ​estados de Goiás e Minas Gerais e, a pedido dos promotores, houve o sequestro de 17 imóveis.

A operação contou com participação de 160 agentes fiscais de Renda do Estado de São Paulo, além de mais de 50​ ​promotores de Justiça, 29 auditores fiscais da Receita Federal e 16 procuradores da PGE.

A ação contou ainda com o apoio das polícias​ ​Civil e Militar. Na Grande São Paulo, a Polícia Civil empregou 53 viaturas e 104 policiais de diversas unidades da corporação, como Garra, GER e Dope, bem como um helicóptero com uma tripulação de cinco pessoas para deslocamentos rápidos. No interior, destacamentos da​ ​PM viabilizaram o cumprimento dos mandados.

Além da participação em 32 alvos da segunda fase da operação Monte Cristo, a Secretaria da Fazenda e Planejamento​ ​realizou, ainda, a fiscalização em outros 54 contribuintes distribuídos em 16 das 18 delegacias regionais tributárias do Estado e que​ ​apresentam indícios de não recolhimento da antecipação do ICMS na entrada de medicamentos no Estado.

​ENTENDA O CASO

A investigação que desencadeou a operação desta quinta-feira começou há três anos, com a deflagração da primeira fase da Monte Cristo, que tinha como alvo a rede de farmácias Farma Conde, na região do Vale do Paraíba.

Na ocasião, foram celebrados acordos de colaboração premiada com alguns dos investigados, que renderam confissões e pagamentos de débitos fiscais estaduais e federais de aproximadamente R$ 340 milhões.

Segundo os colaboradores, diversas organizações criminosas implementaram os mesmos mecanismos de fraude fiscal estruturada no segmento farmacêutico, com a aquisição de produtos de empresa sediada em Goiás, e a utilização de distribuidoras paulistas de medicamentos atacadistas interpostas, algumas de fachada, que deveriam assumir a responsabilidade de recolhimento do ICMS devido por antecipação tributária na entrada da mercadoria em território paulista, proporcionando um prejuízo bilionário aos cofres​ ​públicos.

Além de distribuidoras e redes varejistas beneficiárias, os colaboradores delataram a participação da indústria​ ​farmacêutica em outros tipos de fraudes, bem como a participação de uma associação nacional de distribuidores de medicamentos nos​ ​esquemas criminosos.