Nesta terça-feira (1º), data marca 30 anos da morte de Senna. O g1 conversou com moradores do noroeste paulista, que contaram sobre a paixão pelo ídolo do esporte e o dia mais triste para o automobilismo brasileiro.
30 anos sem Ayrton Senna. O tricampeão mundial e um dos maiores pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos morreu no dia 1º de maio de 1994, vítima de um acidente na Curva Tamburello, em Ímola, Itália. Uma data que parou o Brasil e ficou marcada para sempre naquela geração.
O g1 conversou com fãs de Senna, que relembraram nesta terça-feira (1º) a emoção de ver o piloto nas pistas e o dia mais triste para o automobilismo brasileiro.
O jornalista Raphael Ferrari Lopes, de 40 anos, comenta que Senna foi o responsável pela “rotina que tinha aos domingos”.
“Eu acordava cedo aos domingos porque meu pai também assistia e eu ficava impressionado com aquele capacete amarelo, aquelas cores do carro dele, da McLaren branca e vermelha, e aquele piloto vencendo todo mundo com aquela garra, aquela vontade. Então minha paixão começou logo aí.”
Raphael ainda lembra do encanto ao assistir a corrida que trouxe o primeiro título mundial para Ayrton, em 1988. “Eu era bem pequeno e já vi um piloto brasileiro ser campeão, ainda mais em cima do Alain Prost, que na época já era bicampeão”, lembra.
O jornalista, que hoje tem uma filha de oito anos, faz questão de contar para ela quem foi Senna e a importância do piloto para a história do país. Raphael publicou uma revista esportiva em 2014, com detalhes sobre a carreira do piloto. “Acho que ele foi um dos atletas mais patriotas que nós já tivemos. Aquele gesto que ele fazia todo o final de corrida quando ele vencia, de pegar uma bandeira do Brasil, erguer, dar uma volta no autódromo, mostrando o orgulho de ser brasileiro, o orgulho de mostrar da onde que ele veio, as suas raízes, essas são as características que eu acredito que todo o ser humano, todo brasileiro deveria ter.”
A maior saudade
O silencioso dia 1º de maio de 1994 foi angustiante também para o autônomo de 53 anos, Marcos Roberto Maciel, de São José do Rio Preto (SP). Ele acompanhava pela televisão a corrida de Ayrton Senna pelo GP de San Marino, em Ímola. “Eu recebi a notícia praticamente ao vivo porque eu estava vendo a corrida. Para mim foi um choque muito grande. Só que na hora que aconteceu o acidente, eu, no meu interior, eu tinha comigo que foi a pancada que ele deu, a batida foi tão forte que tive a certeza que ele não ia resistir. Veio mais tarde a notícia da morte. Uma perda grande e até hoje a gente sente”, diz o autônomo.
Marcos tem um álbum com fotos históricas do tricampeão mundial e guarda com carinho a miniatura da réplica de um capacete do piloto. Para ele todos os anos a data serve de reflexão.
Legado e Inspiração
O sonho de ser como Ayrton Senna falava mais alto na vida do escritor Dennis Veloso Amanthea, de 45 anos, morador de Catanduva (SP). Ele era uma criança cheia de admiração e até hoje guarda jornais, revistas e artigos da época.
Ainda na infância ganhou uma festa de aniversário com o tema da Fórmula 1. Além de pôsteres que ficavam espalhados pelo quarto do escritor e um boné.
Veloso diz que uma das principais características de Senna era transformar os obstáculos em desafios. Foi por conta disso que Ayrton ficou conhecido por vencer as corridas nos dias chuvosos.
“Certa vez, quando corria ainda nos Karts, na juventude, Senna teve um desempenho muito ruim quando competiu em um dia de chuva. Ao invés de se lamentar ou até mesmo desistir, ele fez justamente o contrário: toda vez que vinha a chuva, ele ia para as pistas de corrida para treinar em tais condições. Foi a partir desse evento aparentemente negativo que ele desenvolveu sua aptidão e dava ‘um banho’ em seus adversários quando chovia”, relembra.
Foram características como o estilo de liderança introspectiva e a humildade, que levaram o escritor a publicar um livro sobre a história de Senna. “Ayrton Senna foi único. As histórias não deveriam se resumir aos seus resultados em pista. Todo brasileiro em qualquer parte do mundo tinha orgulho dessa bandeira, que ele fazia questão de levar para todo canto. Muitos conhecem a biografia do piloto, mas ainda ninguém se debruçou sobre suas habilidades comportamentais e sua mentalidade”, conta com orgulho.