CoronaVac chega a São José do Rio Preto (SP) no mesmo dia em que a prefeitura da maior cidade da região registra 990 mortes por coronavírus. Solenidade no Centro de Convenções da Famerp marcou início da imunização no município.
A enfermeira Prisciani Renata Batista, de 34 anos, foi a primeira moradora do noroeste paulista a receber, em solo brasileiro e fora dos estudos clínicos, a dose inicial da vacina contra o coronavírus.
A vacina chegou à cidade no mesmo dia em que a prefeitura registrou 990 mortes pela Covid-19, e mais de 39 mil casos positivos.
Vacinação contra a Covid-19 começou nesta terça-feira (19) em São José do Rio Preto — Foto: Renato Pavarino/G1
A imunização foi feita durante uma solenidade no Centro de Convenções da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), na manhã desta terça-feira (19).
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o Secretário de Desenvolvimento Regional do Estado de São Paulo, Marco Vinholi, e o prefeito de Rio Preto, Edinho Araújo (MDB), acompanharam o início da aplicação da vacina.
João Doria (PSDB) ao lado das primeiras profissionais da saúde vacinadas contra o coronavírus em Rio Preto (SP) — Foto: Renato Pavarino/G1
Em entrevista ao G1, Prisciani relatou que é enfermeira do Hospital de Base há 12 anos e atua na linha de frente contra a Covid-19 desde o início da pandemia.
“A vacina é um marco muito importante, o que posso dizer é para que a população se vacine. Com a vacina vamos reduzir muito a taxa de mortalidade das pessoas que vierem a contrair a Covid, vamos diminuir o número de pessoas que vão contrair a doença. É muito importante este momento. Estou muito ansiosa, mas muito feliz por isso.”
Depois de Prisciani, a médica Maura Negrelli e a enfermeira Márcia Camilo receberam a primeira dose da vacina. No total, 15 profissionais da Fundação Faculdade Regional de Medicina de São José do Rio Preto (Funfarme), responsável por administrar o Hospital de Base (HB) e Hospital da Criança e Maternidade (HCM), foram imunizados.
De acordo com dados do “vacinômetro” divulgado pelo Governo Estadual, 4.497 pessoas foram imunizadas contra o coronavírus até as 12h02 desta terça-feira.
Maura Negrelli foi a segunda profissional da saúde vacinada contra o coronavírus em Rio Preto (SP) — Foto: Renato Pavarino/G1
Enfermeira Márcia Camilo foi a terceira a ser imunizada contra o coronavírus — Foto: Renato Pavarino/G1
Quilombolas no grupo prioritário
Durante a coletiva de imprensa realizada depois da vacinação dos profissionais da saúde, João Doria anunciou que o Governo de SP voltou a incluir os quilombolas no grupo prioritário da vacinação contra Covid-19.
O grupo não estava mais contemplado no cronograma de vacinação, pois tinha sido retirado do Plano Nacional de Imunização (PNI) pelo Ministério da Saúde.
“Fiz uma postagem agora nas redes sociais informando que contrariamente o que indica o Programa Nacional de Imunização, que exclui a população quilombola nesta primeira etapa de vacinação, uma população de altíssima vulnerabilidade, assim como os indígenas […], os quilombolas foram excluídos, mas em São Paulo, não. Determinei imediatamente a inclusão da população quilombola para ser vacinada aqui no estado de São Paulo no programa prioritário”, disse.
“Irei também ao Vale do Ribeira, onde há concentração quilombola, para acompanhar a vacinação in loco neste sábado. Aqui respeitamos todos os brasileiros. Todas as vidas importam em São Paulo.”
João Doria também falou sobre o negacionismo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), sobre o coronavírus e vacinação.
Chegada das doses
Maior município da região noroeste paulista, com quase 500 mil habitantes, Rio Preto recebeu sete mil doses da CoronaVac na noite desta segunda-feira. O caminhão saiu do Centro de Distribuição e Logística (CDL) de São Paulo e chegou ao Hospital de Base por volta das 21h40.
De acordo com o governo do estado de São Paulo, 3,5 mil profissionais de saúde que atuam na linha de frente contra a doença no Hospital de Base e Hospital da Criança e Maternidade receberão duas doses da CoronaVac na primeira fase.
Doses da CoronaVac chegaram ao Hospital de Base de Rio Preto na noite desta segunda-feira (18) — Foto: Fernando Daguano/TV TEM
As unidades foram selecionadas para a fase inicial de imunização porque são hospitais-escola regionais. Ou seja, recebem muitos pacientes com suspeita ou diagnóstico positivo de Covid-19, além de possuírem grande fluxo de funcionários expostos diariamente ao risco de contaminação.
Mais de 20 postos de vacinação
São José do Rio Preto vai contar com 29 pontos de vacinação contra a Covid-19.
O objetivo é imunizar os moradores ao longo do ano com o auxílio de 420 profissionais da área da Saúde. Durante a primeira fase da vacinação, o público será composto por idosos e trabalhadores da Saúde, de acordo com Michela Dias Barcelos, responsável pelo setor de imunização em Rio Preto.
Segundo o plano apresentado pelo município, a imunização em idosos e trabalhadores da Saúde será realizada em 26 unidades, de segunda a sábado.
Também haverá dois postos fixos exclusivos para vacinação da Covid-19, de segunda-feira a sábado, na ECO Santo Antônio e Complexo Swift.
Rio Preto também vai contar com a vacinação drive-thru, de segunda a sábado, além de postos e equipes volantes para percorrer hospitais e núcleos da Esperança.
“A campanha é desafiadora, porque será a primeira com o sistema de informação nominal, isso significa que todas as pessoas vacinadas serão identificadas dentro da base de dados do Ministério da Saúde”, diz Michela.
Começo da imunização
Enfermeira Mônica Calazans foi a primeira brasileira a receber uma dose de vacina contra a Covid-19 fora dos testes clínicos — Foto: Suamy Beydoun/Agif/Estadão Conteúdo
A vacinação no país começou neste domingo (17) no Hospital das Clínicas, após Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, por unanimidade, o uso emergencial das vacinas CoronaVac, do Instituto Butantan, e da Universidade de Oxford. A primeira dose da CoronaVac no Brasil foi aplicada já neste domingo, em uma enfermeira de São Paulo.
Segundo o governo do estado, as grades de vacinas e insumos também serão enviadas a polos regionais para redistribuição às prefeituras, com recomendação de prioridade a profissionais de saúde que atuam no combate à pandemia.
Os municípios também deverão imunizar a população indígena com apoio de equipes da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo as estratégias adequadas ao cenário local.
A divisão das grades considerou o quantitativo proporcional de vacinas esperado para São Paulo conforme o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde. O total de 1,5 milhão de doses é a referência para trabalhadores de saúde baseado na última campanha de vacinação contra a gripe.
A campanha de imunização contra a Covid-19 em São Paulo é desenvolvida seguindo a disponibilidade das remessas do órgão federal. À medida que o Ministério da Saúde viabilizar mais doses, as novas etapas do cronograma e públicos-alvo da campanha de vacinação serão divulgadas pelo Governo de São Paulo.
A enfermeira Mônica Calazans, de 54 anos, mostra seu cartão de vacinação após ser a primeira brasileira a receber a vacina CoronaVac no Hospital das Clínicas, em São Paulo, neste domingo (17) — Foto: Carla Carniel/AP
G1