qui, 16 de janeiro de 2025

Em Rio Preto, litro da gasolina chega a R$ 6,89 após aumento anunciado pela Petrobras

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Postos de Rio Preto se anteciparam ao mega-aumento anunciado pela Petrobras, que passa a valer a partir desta sexta, 11, nas distribuidoras, e já reajustaram os preços dos combustíveis na quinta, 10

Mal foi divulgada a informação de que a Petrobras iria fazer um mega-reajuste de preços nos combustíveis a partir desta sexta-feira, 11, alguns postos de Rio Preto se anteciparam e correram para alterar os valores. A notícia provocou uma corrida de consumidores aos postos em busca de aproveitar os preços mais baixos. O litro da gasolina chegou a ser encontrado por até R$ 6,899.

Após quase dois meses com os preços congelados, e em meio a pressões para não trazer a volatilidade do mercado externo para o Brasil, a Petrobras anunciou aumento da gasolina em 18,7%; do diesel, em 24,9%; e do gás de cozinha em 16%, reduzindo assim a defasagem da estatal em relação ao mercado internacional, que já beirava os 50%.

No posto do Carrefour, localizado próximo à rodovia Washington Luís, formou-se uma fila de veículos após a divulgação do aumento. Os motoristas aproveitaram para encher o tanque do carro com o litro da gasolina vendido ainda a R$ 5,969.

Na pesquisa publicada pela coluna Economize do último dia 1º, o valor do litro da gasolina oscilava entre R$ 5,539 e R$ 6,299. Assim, o preço médio era R$ 5,844. Ontem mesmo, na hora do almoço, era possível encontrar o litro do derivado de petróleo por valores como R$ 6,699 e R$ 6,899.

Considerando o valor máximo encontrado ontem, R$ 6,899, na comparação com o menor preço anterior, o aumento nas bombas chegou a 24,5% e, na comparação com o maior, foi de 9,5%. Ao comparar ao preço médio, a alta foi de 18%.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) de Rio Preto, Roberto Uehara, o aumento nas bombas, antes mesmo de os novos valores vigorarem, ocorre porque algumas distribuidoras já fizeram repasse de alta. “O mercado está oscilando muito para cima. Todo dia o barril de petróleo tem alta e como as distribuidoras receberam com algum reajuste, repassaram. Agora, a alta mais forte vai ser a partir da zera hora.”

Reajuste

A partir desta sexta-feira, 11, o preço médio de venda da gasolina da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro. “Após 57 dias, a Petrobras fará ajustes nos preços de gasolina e diesel. E, após 152 dias, a Petrobras ajustará preços de GLP”, informou a empresa em nota.

Considerando a mistura obrigatória de 27% de etanol anidro e 73% de gasolina A para a composição da gasolina comercializada nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 2,37, em média, para R$ 2,81 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,44 por litro.

Para o diesel, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passará de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro. Considerando a mistura obrigatória de 10% de biodiesel e 90% de diesel A para a composição do diesel comercializado nos postos, a parcela da Petrobras no preço ao consumidor passará de R$ 3,25, em média, para R$ 4,06 a cada litro vendido na bomba. Uma variação de R$ 0,81 por litro.

Para o GLP, a partir da sexta, o preço médio de venda para as distribuidoras, passará de R$ 3,86 para R$ 4,48 por kg, equivalente a R$ 58,21 por 13 quilos, refletindo reajuste médio de R$ 0,62 por quilo.

“Esse movimento da Petrobras vai no mesmo sentido de outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda”, disse a empresa em nota, referindo-se aos aumentos promovidos este ano pela Acelen, controladora da refinaria de Mataripe, na Bahia, única refinaria vendida pela Petrobras até o momento, e que estão 27% acima do preço da estatal.

A Petrobras informou ainda, que apesar da disparada dos preços do petróleo e seus derivados em todo o mundo, nas últimas semanas, como decorrência da guerra entre Rússia e Ucrânia, decidiu não repassar a volatilidade do mercado de imediato, realizando um monitoramento diário dos preços de petróleo.

“Após serem observados preços em patamares consistentemente elevados, tornou-se necessário que a Petrobras promova ajustes nos seus preços de venda às distribuidoras para que o mercado brasileiro continue sendo suprido, sem riscos de desabastecimento”, explicou a companhia. (Com Agência Estado e colaboração de Rone Carvalho)

Etanol também sobe

Não apenas a gasolina sofre com as altas. O valor do etanol também fica maior. Isso porque ocorre o efeito substituição, em primeira instância, ou seja, com a gasolina ainda mais cara, o consumidor opta pelo etanol. “O aumento na procura pelo etanol impacta também no preço”, afirma o economista Ary Ramos da Silva Júnior.

Ontem, o litro do etanol já era encontrado por até R$ 4,149. Na última pesquisa Economize, de 1º de março, variava de R$ 3,739 a R$ 4,279, o que representa um preço médio de R$ 4,009.

Além dessa questão do maior consumo, a gasolina faz parte da composição do etanol na ordem de 27%, o que também impacta no custo. Entra ainda na conta o fato de o etanol ser transportado das usinas para as distribuidoras via rodovia, ou seja, em caminhões abastecidos por óleo diesel, que também vai ficar mais caro.

O especialista explica que o reajuste no preço dos combustíveis chega ao País por conta da variação do preço do barril do petróleo no mercado internacional. “Está uma bagunça muito grande. Ninguém tem informação. Além do alto preço do barril no mercado internacional, o governo deu sinalização que deve mudar a base da matriz tarifária de preços dos combustíveis”.

Para Silva Júnior, a expectativa é de que os preços aumentem pela pressão dos preços no mercado internacional. Ele afirma que, caso o consumidor tenha condição, encha o tanque. “Vivemos um momento muito instável. Além da guerra, temos a pressão pré-eleitoral”. (RL e LM)

Senado aprova projeto

O Senado aprovou o projeto que cria uma conta de estabilização dos preços dos combustíveis no País, incluindo um auxílio para motoristas de baixa renda e a ampliação do vale-gás pago a famílias carentes. O texto ainda terá que passar pelo crivo da Câmara dos Deputados.

O Senado também aprovou no mesmo projeto a criação de um auxílio-gasolina de R$ 300 a motoristas de baixa renda. O custo é de R$ 3 bilhões e beneficiaria motoristas autônomos, taxistas e motociclistas de aplicativo com renda familiar mensal de até três salários mínimos. O benefício, porém, esbarra na lei eleitoral, que proíbe a criação de novos subsídios em ano de eleições.

De última hora, o relator do projeto, Jean Paul Prates (PT-RN), incluiu um dispositivo que força a Petrobras a usar os lucros arrecadados em 2022 na amenização dos preços administrados pela própria estatal. Dessa forma, os senadores cobram que a petrolífera também ofereça uma “parcela de contribuição” na crise.

Denúncia

Diante das notícias de que alguns postos de combustíveis estavam aumentando os preços nesta quinta-feira, o Procon de São Paulo orienta os consumidores a denunciarem a prática. “Os consumidores que se depararem com a situação devem fazer sua denúncia no site do Procon-SP, anexando fotos dos preços da bomba”, afirma o diretor executivo do Procon-SP, Fernando Capez. (AE)

Liza Mirella e Rodrigo Lima – diarioweb.com.br